De repente, 30. Taylor Swift refaz o disco Red como uma sessão de terapia
Taylor Swift tinha 23 anos, tinha o mundo do country-pop aos seus pés e um coração em pedacinhos.
Na época, com o disco "Red", ela reluzia.
Deixava ser a "country darling" para ser consagrada como artista pop completa, em uma metamorfose completada no disco seguinte, o potente "1989" (2014), vencedor do Grammy de álbum do ano.
Mas "Red" também nasceu no auge do pior da indústria das celebridades, das fofocas, de quem beijou quem, etc. Quem ela namorava ou deixava de namorar era esmiuçado pela mídia, fãs, etc. E Taylor era uma artista à flor da pele demais para seu próprio bem.
Neste álbum, Taylor gritava suas angústias com a intensidade esperada de alguém tão novo.
Justíssimo. Com 20 e poucos anos, toda dor de amor é dilacerante. Você tem a certeza que não amará de novo e que os cacos do coração jamais se colarão novamente.
Com essa idade, tudo é muito novo. Cada angústia amorosa, cada espera, cada "adeus". E muito intenso também.
Se você não teve o coração despedaçado até os 23, algo está errado. Com "Red", Taylor era honestamente intensa consigo mesma e com aquilo que sentia. O mundo parecia que acabaria e ela cantava isso com toda a força que tinha.
Mas o mundo não acabou, não é? Quase acabou, mas ainda não.
Neste meio tempo, em nove anos, Taylor só cresceu artisticamente. Exalou maturidade e potência nos discos irmãos "Folklore" e "Evermore, ambos do ano passado.
E brigou "artisticamente", também, neste imbróglio jurídico de regravar seus álbuns para ter controle completo de suas músicas.
Por isso, é interessante o movimento dela de recriar seus próprios álbuns com a sua versão de hoje.
"Fearless", de 2008, ganhou a tal "Taylor's Version" neste ano. E foi para o topo das paradas.
O mesmo deve acontecer com "Red", recriado e laçado nesta sexta-feira (12 de novembro).
"Red (Taylor's Version)", contudo, é mais do que só um disco regravado. É, sobretudo, um experimento de saborear dores do passado com a vivência pós-30.
A voz "adulta", digamos assim, de Taylor, a recontar as desventuras amorosas em série, ressignifica e amplia a potência de músicas então juvenis, como "I Knew You Were Trouble" e " "We Are Never Ever Getting Back Together", e dá nova magia às outras composições daquela safra, como "I Almost Do" e "Sad Beautiful Tragic".
Fica ainda melhor porque são 30 músicas neste lançamento. Além de regravar as versões originais, ela apresentou mais tonalidades ao vermelho.
"Nothing New" (com Phoebe Bridgers) e "Run" (com Ed Sheeran), ambas criadas em parceria com Aaron Dessner, o mesmo dos dois discos mais recentes dela, são ótimos exemplos de como a Taylor de hoje olha para trás.
A dolorida "All To Well", com mais de 10 minutos de duração, é a prova de que Taylor, hoje, é dona da sua própria narrativa artística, capaz de bancar uma música longa assim no seu álbum.
Musicalmente, em letras e arranjos, "Red" de 2012 apresentava uma personagem em pedaços, que tentava encontrar um caminho entre a euforia de um novo amor e os dissabores de um coração partido.
Já "Red (Taylor's Version)" é como uma sessão de terapia de alguém com 30 anos, com o entendimento de tudo o que passou. Taylor ficou frente a frente com o fantasma dos amores passados e sobreviveu.
De repente, 30. Ainda bem.
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