Ricky Hiraoka

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Com bons efeitos visuais, 'Mila no Multiverso' é a sucessora de 'DPA'

"Mila no Multiverso", que estreou a segunda temporada na última segunda (15) no Disney Channel, representa um pequeno milagre no audiovisual brasileiro. A produção infantojuvenil conseguiu conquistar algumas proezas. A primeira delas é ter sido renovada. Isso parece trivial, mas, num cenário em que a maioria dos projetos brasileiros para streaming e canais fechados não ganha sobrevida após a leva inicial de episódios, receber o sinal verde para a produção de uma nova temporada chega a ser um feito.

A segunda grande vitória de "Mila no Multiverso" é a ousadia de trabalhar uma mistura de gêneros que historicamente não foram tão explorados em produções nacionais (fantasia, ficção científica e aventura), criando uma mitologia própria para a série, como acontece em obras como "O Senhor dos Anéis".

O terceiro ponto positivo de "Mila no Multiverso" é que, ao contrário do que acontece com muitas séries, a qualidade da segunda de temporada está superior em relação à primeira e apresenta um valor de produção que salta aos olhos do espectador. Os efeitos visuais estão muito bem feitos e não deixam nada a dever às produções gringas que utilizam recursos semelhantes. Figurino e direção de arte também são dignos de elogio.

Todos esses atributos, porém, seriam inúteis se "Mila no Multiverso" não apresentasse uma história bem desenvolvida e com apelo para atrair a atenção dos pré-adolescentes e dos adolescentes, que andam vidrados no TikTok e carentes de produções brasileiras que atendam suas demandas.

Produzida pela Boutique Filmes, responsável por "3%" (Netflix) e "Rota 66" (Globoplay), e criada pelos roteiristas Cassio Koshikumo, de "Julie e os Fantasmas", e Janaína Tokitaka, de "De Volta aos 15", "Mila no Multiverso" tem como mérito inserir conflitos típicos da adolescência num contexto de fantasia e ficção científica, uma combinação que vemos com frequência nas séries americanas, mas que nunca teve muito espaço por aqui. Além disso, o carisma do elenco jovem liderado por Laura Luz e a presença da veterana Malu Mader, que aparece sem nenhum retoque para disfarçar os efeitos da idade, colaboram para que "Mila no Multiverso" seja uma série agradável de acompanhar.

Por ter uma mitologia muito bem construída, "Mila no Multiverso" apresenta elementos não apenas para diversas temporadas, mas também para spin-offs que possibilitam explorar os diversos universos da série.

"Mila no Multiverso" surge como uma alternativa para o público que cresceu vendo as aventuras de "Detetives do Prédio Azul" (Gloob), mas que, ao sair da infância, não foi contemplado por nenhum outro projeto nacional com protagonistas adolescentes num universo fantasia.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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