Beto Ribeiro: 'Gosto quando leio que sou Paulo Gustavo do crime'
Até a pandemia, o produtor, diretor e escritor Beto Ribeiro achava que YouTube era coisa de criança. Recluso em casa durante a crise sanitária de 2020, ele, que sempre entretinha os amigos com histórias e curiosidades de crimes reais que pesquisava para os programas que produzia para a TV fechada, decidiu ampliar seu público-alvo. Incentivado pelo marido, em 2022, Beto lançou um canal na plataforma para narrar e a debater crimes reais.
Dois anos após o início da empreitada, Beto acumula mais de 1,5 milhão de assinantes e seus vídeos têm uma média de 600 mil visualizações por dia. "Sempre gostei de entender a mente das pessoas", explica Beto. "Falo sobre crime e mistério, mas tudo ligado a comportamento. Mais do que quantas facadas foram, por que tantas facadas?"
Em entrevista à coluna, Beto detalha como funciona sua rotina de trabalho, que inclui a produção de 14 vídeos semanais, e evita comparações com os apresentadores José Luiz Datena e Luiz Bacci, duas referências em jornalismo policial na TV. "Eu não faço hard news como eles fazem. Vou mais para o comportamento e menos para o crime", esclarece. "Meu canal é muito leve. Gosto quando leio que sou Paulo Gustavo do crime!"
Mesmo lidando diariamente com casos de violência, Beto conta que, por mais que se blinde, algumas situações ainda mexem com ele. "Toda vez que eu entrevisto um familiar ou uma vítima de quase morte, eu saio muito emocionado. Não dá para falar: eu sei que ela sente. Não dá para dizer que eu entendo a dor." Nos primeiros vídeos do canal, Beto sempre cortava os momentos em que expressava emoção ao longo das entrevistas para manter uma imagem mais profissional. Com o tempo, porém, ele percebeu que sua credibilidade não ficaria abalada se ele demonstrasse o que estava sentido diante das câmeras. "Parei de pedir para me cortar [quando me emocionava] e isso aumentou a ligação das pessoas comigo e com a história. Quando eu estou me emocionando, as pessoas estão se emocionando também."
O sucesso do canal que leva seu nome faz Beto Ribeiro ser procurado por pessoas desesperadas que esperam que ele as auxilie a prender criminosos. "Fico muito entristecido de não poder ajudar. Mas não tem como bater na porta da delegacia e dizer: vamos resolver isso aqui?"
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