Elenco insosso e treta forçada: Raquel Brito tirará A Fazenda da mesmice?
Em 2011, a Record causou um reboliço involuntário quando denominou Renata Banhara como personalidade da mídia ao apresentá-la na estreia de A Fazenda 4. A definição pouco comum virou piada no finado Twitter, mas abriu portas (ou seria porteiras?) para que alcunhas mais heterodoxas se tornassem cada vez mais frequentes na hora de explicar ao público a origem da fama dos escolhidos para morarem três meses numa propriedade rural vigiada por centenas de câmeras em Itapecerica da Serra.
A 16ª temporada de A Fazenda, que estreou segunda-feira (16), deu um show de criatividade para definir parte do elenco: "suposto pivô da separação de Belo e Gracyanne Barbosa", "trabalhou com Erick Jacquin", "se envolveu numa polêmica com pai de Neymar" e "se envolveu numa polêmica com o cantor Vitão" foram alguns dos malabarismos que a produção de A Fazenda teve que recorrer para justificar a presença de rostos totalmente anônimos num reality show que tem em seu DNA o confinamento de famosos.
A inventividade do reality show rural em relação aos participantes parece ter parado por aí. Dos 20 nomes escalados, a maioria é composta por tipos genéricos, que dificilmente seriam dignos de notas no saudoso portal Ego ou de posts ácidos no inesquecível blog Te Dou Um Dado. Os novos peões, como as obscuras influencers Luana Targino e Fernanda Campos, passam a energia de que toparam entrar em A Fazenda como um meio de alcançar notoriedade nacional para faturar em suas redes sociais e que estão pouco engajados em entregar o mínimo de entretenimento para o espectador que curte acompanhar esse gênero.
Logo na estreia, o elenco se mostrou apático e, diante de tantos rostos harmonizados, foi difícil de reconhecer o mínimo de personalidade entre os participantes. Até rolou um arranca-rabo entre Gilsão, o tal suposto pivô da separação de Belo e Gracyanne Barbosa, com Yuri Bonotto, que dizem que ficou conhecido por ser o bombeiro do Programa da Eliana, no SBT. Mas a treta foi tão sem sentido que pareceu calculada para chamar a atenção. Para piorar, ainda foi difícil de compreender a discussão entre os dois peões por conta da dicção de Gilsão, que se quiser seguir uma carreira como influenciador precisa exercitar a articulação da boca com a mesma ênfase com que trabalha os músculos do corpo.
Nesse cenário um tanto artificial, um nome pode movimentar a 16ª temporada de A Fazenda e trazer um pouco de espontaneidade para o reality show: Raquel Brito, irmã de Davi, campeão do BBB 24. A moça, que já causa controvérsia na internet desde que foi alçada à fama por tabela, reúne características que podem render uma participação memorável: ela vive um deslumbramento pelo novo mundo em que foi inserida, tem a autoconfiança tola de quem é muito jovem, sentimento que é potencializado pelo apoio dos seguidores fanáticos de Davi, e Raquel ainda carrega a vontade de aparecer e mostrar que é tão boa de briga quanto o irmão milionário. Esses elementos conjugados e somados à pressão do confinamento têm potencial de ser uma combinação explosiva e colocar A Fazenda de cabeça para baixo. É aguardar e conferir se, no meio de tantas escolhas aparentemente equivocadas, a aposta em Raquel Brito pode ser tão interessante quanto promete.
Opinião
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