De BTS a Xand Avião, Coldplay é os Beatles do século 21. Mas calma, ok?
No início deste século, o cool era ser "sad".
Clipes gravados em preto e branco davam tons melancólicos para canções. Se a produção do vídeo tivesse grana para fazer chover no protagonista, melhor ainda.
Toda uma geração de bandas tristes nasceu a partir do chororô de Chris Martin, vocalista do Coldplay, nos álbuns "Parachutes" (2000) e "A Rush of Blood to the Head" (2002).
Minha irmã, na adolescência, ouvia os CDs por horas trancada no quarto, sofrendo por algum namoradinho. "Yellow", "Shiver", "In My Place" e "The Scientist", pérolas da sofrência indie, eram as preferidas.
Essa primeira fase do grupo, que moldou o caráter de tonelada de gente e se proliferou em bandas adoráveis como Keane e Snow Patrol, deu sinais de que estava por terminar no álbum seguinte da banda, "X&Y", por conta das baladas grandiosas já preparadas para estádios.
E foi encerrada, oficialmente, com "Viva la Vida or Death and All His Friends" (2008), e com a música "Viva La Vida", toda fundamentada sobre uma base de violinos e uma mensagem ultra positiva.
Tal qual Beatles - cujas músicas do início da carreira, festivas e mais simples, se transformaram em um material pomposo e cheio de invenções do final da banda -, o Coldplay não lembra em nada o grupo surgido algum tempo atrás.
Diferentemente do quarteto de Liverpool, cuja carreira mal chegou no final dos anos 60, contudo, Chris Martin, Jonny Buckland (guitarra), Guy Berryman (baixo) e Will Champion (bateria) seguiram. E seguiram mais um pouco depois disso.
Cá estamos, mais de 20 anos após as músicas melancólicas do Coldplay serem ouvidas por adolescentes com jovens corações quebrados, com um novo single da banda inglesa.
E o som, meus amigos, é um pop de balada, com sintetizadores agigantados, com a participação do maior fenômeno da música recente, o grupo de K-pop BTS.
A estética preto e branco ficou para trás há tempos. Agora, o Coldplay é ultra colorido, como se todos os sentimentos fossem pintados de frutacor.
"My Universe", que fará parte do álbum "Music of the Spheres" (a ser lançado em 15 de outubro) é refrescante e apaixonada, criada para estádios lotados - quando pudermos lotar estádios para assistir shows de novo.
A participação do BTS é certeira, também.
A influência do Coldplay, atualmente, é tão grande que, no mesmo dia que da início ao plano de dominação do pop mundial com "My Universe", as "good vibes" do grupo reverberam por aqui, também.
E é Xand Avião, o nosso comandante do forró, que lançou nesta sexta (24) um álbum com o nome de? "Viva La Vida" - sim, a música que marcou a virada na carreira de Coldplay.
Com sofrências gostosinhas (como a divertida "Superação Social" e "É de Mim Que Você Gosta"), Xand Avião contou à excelente repórter Renata Nogueira, aqui do Splash, que a inspiração foi direta. Leia a entrevista completa aqui.
"'Viva La Vida' é uma expressão que eu já uso há muitos anos. Estava fazendo uma viagem com a minha esposa para fora do Brasil logo quando o Coldplay lançou [em 2008]. Ouvi a música, achei aquela melodia maravilhosa, e vi que a letra fala do bem. Hoje uso sempre a hashtag nas minhas redes"
Xand Avião, ao Splash
Um oceano distancía Coldplay e Xand Avião, as estéticas sonoras de ambos também têm raízes completamente diferentes, mas a mensagem é o que importa.
Coldplay está em tudo: de BTS a Xand Avião, do K-pop ao nosso forró eletrônico.
Estamos diante de uma banda pop em constante transformação, com influência tão globalizada que pode ser chamada de "Beatles do século 21"?
Literalmente, é claro que não. Dã!
Mas me aponte uma banda atual que mantém uma evolução sonora constante e seja capaz de aumentar o seu alcance exponencialmente a cada lançamento de álbum? Além do Coldplay, eu desconheço.
E não estou falando de genialidade musical, importância histórica, blá-blá-blá-blá.
Assim como Beatles, Coldplay não a mesma banda do início de carreira, não se acomoda com sucesso e, principalmente, extrapolou os limites de gêneros musicais - aí estão Xand Avião ou BTS para provar que não há limite para o Coldplay, assim como estes não existiam para o alcance dos Beatles na época.
Desde 2000, nenhum grupo se aproximou tanto das características da jornada dos Beatles quanto o Coldplay.
E, cá entre nós, se no início do século, era "cool" ser "sad", em ano como 2021, no qual pessoas mudam as certidões de óbito até da mãe para negar o motivo da morte por Covid, qualquer música que traga esperança soa como um abraço.
Nunca pensei que iria escrever isso, mas, sim, estou precisando das "good vibes" do Coldplay.
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