10 anos sem Manoel Carlos na TV: O autor seria cancelado hoje em dia?
Em julho de 2014, o Brasil acompanhava as emoções finais de "Em Família", novela que marcou a despedida de Manoel Carlos das telinhas. Responsável por sucessos como "Por Amor", "Laços de Família" e "Mulheres Apaixonadas", o autor tinha um estilo único de criar e conduzir histórias potentes permeadas por merchandising social que pararam o Brasil e provocaram debates sobre assuntos importantes, como maus tratos a idosos, racismo, transplante de órgãos, dependência química e violência doméstica.
Embora ele ainda colecione uma legião de admiradores e suas novelas tenham grande repercussão quando reprisadas no Vale a Pena Ver de Novo ou no Viva, ver uma obra de Manoel Carlos atualmente nos faz pensar que muitas das subtramas que ele criava para rechear as sagas de suas Helenas não teriam espaço numa sociedade que batalha por mais diversidade e igualdade.
A coluna, que é fã do autor e acompanhou a maioria de suas criações, listou algumas situações das novelas de Manoel Carlos que dificilmente seriam aceitas pelo público nos dias de hoje.
Não é não!
Uma das tramas mais fortes de "Laços de Família" era o romance selvagem entre Pedro (José Mayer), administrador de um haras, e a veterinária Cíntia (Helena Ranaldi). As cenas tórridas de sexo frequentemente eram precedidas por momentos em que Cíntia tentava se livrar das investidas de Pedro. Ela verbalizava várias vezes que não queria nada com Pedro, mas ele encarava as negativas como um modo da veterinária se fazer de difícil e forçava beijos até conseguir levá-la para a cama. Vale lembrar que Pedro era chefe de Cíntia e fazia tudo isso no ambiente de trabalho.
Uma trama semelhante se desenrolou com "Mulheres Apaixonadas", em que o personagem Carlinhos (Daniel Zettel) assediava a empregada da família, Zilda (Roberta Rodrigues), que também fugia a todo custo das investidas do rapaz.
Cafezinho, Dona Helena?
Várias Helenas das novelas de Maneco tinham como fiel escudeira uma empregada. Com exceção de Tadinha (Rosane Goffman), que viveu a secretária do lar da Helena de "Por Amor", as demais domésticas das Helenas de "Laços de Família", "Mulheres Apaixonadas" e "Páginas da Vida" eram interpretadas por atrizes pretas e nenhuma delas tinha uma história própria. Todas viviam 24 horas para servir a patroa e sua família.
Rivalidade Feminina
Desde que a sociedade passou a debater a necessidade da sororidade, a rivalidade entre mulheres nas novelas perdeu um pouco de espaço. Essa, porém, era uma das marcas das novelas de Manoel Carlos. Em "História de Amor", Helena (Regina Duarte) se engalfinhou com Paula (Carolina Ferraz) e ainda tinha que aguentar a perseguição de Sheila (Lilia Cabral). Em "Por Amor", Eduarda (Gabriela Duarte) e Laura (Viviane Pasmanter) viviam às turras, assim como Branca (Susana Vieira) e Isabel (Cássia Kis), que protagonizaram um dos barracos mais memoráveis da história da teledramaturgia. Já em "Laços de Família", tínhamos a rixa entre Capitu (Giovanna Antonelli) e Clara (Regiane Alves). Em "Páginas da Vida", Sandra (Danielle Winits) cumpria a função de inimiga das mulheres e se estranhou tanto com Carmen (Natália do Valle) quanto com Simone (Christine Fernandes).
Romance proibido ou ilegal?
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Quero receberEm "Mulheres Apaixonadas", um dos personagens que mais se destacou foi Raquel (Helena Ranaldi), uma professora de educação física que era vítima de violência doméstica. Além desse conflito, ela vivia outro drama: a paixão por um de seus alunos, Fred (Pedro Furtado), que era menor de idade. O amor entre Raquel e Fred não apenas se desenrolou ao longo da novela como a personagem ainda terminou a história grávida do estudante.
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