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Pedro Antunes

Decepção de Nego Di: BBB 21 não tem discípulos de Manu Gavassi no Instagram

Fiuk até tentou, mas não teve um comportamento parecido com Manu Gavassi no BBB - Reprodução/Instagram
Fiuk até tentou, mas não teve um comportamento parecido com Manu Gavassi no BBB Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

17/02/2021 15h30

Com base no que foi visto no BBB 20, é fácil entender a decepção de Nego Di quando descobriu que ganhou "apenas" 200 mil novos seguidores depois de algumas semanas no BBB 21.

O fenômeno que transformou Manu Gavassi em hit em 2020 deu a entender que estar no BBB era garantia de uma avalanche de seguidores no Instagram.

Mas as coisas não são assim. É aquela história que a gente ouve muito: "as pessoas enxergam o meu sucesso, mas não percebem o quanto eu trabalhei para chegar até aqui".

O caso de Manu Gavassi segue essa lógica.

Desde que foi anunciada como participante do BBB 20, a artista passou a publicar uma tonelada de novos vídeos e conteúdos deixados pré-gravados no Instagram.

Eram vídeos para todos os dias, como um diário de bordo no qual ela imaginava como estaria no histórico BBB 20. Foi genial, rendeu milhões de novos seguidores, quebrou alguns recordes e tudo mais.

Na época, Manu entendeu que uma rede social como o Instagram deveria ser um espaço para novos conteúdos, não para reposts e pedidos de votos. Precisava entregar mais que isso.

Essa estratégia bem montada no Instagram permitiu à Manu entrar no game no ano passado com o pé no freio, bem na maciota.

Ela passou as primeiras semanas lendo as novas dinâmicas sociais do jogo sem precisar se expor e com a segurança de ter criado conteúdo suficientemente bom nas redes para garantir a retenção do público que já tinha e ganhar novos seguidores.

Não precisou fazer picuinha ou entrar em tretas e discussões desnecessárias no início do jogo para garantir espaço na TV.

A força dos excluídos

O caso de Manu foi completamente bem pensado e orquestrado. Dentro e fora da casa.

E ela foi a primeira participante a apresentar uma alternativa de sucesso midiático que vai além de se tornar queridinho do público aqui fora, geralmente por ser excluído pela maioria dos confinados. Ela fez, com essa ação conjunta de bombardear as redes com conteúdos realmente interessantes e uma atitude pouco expansiva na casa nas primeiras semanas, um case revolucionário - e com uma chance enorme de dar certo.

A receita estava entregue para os participantes do BBB 21, mas, curiosamente, isso não se repetiu em nenhum caso do reality.

Pelo contrário, os "sucessos" de Instagram desta edição seguem o padrão dos queridinhos do público. O participante não tem uma conta na rede social que é lá essas coisas, mas acabou se tornando favorito da turma daqui de fora e, com isso, reuniu milhões de seguidores.

É uma estratégia arriscada, se você pensar friamente, porque ninguém lá dentro sabe exatamente como é visto pela galera do lado de fora. Se você, participante, não for capaz de criar a sua própria narrativa, talvez alguém crie uma para você, e tudo pode dar terrivelmente errado.

O maior fenômeno da edição é Juliette Freire, a queridinha do público, com seus atualmente 8,6 milhões de seguidores.

A personalidade da "advogada & maquiadora" (como está escrito no perfil dela) e a jornada no BBB 21 garantiu esse crescimento assombroso. Seguir Juliette é um atestado de que se está ao lado dela diante de tantas injustiças vividas por ela dentro da casa.

O mesmo aconteceu com os excluídos do BBB 21, o outrora chamado G4 (formado ainda por Lucas Penteado, que deixou o reality, Gilberto e Sarah). Outros favoritos e outrora anônimos como Gilberto Nogueira, o Gil do Vigor e Sarah Andrade, ostentam espetaculares 5,1 milhões e 5,9 milhões de seguidores atualmente.

Repito: esses são perfis que superar qualquer expectativa com relação aos números de seguidores, mas por outros motivos que não uma estratégia bem pensada nas redes sociais, que é o foco deste texto.

Afinal, a decepção de Nego Di é justa?

Escrevi acima sobre "controlar a própria narrativa", que é uma forma de tentar mostrar como você quer ser visto para as pessoas, sem precisar torcer para virar o mocinho/mocinha na edição do BBB.

Talvez ninguém do BBB 21 tivesse talento/capacidade/saco para fazer o que Manu fez no ano passado - o que, de certa forma, é compreensível, já que a própria artista contou, em entrevistas, que foi um processo exaustivo.

Portanto, testemunhar a decepção de Nego Di ao perceber que ganhou "só" 200 mil novos seguidores depois de algumas semanas de reality é: 1) divertido por natureza; e, principalmente, 2) incompreensível.

O que o comediante (e os gerenciadores das redes sociais dele) fizeram para engordar o número, de fato? Que tipo de engajamento novo foi proposto ali, além do que era mostrado nas câmeras do reality?

Dilson deixou alguns vídeos gravados, claro, nada muito genial ali. Depois do que fez Manu, preparar vídeos com reações a acontecimentos genéricos da competição era o mínimo que se espera, principalmente, da turma de artistas convidados para o reality.

Vejamos também a conta do Fiuk. Músico e ator - ou seja, com o mesmo perfil profissional de Manu Gavassi -, ele tem uma conta de Instagram que vibra na mesma frequência que os batimentos cardíacos mostrados pela Globo na piadinha ontem, durante o paredão.

Vamos fazer um teste. Pense neste texto como um feed de Instagram. Você vai rolando, rolando e rolando a tela até que dá de cara com a imagem abaixo, do drifeito favorito do Brasil, com a seguinte legenda: "Fiuk cozinheiro passando pela sua leitura".

Imagine isso no Instagram? Zero emoção, não é mesmo? Além da beleza física do rapaz, como uma postagem dessas pode atrair mais seguidores, compartilhamento, comentários, etc?

Instagram, o apagador de incêndios

Para piorar a vida dos social medias contratados pela turma do BBB 21, uma profissão que deveria ganhar adicional por insalubridade neste ano, as redes sociais ganharam um novo papel aqui: o de apagador dos incêndios causados pelos participantes no confinamento.

A cada escorregada de alguém de Curicica o respectivo perfil de Instagram é obrigado a dar aquela relativizada, explicar que tal personagem não tem "completo" conhecimento do que rola por lá, etc. E como vimos tombos nesse BBB 21, não é?

Vejamos o caso de Karol Conká, cuja conta de Instagram atualmente tem menos seguidores hoje do que quando a rapper entrou no reality, como tem sido alardeado por aí. A média tem sido de uma postagem por dia no feed.

É pouco, não acha? Principalmente se a ideia for a de diminuir o estrago das ações dela dentro da casa e criar empatia com o pessoal do lado de cá.

Acima, um dos posts mais recentes no perfil da Karol Conká no momento em que este texto foi publicado.

Mais um desses perfis que se tornou apagador de incêndio, a página do Projota se mostra razoavelmente interessante. O rapper ainda aparece por lá em vídeos com piadas - em uma bem sem graça, por exemplo, ele diz ter deixado de ir à academia "só por hoje" -, além de improvisos, poemas declamados e tal.

Infelizmente, no caso do rapper, tudo soa fora de contexto. Ninguém, nem ele, poderia imaginar como a imagem estaria depois de poucas semanas de BBB 21.

E agora, instagrammers?

Entrar no Big Brother Brasil é, sim, sinônimo de um caminhão de novos seguidores no Instagram. Ganhar 200 mil seguidores no dia a dia não é fácil, ouviu, Nego Di?

Para qualquer artista, um bom número de seguidores nesta rede social, especificamente, é importante. No caso de um artista que se propõe a participar do BBB, esse boom é um dos maiores motivos para topar essa exposição toda.

O BBB 21 ensina, aliado ao "case de Manu Gavassi", do ano [assado, é que não basta confiar que a exposição na TV fará milagres para sua vida virtual.

É preciso propor mais o jogo para garantir que você decida como será visto pelo público, sem depender do tempo de tela ou da forma como a edição do programa tratará a sua imagem.

Enquanto a casa de BBB 21 pega fogo, com reviravoltas, novas alianças, brigas e tudo mais, os perfis de Instagram se mostram tímidos, sem criatividade.

É um imenso marasmo criativo de contas que, até aqui, atuam como um receptáculo do que foi postado em outros lugares. Dificilmente você verá um conteúdo que valha a pena o follow e seja novo, original, um meme, uma gracinha que viralize ou faça a conta crescer além da curva.

É, de fato, uma decepção acompanhar as publicações de Carla Dias, Camilla de Lucas e o restante da turma que continua no jogo.

É muito "ei, me nota" e pouco "olha aqui um conteúdo massa".

E, por vezes, ainda levemos uns sustos ao ver o perfil de algum participante ainda confinado interagindo com outro nas redes sociais - o que, para mim, é bastante bizarro.

Manu Gavassi não encontrou discípulos na edição de 2021, definitivamente.