Como Muse, emo e rock dinamarquês ajudou na investigação do Caso Evandro?
Sem tempo?
- O caso do assassinato do menino Evandro, no litoral do Paraná, chocou o Brasil no início dos anos 90.
- E a história voltou a chocar todo mundo com a investigação transformada em podcast feita Ivan Mizanzuk.
- Pois a quarta temporada do Projeto Humanos, dedicada ao famoso O Caso Evandro, cresceu. Foram 9 milhões de downloads até hoje.
- E foi adaptada para uma série, disponível na Globoplay, e para um livro que deve sair ainda em junho.
- Responsável por toda esta investigação, Ivan conta quais foram as músicas que embalaram todo o processo, ao longo de 5 anos.
- E, a seguir, descubra como Pink Floyd, rock dinamarquês e Muse ajudaram a criar uma das melhores e mais inovadoras narrativas da atualidade.
Na madrugada, enquanto escrevia e vasculhava os documentos sobre o caso do brutal assassinato do menino Evandro Caetano, ocorrido em Guaratuba em 1992, Ivan Mizanzuk colocava Muse para tocar.
Algo na guitarra absolutamente imponente de Matthew Bellamy dava o que Ivan chamava de "o empurrão necessário".
Era assim que despertava o professor, escritor, pesquisador, jornalista e produtor de podcasts.
Ivan Mizanzuk é o cara responsável pelo podcast Projeto Humanos. Se você não conhece o projeto por este nome (talvez não seja uma pessoa de podcasts, afinal), o reconhecerá pelo título da quarta e bem-sucedida temporada: O Caso Evandro.
Foram três anos desde que Ivan começou a apurar o caso de Evandro até que o podcast começasse a ser lançado, em 2018. Sucesso absoluto (com 9 milhões de downloads), a história foi adaptada para uma série documental, pela produtora Glaz e disponível no Globoplay (assim como o podcast também está disponível na plataforma da Globo e em outras distribuidoras de podcasts).
Aliás, recomendo ambos, podcast e série (que ainda não terminou de ser exibida e terá sete episódios e um último extra).
O Caso Evandro também foi transformado em livro com lançamento previsto para junho, editado pela Harpers Collins, e de autoria do próprio Mizanzuk.
Mas, aqui, quero falar da trilha sonora que embalou o trabalho de Ivan para criar uma das melhores e mais inovadoras narrativas da atualidade em torno da investigação do caso do menino que assustou famílias brasileiras naquele início de anos 1990.
É adorável saber quais músicas acompanham cada criador em sua jornada. No caso de Mizanzuk, além da obsessão por Muse, ele também mergulhou em universos sonoros de Pink Floyd, no tom macabro do Avenged Sevenfold e na introspecção de Hozier.
O que a coluna traz abaixo (com exclusividade, porque sou chique) são as músicas que conduziram a criação de O Caso Evandro.
É como se Mizanzuk abrisse um buraco no espaço-tempo e nos colocasse para vivenciar as noites de investigação da história ao contar como cada música fez parte do trabalho.
O som do Avenged Sevenvold acompanhou, por exemplo, um período particularmente sombrio do podcast, quando Ivan encontrou novas fitas do caso (como relatado no episódio 25).
O autor divertidamente também confessa ter ouvido música emo na adolescência e que, hoje adulto, também ainda se emociona com um ou outro sucesso desse novo punk pop.
"Tive algumas playlists que me acompanhavam - cada uma com um significado especial, que marcou algum momento importante nos cinco anos de pesquisa e produção".
A seguir, a irresistível (e surpreendente) playlist que acompanhou O Caso Evandro, segundo Mizanzuk:
'Supermassive Blackhole', Muse:
"Perfeita para começar os trabalhos da madrugada. Parece que dá o empurrão necessário para entrar em qualquer coisa que exige muito esforço. Essa aqui é só pra representar uma realidade mais profunda: a verdade é que eu ouvia a discografia inteira do Muse repetidamente (meu disco predileto é o "The 2nd Law")."
'Side 1, Pt.1: Things Left Unsaid', de Pink Floyd:
"A música de abertura do disco "The Endless River" (2014), o último álbum de inéditas da minha banda predileta. Por ser quase inteiro composto por músicas instrumentais (com exceção da última), esse disco é um constante companheiro nas minhas longas noites de escrita. Muito bom para momentos de concentração."
'Next To Me', de Imagine Dragons:
"Essa era uma banda que eu nunca dei muita atenção, e confesso que sempre tive preconceito. Um dia o algoritmo do YouTube me colocou um show inteiro deles (Loveloud Festival 2018) e fiquei encantando. "Next To Me" tornou-se minha música predileta quando vi o belíssimo clipe que produziram em formato de curta-metragem. Tendo em vista que sempre lido com temas pesados, foi ótimo encontrar uma banda que luta por causas sociais importantes com tanta positividade."
'For Evigt', de Volbeat:
"No final de 2016 eu fiz algumas viagens para Guaratuba, para gravar algumas das entrevistas que os ouvintes conheceram no podcast. Antes de pegar estrada, pedi para o Spotify gravar uma playlist de músicas que ele achava que eu gostaria. O som dessa banda dinamarquesa que canta em inglês grudou em mim. Ouvi no repeat durante vários dos passeios que fiz no litoral do Paraná."
'Popular Monster', de Falling in Reverse:
"Eu não passei incólume pela fase emo nos anos 2000. Tive banda e tudo mais. Por algum motivo, FiR me passou batido. Numa dessas madrugadas em que eu fiquei ouvindo meus emos antigos na internet, essa música tocou. Antes de virar uma companheira de trabalho, a discografia da banda (especialmente após 2017) virou quase uma inimiga. Eu passava pelo menos uma hora por dia vendo os clipes e impressionado com a visão artística do vocalista Ronnie Radke."
'Rome Falls', de Panicland:
"Início de pandemia, ainda era possível se enganar que aquilo era passageiro. Fiquei sabendo que três garotos do Canadá criaram um álbum falso do Green Day e viralizaram. No fim, o disco deles é muito melhor do que o disco que o GD acabou lançando, e eu ouvi essa música no repeat enquanto lia milhares de páginas de processo."
'Forget me Too', de Machine Gun Kelly ft. Halsey:
"Eu estava na metade da revisão do livro sobre o Caso Evandro quando fiquei sabendo que nos EUA estava rolando um lance de rappers tocarem hardcore, pop punk, chame do que quiser. Foi nessa que conheci os trabalhos de MOD SUN, YUNGBLUD e Machine Gun Kelly, cujo filme musical "Downfalls High" virou um vício pessoal no início de 2021."
'Bones', de MOD SUN:
"Mesma explicação da anterior (inclusive no mesmo período), mas eu não podia deixar de colocar esse chiclete na lista."
'Arsonist's Lullabye', de Hozier:
"Uma das músicas mais lindas do Hozier, e estranhamente não tão conhecida. Ouvi ela bastante na época em que ia com frequência na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba para conferir alguns autos de processo."
'A Little Piece of Heaven', Avenged Sevenfold:
"Por algum motivo que me escapa, ouvi muito essa música na época que estava conseguindo as fitas novas do caso Evandro que apareceram no episódio 25 do podcast (entendedores entenderão). A letra é macabra, mas a parte lentinha é gostosa demais."
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