Com pegação generalizada, Elite se tornou o Cine Band Privé da geração Z

"Elite", série original mais longeva da Netflix, deu adeus ao público após oito temporadas. Desde que foi lançada em 2018, a produção, focada no dia a dia de uma escola particular de Ensino Médio de Madri, nunca primou por apresentar uma história bem estruturada, nem se preocupou em ser original. "Elite" surgiu oferecendo mais do mesmo e se apoiou no carisma e na beleza de seu elenco para retratar uma adolescência um tanto irreal em que garotos e garotas menores de 18 anos têm uma vida sexual para lá de movimentada e estão sempre envolvidos direta ou indiretamente em crimes.

As primeiras temporadas ainda possuíam um certo apelo kitsch, que fazia com que "Elite" se encaixasse no rótulo de "guilty pleasure", aquele produto cultural de qualidade duvidosa, mas que, por ser desavergonhadamente desprovido de bons predicados, se torna gostoso de acompanhar. Com o tempo, a pouca criatividade das tramas e a escalação de atores menos carismáticos fizeram com que "Elite" se esgotasse e passasse a se apoiar em um único pilar: as cenas de sexo.

Se nos anos 1990 e 2000, época em que a internet não estava tão disseminada, os adolescentes esperavam ansiosamente pelos sábados de madrugada para ver sequências picantes nas sessões do "Cine Band Privê", a geração Z dispõe de momentos mais calientes ao longo dos episódios de "Elite". E por ser um produto dos tempos atuais, "Elite" leva vantagem em relação aos antigos filmes eróticos exibidos na Band: na série espanhola, a pegação é generalizada. Não faltaram casais homossexuais ao longo das temporadas e a exploração da beleza dos corpos masculinos, como os dos atores Manu Rios, Aron Piper e Omar Ayuso, foi tão intensa que são capazes de dar inveja aos closes ginecológicos a que eram submetidas as assistentes de palco dos programas de auditório do século passado.