Ricky Hiraoka

Ricky Hiraoka

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Está na hora de SBT e Record repensarem o tipo de novelas que produzem?

Os números não mentem: a teledramaturgia do SBT e da Record não vive mais o momento glorioso de tempos passados. Se no início da década passada as duas emissoras se deram bem ao explorar filões bem distintos da Globo (SBT com tramas infantis e Record com produções bíblicas), hoje em dia, a situação já não é das mais confortáveis.

Desde a estreia de "As Aventuras de Poliana", em 2018, o canal de Silvio Santos vê minguar gradualmente a audiência de suas novelas infantis. A produção estrelada por Sophia Valverde chegou a marcar 17 pontos de média em seus primeiros capítulos, mas, ao longo dos meses, foi perdendo público e, na reta final, raramente ultrapassava os 6 pontos no Ibope. Os números baixos se mantiveram durante a exibição de "Poliana Moça" e de "A Infância de Romeu e Julieta".

A crise na teledramaturgia do SBT ficou escancarada de vez com a recém-lançada "A Caverna Encantada", que também não desencantou e amarga médias de 4 pontos. Já a Record, que chegou a ameaçar a Globo durante a exibição de "Os Dez Mandamentos" em 2015, também não emplaca um grande sucesso há anos, e as produções bíblicas mais recentes, em geral, não marcam mais de 6 pontos de média nem com reza brava.

Diante desses dados, fica claro que o público de SBT e Record anseia por novidades. Exaustos por serem contemplados com um único tipo de conteúdo, a fuga dos espectadores desses canais só será revertida quando SBT e Record mudarem sua estratégia e voltarem a oferecer novelas que apresentem outros temas e tenham potencial de conversar como uma audiência mais ampla. Prova disso foi a boa aceitação da novela turca "Força de Mulher", que estreou recentemente na Record e que, em alguns dias, chega alcançar índices maiores que aqueles conquistados pelas produções bíblicas.

O curioso é que essa crise dramatúrgica que SBT e Record enfrentam acontece no momento em que muitos autores e diretores que durante anos foram funcionários da Globo estão livres e poderiam facilmente ser contratados para promover uma renovação nas novelas dessas duas emissoras e atrair mais audiência. SBT e Record, porém, insistem em trabalhar com um mesmo grupo de profissionais. No SBT, Iris Abravanel e sua equipe emendam uma produção na outra enquanto, na Record, Cristiane Cardoso, filha do Bispo Edir Macedo, assumiu as rédeas da teledramaturgia, o que afastou roteiristas experientes que já trabalharam no canal.

Novela é um investimento caro e arriscado, mas sabemos que quando uma trama dá certo, ela fideliza o público por meses e traz lucro para as emissoras. SBT e Record precisam aproveitar o grande número de profissionais disponíveis que entendem de novela para dar uma guinada em suas produções. Ou os dois canais se mexem ou o inevitável vai acontecer: a migração do público para as plataformas de streaming será irreversível.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes