Amanda Ramalho desabafa sobre autismo: 'Por muito tempo, tentei me adequar'
Conhecida por ter integrado o elenco do programa Pânico por mais de 15 anos, a jornalista Amanda Ramalho se afastou da rádio e da TV, mas mantém-se ativa na internet. Desde 2018, ela comanda o podcast Esquizofrenoias, em que debate questões relacionadas à saúde mental e bem-estar. "Eu recebi uma proposta de uma produtora para fazer um podcast, mas não sabia que era um podcast. Eles falaram: 'Queremos muito falar sobre algo, mas vamos deixar você livre para escolher o tema'", lembra Amanda. "Falei: 'Tem um assunto que me interessa, que é saúde mental, mas eu acho que ninguém vai se interessar.'"
Amanda conta que comentou com Emílio Surita sobre seu desejo de falar sobre saúde mental e o apresentador não aprovou a ideia. "Ele falou: 'Você vai falar só sobre doença', mas eu falei que não era só sobre doença. Saúde mental não é sobre doença, é sobre bem-estar."
Durante a conversa com a coluna, Amanda revelou que ainda lida com os resquícios de ter trabalhando tanto tempo no Pânico. "Foram 15 anos. Metade da minha vida. Foram oportunidades estressantes, algumas maravilhosas de aprendizado", aponta. "Muitas vezes [o Pânico] foi um ambiente tóxico sem ninguém saber ali o que era a palavra tóxico. Era um programa que testava nossos limites." O estresse que vivia era tamanho que Amanda chegou a travar o maxilar durante uma transmissão ao vivo do programa e se viu obrigada a sair correndo para ir ao pronto-socorro.
Longe do Pânico e dedicando-se cada vez mais ao Esquizofrenoias, Amanda começou a colher os frutos desse projeto durante a pandemia, quando saúde mental passou a ganhar mais destaque na mídia e chamar a atenção das pessoas. "Recebia feedbacks [de ouvintes dizendo]: 'você está me ajudando muito, está difícil morar com minha família'", conta. "Como uma pessoa muito sensível, [para não me afetar] entendi que não precisava responder todo mundo e dar uma solução para tudo. Muitas vezes, precisei ignorar [para me preservar]."
Desde que foi diagnosticada com autismo, Amanda iniciou um spin-off do dentro do Esquizofrenoias, o Amanda no Espectro, em que fala sobre condição e entrevista pessoas a respeito do tema. "[Saber que tenho] Autismo foi um luto. Eu ainda percebo que não é um assunto que lido com tanta naturalidade. Quando estou fazendo uma entrevista para o Amanda no Espectro, eu ainda estou descobrindo coisas sobre mim. Então, elas doem", afirma. "Por muito tempo, tentei me adequar e parecer razoável. Tentava aguentar mais coisas."
Reportagem
Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Deixe seu comentário