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Pedro Antunes

Eba! No Limite com ex-BBBs e Marcos Mion é puro suco de reality brasileiro

Zeca Camargo foi apresentador do reality "No Limite" - Divulgação/TV Globo
Zeca Camargo foi apresentador do reality 'No Limite' Imagem: Divulgação/TV Globo

Colunista do UOL

26/02/2021 11h26

Dia desses (possivelmente em janeiro, embora não possa afirmar com certeza porque esse 2021 se tornou uma bagunça temporal), peguei-me procurando no YouTube por algum ou outro episódio antigo de "No Limite" para assistir.

Era uma diversão para preencher um vazio de entretenimento esquizofrênico na ausência de BBB, enquanto a edição deste ano ainda não estreava.

Encontrei na web algumas gravações caseiras toscas registradas da estreia do reality show de sobrevivência apresentada pelo grande Zeca Camargo. A qualidade dos registros, somada à dinâmica da edição da TV na época, logo me fizeram cansar da empreitada, confesso.

Não vou fazer uma monografia gigante de como reality shows como BBB e A Fazenda meio que reproduzem a nossa sociedade, no melhor e no pior que há nela. O que Karol Conká fez no BBB 21, por exemplo, se equivale ao que foi feito com ela pela turma do ódio do Twitter, por exemplo. Em ambos os casos, faltou empatia, civilidade, etc, etc, etc.

Portanto, sim, reality shows são um espelho meio bizarro, às vezes, exagerado da nossa sociedade.

Como No Limite se encaixaria então no Brasil de 2021? Oras, precisa de muita explicação? Pessoas comuns sendo submetidas às mais adversas situações, com desafios diários bizarros e uma convivência com o resto das pessoas cada vez mais ardilosa.

Se essa não é sido a sua rotina em meio à tamanha crise política, os absurdos desvairados do cada vez mais militarizado governo Bolsonaro e à pandemia feroz da covid-19, você realmente vive numa ótima bolha.

Mas esse não é um texto sobre as agruras da vida moderna, e também não necessariamente para avaliar as pequenas alegrias, talvez sádicas, de testemunhar até onde as pessoas podem ir por dinheiro e seguidores no Instagram.

É um texto sobre entretenimento, puro e simples.

Porque, no fim as contas, por mais que teses de mestrado tenham sido escritas em torno de programas de realidade como BBB, a gente assiste a eles porque se entretém - alguns lêem Kafka, outros assistem reality show, qual é o problema?

O novo No Limite, com ex-participantes do BBB e com a possível apresentação de Marcos Mion (como adiantou o colunista Fefito), depois de um ótimo trabalho como âncora de A Fazenda, é a soma dos melhores frutos dos 21 anos de reality shows brasileiros.

No Limite é um programa cuja fórmula não se esgotou - a existência e popularidade de outras atrações similares até hoje, como o ótimo "Largados e Pelados", da Discovery, é uma prova disso. Imagine como a turma do Twitter ficaria ao ver, pela primeira vez, o desafio do olho de cabra? Trending topics com memes holários, na certa.

Participar do BBB só vale a pena porque, ao deixar a casa, você se torna automaticamente um ex-BBB. Com um bom jogo dentro da casa e, principalmente, um uso inteligente das redes sociais depois, faz com que o ex-BBB tenha uma renda fixa ótima por tempo ainda ilimitado. Muita gente entra na disputa não para vencer o prêmio final, mas para se tornar um ex-BBB.

São eles, afinal, que também abastecem sites e páginas de redes sociais dedicados às celebridades e subcelebridades. Imagine vê-los, novamente na tela da Globo, em situações exageradas, esdrúxulas e extraordinárias? Incrível, certo?

Por fim, essa seria a chance de Mion na TV Globo, a maior emissora do País, em um ambiente com o qual ele está completamente acostumado.

Absurdos televisivos não são uma novidade na carreira do apresentador que despontou justamente em programas surreais na antiga MTV e conduziu, brilhantemente, as insanidades de A Fazenda nos últimos anos.

O novo No Limite é o suco do melhor do entretenimento da TV aberta brasileira batido com leite para beber antes de dormir - isso não tornará quem assiste mais ou menos politizado, um alienado ou a patrulha intelectualoide pode vir a dizer.