Ricky Hiraoka

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Opinião

BBB sem camarotes? Ideia tem tudo para ser um tiro no pé da Globo

No início do ano, quando a Globo revelou que haveria apenas 6 celebridades no elenco do BBB 24, foi inevitável não questionar: será o fim da era dos camarotes no reality show mais assistido do país? Iniciada na 20ª edição do BBB, a participação de "famosos" reacendeu o interesse do público em torno do programa, que vinha de uma malsucedida 19° temporada, e o reality show voltou a dominar os assuntos das rodas de conversa e ganhou mais espaço na mídia. Manu Gavassi, Babu Santana, Rafa Kaliman, Petrix Barbosa, Pyong Lee e Bianca Andrade conseguiram conduzir a narrativa do programa, alternaram o protagonismo com anônimos carismáticos e bancaram os conflitos sem medo de se expor.

Para a surpresa de todos, boa parte dos desentendimentos do BBB 24 envolveram (muitas vezes, involuntariamente) os camarotes. As falas equivocadas e preconceituosas de Rodriguinho, a variação de humor de Vanessa Lopes, a desconfiança exagerada de Wanessa Camargo e de Yasmin Brunet em relação a Davi, e as fofocas de MC Binn foram responsáveis por turbinar a narrativa do programa e deram origem a várias tretas, que geraram discussões foram da casa.

Por isso, o rumor de que a Globo pretende abrir mão de participantes famosos no BBB 25 surpreende. Embora algumas escolhas de celebridades para integrar o elenco do Big Brother Brasil tenham sido desastrosas, como é o caso de Tiago Abravanel e de todos os camarotes do BBB 23, em geral, o saldo de ter rostos conhecidos pelo grande público é positivo. Ter famosos entre os confinados gera um burburinho e um interesse em torno do programa muito maior e é inegável que há uma curiosidade para acompanhar os perrengues e as privações de pessoas que gozam de inúmeros privilégios na vida real.

Os camarotes não precisam entrar no BBB necessariamente com sede de jogar. Só de baixarem a guarda, falarem o que pensam sem filtro e mostrarem o lado mesquinho e vaidoso que todo ser humano tem, eles já conseguem movimentar o programa e incendiar as redes sociais. Neste ano, foram poucos os camarotes a entrar no BBB, mas eles foram muito escolhidos e entregaram entretenimento.

Colocar famosos acostumados a regalias convivendo com anônimos por si só tem um potencial grande de gerar conflito. É quase como uma luta de classe transmitida ao vivo. Se temperada da maneira correta (ou seja, se houver artifícios criados pela produção para estressar e desestabilizar os participantes), essa batalha tem potencial para ser explosiva.

Com sorte, o BBB não aposenta tão cedo a presença de camarotes no programa. O brasileiro gosta de acompanhar os pormenores da vida dos famosos e a presença de celebridades no reality show mais visto do Brasil serve quase como um contraponto para um público que está cansado de ver as celebridades insistindo em compartilhar rotinas "perfeitas" no Instagram. Presenciar as falhas de gente rica e famosa e vê-las sendo expurgadas em rede nacional tem um componente que satisfaz um sadismo inconfessável e até inconsciente de boa parte da audiência.

Que o BBB 25 venha com mais famosos equivocados no elenco. O público está ávido para testemunhar a queda ou a reinvenção de cada um deles. No BBB, vale tudo: ser vilão, fazer VT, caçar briga, falar bobagem, perder a noção. Só não vale ser planta por medo do cancelamento das redes sociais.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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