Ricky Hiraoka

Ricky Hiraoka

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Crise financeira e problemas de audiência: a Band tem salvação?

A volta do programa religioso "Show da Fé" à programação da Band desde a última segunda (15) escancara que os tempos não são dos melhores na emissora. Após dois anos e meio, o canal vendeu novamente espaço em sua grade para a veiculação entre 21:20 e 22:15 do culto comandado pelo pastor R.R Soares.

Com a reestreia do "Show da Fé", a emissora, que costumava marcar entre 1,5 e 2,5 pontos no Ibope com a exibição do "Melhor da Noite", viu sua audiência minguar para menos de 1 ponto nessa faixa horária. De quebra, a pregação de R.R Sores prejudicou os números do programa "Perrengue do Dia", que é exibido logo após o tele-culto e que passou a ter um público 50% menor desde a mudança de programação.

O impacto negativo dessa "novidade" não é o único problema de audiência que a Band enfrenta atualmente. A emissora do Morumbi que, habitualmente ocupava a terceira posição no Ibope nos fins de tarde com o policialesco "Brasil Urgente", viu os telespectadores migrarem para o SBT desde que o titular da atração, José Luiz Datena, se afastou da televisão por ser pré-candidato à prefeitura de São Paulo. A situação da Band só não é mais grave porque a Rede TV! parece ter jogado a toalha e estar satisfeita com a posição que ocupa.

Sacrificar parte do horário nobre evidencia que há problemas de caixa rolando na Band. Essas questões talvez sejam frutos de estratégias equivocadas que a emissora adotou num passado recente, como a contratação do apresentador Fausto Silva para um programa diário, que saiu do ar um ano e meio após sua estreia. Num momento em que o contexto econômico do Brasil não é dos mais favoráveis para grandes investimentos, medidas mais conservadoras, como venda de espaço na programação para atrações religiosas, se fazem necessárias para a saúde financeira de emissoras, como a Band.

Apesar do cenário pouco animador, é bom lembrar que TV é feita de novidades e a Band precisa se mexer para não afugentar ainda mais os espectadores. Afinal, nos últimos 15 anos, o público se acostumou com a emissora do Morumbi apostando em formatos inovadores, como "CQC", "MasterChef", "A Liga", "Mulheres Ricas", "O Mundo Segundo Os Brasileiros" e a exibição de novelas turcas.

Um bom ponto de partida para uma volta por cima da Band é olhar para as fragilidades de suas principais concorrentes (SBT e Record), que praticamente eliminaram a linha de shows, e oferecer alternativas para atrair o público que não está interessado em acompanhar a mesmice do Programa Ratinho no SBT ou as confusões dos realities da Record.

Recentemente, o canal deu um passo nessa direção ao estabelecer uma parceria com a plataforma Max e passou a exibir nas noites de sextas atrações, como "Operação Fronteira", que foram produzidas originalmente para os canais fechados do grupo Warner Bros. Discovery. Resta esperar e torcer para que novas iniciativas como essa aconteçam e a Band faças as pazes com a audiência e contorne os problemas financeiros para não precisar locar espaço em sua programação para religiosos, pois nenhum espectador merece culto em horário nobre.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes