Thiaguinho tem tudo para ser o Jay-Z brasileiro
A reportagem da Forbes sobre o lado empresário de Thiaguinho chamou a atenção de gente que questionou de onde vinha esse dinheiro todo (R$ 2 bilhões no ano).
Oras, seria ingenuidade seguir pensando que artista só trabalha quando sobe ao palco.
Quer dizer, isso já aconteceu, de fato, principalmente nos anos 60 e 70, quando artistas eram reféns de gravadoras e empresários que, muitas vezes, pagavam as contas davam uma mesada para o músico.
Não é só Thiaguinho que tem essa grana toda. Acontece que, na etiqueta brasileira, não pega é bom dizer que você tem dinheiro sobrando na conta. Claro, existem fatores importantes a serem levados em conta para esta construção social, como desigualdade e privilégios. O caso é que ninguém enche a boca para falar que pagou mais do que deveria em uma camiseta, mas adora alardear que encontrou "essa blusinha por 20 reais na Renner, não é linda?"
Ainda assim, o questionamento da fortuna de Thiaguinho gira em torno de como ele conseguiu R$ 2 bilhões em um ano de pandemia, sem shows. Sem turnê, ele está mais livre para os negócios.
Thiaguinho mostrou ser criativo em diferentes momentos. Empreendedor, realmente, desde os tempos de "Fama" - quando despontou em um reality show musical na época em que a gente ainda ligava para reality shows musicais -, ao assumir o posto de vocalista do Exaltasamba e na saída para carreira solo.
O projeto todo do "Tardezinha" era um espetáculo. Palco 360º, com sete pot-pourris de clássicos do pagode 90. Tudo faz sentido e colocou Thiaguinho no topo do gênero.
Mas ele sempre pensou no além-música. Não por acaso criou a empresa Paz & Bem antes mesmo do fim do Exaltasamba. Em 2016, ela já geria a carreira artística dele.
"Eu era muito novo na época do grupo [Exaltasamba], não tinha o conhecimento de tudo o que acontecia no mercado da música e até hoje busco conhecimento, porque é um universo muito amplo. [Cuidar da própria carreira] foi uma ótima oportunidade para crescer enquanto artista em todos os sentidos. Não só musicalmente, mas também como gestor -- e entender tudo o que envolve uma carreira"
Disse Thiaguinho à Forbes.
Em abril de 2021, ele rompeu com a gravadora Som Livre para ser dono da própria gravadora.
Thiaguinho não se foca só na música. A publicidade é responsável por boa parte destes R$ 2 bilhões, como explicou a reportagem. Durante a pandemia, foram firmadas parcerias com Reebok, XP Investimentos, Red Bull, Colgate, Nivea Men.
A paralisação dos shows devido à pandemia, diz ele à revista, não causou demissões entre os mais de 200 funcionários da "Paz & Bem". O que, por si só, já mostra um controle de caixa e entendimento de mercado que poucos têm.
A revista também revelou que Thiaguinho está se aproximando do setor de bebidas alcoólicas ao assumir a função de head de comunicação e marketing do gim capixaba DryCat, depois de ouvir conselhos de que deveria deixar de ser só o garoto-propaganda das marcas e passar a atuar dentro deste business. (Escrevendo em inglês para se chique)
E faz sentido. É um modelo usado por grandes artistas dos Estados Unidos, inclusive. A vodca Ciroc tem, entre os donos, o P. Diddy, três vezes vencedor do Grammy.
Já o multi-premiado Jay-Z é dono de uma marca de champanhe caríssima (com garrafas que custam até R$ 8 mil), está envolvido no Tidal (plataforma de streaming que paga melhor os músicos e é ótimo, eu garanto) e outros projetos que variam de temática, do esporte à indústria da maconha.
Vez ou outra, ainda por cima, Jay-Z ainda lança uns discos ou faz uns feats. Sem desespero para pagar as contas ou álbuns caça-níqueis, Jay-Z se agiganta a cada ano.
Com paciência, Thiaguinho tem potencial para se manter gigante nos palcos e levar isso para fora, também.
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