Ricky Hiraoka

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Reportagem

Sabrina Petraglia: 'Já perdi trabalho por não ter 1 milhão de seguidores'

Após quatro anos longe da TV, a atriz Sabrina Petraglia voltou recentemente às telinhas com uma participação especial em "Família é Tudo". Vivendo há quase dois anos em Dubai (capital dos Emirados Árabes), para onde se mudou por conta do trabalho do marido, Sabrina chegou a temer que a mudança de país pudesse atrapalhar sua carreira. "Me sondaram para fazer a novela toda, mas não dava. Eu tinha me mudado há apenas sete meses para os Emirados Árabes e ainda estava estruturando minha casa e a vida dos meus três filhos", conta. "Fiquei arrasada. Achei que não teria outra oportunidade tão cedo, mas depois escrevi para o Daniel Ortiz (autor de "Família é Tudo") e o Fred Mayrink (diretor da trama), dizendo que estava disponível, mas que não poderia ficar muito tempo. Aí rolou interpretar Maya."

Na entrevista abaixo, Sabrina fala sobre o retorno à televisão, comenta como a maternidade mudou sua vida e declara sua paixão pelos Emirados Árabes: "Não penso em voltar a morar no Brasil."

Você se mudou para Dubai num momento que vivia uma crescente em sua carreira. Por que optou por essa mudança?

Nunca imaginei ser mãe. Não tinha sonho de casar, nem ter filhos. Quando fiz Shirley em "Haja Coração", entendi o que era sucesso, mas vi que só aquilo não me completava. Pensei: "Será que é só isso que quero?" Naquele momento, eu vi que só o sucesso e a visibilidade, que eram muito legais, não me preenchiam. Aí eu tive a boa sorte de conhecer meu marido, Ramon, que é parceiro, inteligente, gentil, um grande incentivador da minha carreira, e vi que estava a fim de fazer uma família. Casamos, tivemos o Gael, nosso primeiro filho, e quando estava fazendo "Salve-se Quem Puder" (2020), engravidei da Maya. Logo após Maya nascer, veio o Leo. A maternidade chegou de uma forma avassaladora para mim e, mesmo com perrengue e o puerpério, que são duros, eu me realizei construindo essa família. Não acho que toda mulher tem que casar, ter filhos para se sentir feliz, mas esse foi o meu caminho. Então, valeu a pena interromper a carreira de certa maneira para acompanhar meu marido que recebeu uma proposta de trabalho em Dubai. Não adianta tentar equilibrar todos os pratos. Uma hora você precisa priorizar um prato.

Como é a vida em Dubai?

No Brasil, a gente tem uma ideia muito equivocada sobre os Emirados Árabes. As mulheres tem muito orgulho de usar as abayas e shaylas, que muita gente chama erroneamente de burca. Tenho amigas de lá, que são super-empoderadas. Uma delas é separada, mãe solo, e trabalha numa grande empresa. Até existe homem com mais de uma mulher, mas isso não é comum. A mulher manda no marido. Uma amiga dos Emirados me disse esses dias: "Não entendo a necessidade das mulheres brasileiras de se sentirem desejadas. Quero que as pessoas me respeitem e me escutem." É interessante esse intercâmbio cultural. Estou nos Emirados há quase dois anos e não penso em voltar a morar no Brasil. Fazendo "Família é Tudo", eu provei que é possível morar lá e trabalhar aqui no Brasil de tempos em tempos.

Você está no núcleo da Rafa Kalimann, que é alvo de uma polêmica por ser uma influenciadora que migrou para a TV. Como você vê esse movimento de influencers se tornando atores?

Fico muito preocupada e movimento minhas redes porque sei que é preciso ter seguidores para trabalhar hoje em dia. Eu fico triste porque, com a valorização dos seguidores, você perde o valor do estudo. Ser ator não é ser famoso. Ser escalado por número de seguidores é muito cruel. Tenho muito amigo com quem estudei na Escola de Artes Dramáticas (EAD - USP) que está fazendo outra coisa porque não tem trabalho como ator. Mas tem um outro lado que são as pessoas que têm estrela e acabou. É o caso da Rafa. Eu olho para a Rafa e ela é tão dedicada, é tão legal, tão disponível. Ela sabe que precisa continuar estudando para crescer como atriz. Eu acho Rafa corajosa de topar o desafio de fazer uma novela.

Muitos castings usam número de seguidores como métrica para escolher atores para participar de testes. Você já perdeu oportunidades por isso?

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Já perdi oportunidades por não ter 1 milhão de seguidores. Alegaram que precisavam de um nome mais forte para trazer o público da internet. Fiquei arrasada. Já disputei papeis com quem tinha muitos seguidores e sabia que poderia não pegar o trabalho por ser menor no Instagram.

Além de participar de "Família é Tudo", você também aproveitou sua passagem pelo Brasil para gravar o filme "Mar de Mães", que fala sobre maternidade, um tema muito importante para você...

Logo após ter filhos, eu não sabia o que ia acontecer com minha carreira. E nesse momento de incerteza, eu conheci a Thais Vilarinho, que escreveu "Mar de Mães", pelas redes sociais. Tudo que ela escrevia sobre maternidade me fazia sentir acolhida. Chamei Thais para um café e confessei para ela que tinha medo de não conseguir mais voltar a trabalhar. Ela disse que eu não deixaria de trabalhar porque ela disse que ia escrever algo para eu fazer. Assim, nasceu "Mar de Mães", que mostra o encontro de três amigas mães que se ajudam e que só elas se entendem. É maravilhoso colocar num trabalho todos os abismos que eu vivi, de tudo de bom e de ruim que a maternidade me trouxe. Maternidade é muito solidário. É difícil, é transformador, mas é complicado. A maternidade é como o movimento do mar, às vezes, te engole, às vezes, está mais calmo.

Já que você não tem intenção de voltar ao Brasil, você pensa em investir em uma carreira internacional?

Estou redescobrindo quem é a Sabrina pós-maternidade e expatriada, se quero voltar a fazer novela com mais frequência ou se quero fazer meus próprios projetos. Eu conheci uma empresária em Dubai que quer me agenciar e tem bons contatos em Los Angeles, mas preciso melhorar meu inglês. Mas o que me instiga hoje é produzir uma história linda contando para o Brasil o que são os Emirados Árabes.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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