Giselle de Prattes: 'Ouvi de diretor que eu perderia papel por ser bonita'
A atriz Giselle de Prattes ganhou as manchetes dos portais de notícias por uma razão inusitada: o namoro do filho, o ator Nicolas Prattes, com Sabrina Sato. Giselle, porém, é muito mais do que a mãe ou a sogra de alguém. Aos 43 anos, a atriz acaba de participar de uma temporada da novela bíblica Reis, da Record, e segue em busca de oportunidades para mostrar seu talento como comediante.
Na entrevista abaixo, ela fala das dificuldades de se estabelecer no humor, dos tempos que trabalhou com Xuxa e comenta sobre o assunto que mais lhe perguntam hoje em dia: o namoro do filho.
Você acabou de participar de uma temporada de Reis, da Record. Qual é sua relação com a fé?
Sou uma mulher muito movida a fé. Independentemente da religião. Tenho uma atmosfera de amor. Tenho uma tendência de olhar para o lado bom das coisas, extrair o melhor das pessoas. Sempre dou uma chance antes de desconfiar. Sempre creio que as coisas vão melhorar, que depende muito de mim, que se faço tudo corretamente, isso passa por um lugar espiritual e o bem que fiz retorna para mim de alguma forma.
Reis tem um público fiel. O que explica esse sucesso? A novela bíblica virou um antídoto contra a dureza do dia a dia?
Acho que sim. A novela tem elementos de história da Bíblia, mas tem elementos de folhetim e tudo é construído para tocar as pessoas. A novela não é feita para necessariamente evangelizar as pessoas. Não falamos de religião, nem de igreja, mas temos uma mensagem positiva muito forte. Somos assolados por notícias pesadas, aí você liga a TV e vê Reis ou outra produção da Record, que é super bem produzida e tem uma mensagem bonita, isso mexe com o público.
Quem conhece você sabe de sua veia cômica. Por você ser uma mulher bonita, você sofre mais para conseguir espaço no humor e ser reconhecida como engraçada?
Óbvio que sim. Já ouvi de um diretor grande que eu era ótima atriz e muito engraçada, mas que não ia ser escalada para um projeto de comédia por ser muito bonita. Diego Freitas (diretor de filmes como "Depois do Universo" e "O Lado Bom de Ser Traída") sempre me incentiva a mostrar meu humor. Ele diz que não tem tanta mulher que é gata e sabe se ser engraçada. Eu já sofri preconceito a ponto de me paralisar e não vou me mover muito para conquistar um espaço nessa área. Ainda estou na luta para fazer humor e estou escrevendo um projeto para o teatro nesse sentido.
É muito comum atrizes que passaram dos 40 anos comentarem que não há tantaoferta de papel...
As oportunidades, de fato, diminuem. Sinto falta de protagonistas mais velhas. Essa geração de 20 e poucos não vê TV aberta, mas as novelas estão cheias de protagonistas nessa idade que vivem questões que não são tão serias e problematizam tudo. As mulheres da minha idade já não se sentem mais representadas pela TV. Quero fazer um movimento para ter protagonista mais velhas, que tenham mais bagagem emocional para abordar assuntos mais relevantes. Tem uma coisa que só o tempo e a experiência trazem e isso não pode ser vivido por um personagem muito jovem.
Por falar em juventude, você trabalhou na Planeta Xuxa como Garota do Zodíaco logo no início de sua carreira. Como era sua relação com Xuxa e Marlene Mattos?
Entrar no Planeta Xuxa foi um milagre. Fiquei dois meses em testes e foi a única menina aprovada que já era mãe. Para mim, até hoje aquele foi minha grande universidade sobre ética e comprometimento. Não se fazem mais artistas como Xuxa. A forma como ela tratava bem as pessoas sempre foi uma super referência para mim. Xuxa sempre lidou com a fama com muito respeito. E a Marlene me ensinou sobre foco e responsabilidade. Ela me deu chance de ter aulas de dança com Carlinhos de Jesus, fiz aula de etiqueta, aula de música com Michael Sullivan. Não dá para esquecer isso. Ela tinha a visão que não éramos só assistente de palco, éramos uma extensão da Xuxa. Marlene nos incentivava a estudar. Sou muito grata as duas.
Você engravidou do Nicolas aos 17 anos. O que ser mãe jovem proporcionou a você?
Fui mãe nos anos 1990. Quando engravidei, eu passei a ser a piranha da escola. Tinha amigas que haviam abortado, mas a errada era eu que decidi ter o bebê. Nessa época ainda estava no colégio e perdi as amigas da escola. Eu só falava com um amigo gay e outra menina lésbica que também eram isolados. As mulheres adultas me olhavam e falavam: "coitada". Uma delas me perguntou: "Quem vai criar essa criança? Você vai dar para sua mãe?". A maternidade trouxe o senso que eu precisava dar certo como pessoa. Tive um chamado da responsabilidade. Depois que o Nicolas nasceu, eu tinha uma cobrança interna grande de terminar a faculdade. Precisava levar tudo muito a sério. Nunca me permiti relaxar ou me relacionar com qualquer pessoa, seja namorado ou amigos, porque eles poderiam ser influências para meu filho.
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Quero receberComo foi descobrir que o Nicolas namorava a Sabrina Sato?
Quando ele me contou, fiquei feliz. Achei coerente o namoro de Nicolas e Sabrina. A Sabrina tem muita responsabilidade sobre quem ela é. Ela não se deslumbra, nem enlouqueceu com a fama. É uma mulher incrível, generosa, mantém valores, como a simplicidade. A essência dela é ser gente. A gente, como mãe, conhece nossos filhos. Para mim, é coerente ele estar com uma mulher mais velha. Esse namoro me deixou calma. Nicolas tem um estilo de vida que é difícil para uma jovem entender. Ele não bebe, não acha graça em noite, acorda super cedo.
O que você e Sabrina têm em comum?
Sabrina, assim como eu, tem humor. Vejo Sabrina uma mãe muito preocupada, o que eu também sou. Ela é muito família e está sempre olhando para o outro para tentar compreendê-lo em vez de julgá-lo. Ela é acelerada também. E nós duas amamos samba.
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