Garoto da Bombril estrela filme e diz que é mais reconhecido nas ruas hoje
Uma das personalidades mais vivas na memória afetiva do brasileiro, o ator Carlos Moreno, que durante quase 30 anos ininterruptos estrelou os comerciais da Bombril, agora pode ser visto nos cinemas na comédia "Caindo na Real", que estreou no último sábado (24). O longa narra a saga da atendente de lanchonete Tina (Evelyn Castro), que vira rainha do Brasil após um golpe que restaura a monarquia no país. Devidamente coroada, ela passa a ter Carlos (Carlos Moreno) como seu mordomo. O ator conversou com a coluna sobre o novo trabalho.
Há alguns anos, você já não está no ar como garoto propaganda da Bombril. As pessoas ainda te reconhecem com frequência?
Quando fui fazer o teste para o comercial da Bombril, nos anos 1970, sugeri que o personagem usasse óculos, mas eu, na vida real, não usava óculos. Depois dos 50 anos, comecei a usar óculos e agora que estou saindo de óculos na rua, todo dia alguém me reconhece. Sou mais reconhecido agora do que na época que o comercial estava no ar. Veja só como um simples acessório faz toda a diferença!
Como surgiu o convite para participar de "Caindo na Real"?
A produção me procurou dizendo que a roteirista havia escrito o papel pensando em mim. Não tinha como recusar. Fiquei muito ansioso quando descobri quem fazia parte do elenco. Não acreditava que ia trabalhar com Maria Clara Gueiros, Evelyn Castro, Victor Lamoglia. Essa nova geração tem uma facilidade de improvisar em cena, eu sou mais caretinha e respeito mais o texto.
Apesar do elenco recheado de comediantes, quem rouba a cena do filme é o Belo, que interpreta par romântico da protagonista....
O Belo me surpreendeu como ator. Ele foi de uma simpatia com todo mundo e estava completamente disponível para o personagem. Ele era muito receptivo às solicitações do diretor. Ele naturalmente já é divertido, mas, durante as filmagens, deu para perceber que ele não só é bom ator como também tem timing da comédia.
Você foi a cara da Bombril por décadas. Como isso impactou sua carreira de ator?
Eu já fazia teatro antes do comercial. Fui chamado para fazer teste, porque um produtor me viu no palco. Eu continuei fazendo teatro o tempo todo, mas o sucesso da propaganda limitou meus trabalhos na TV. No começo, recebi vários convites para TV na linha de humor, mas todos os personagens eram parecidos com a personalidade do garoto da Bombril, então recusei todas as propostas. Meu trabalho em TV de maior visibilidade foi o programa infantil Rá-Tim-Bum, da TV Cultura. Aliás, aprendi a fazer TV com esse programa. Nunca aconteceu de fazer novela, por exemplo, mas nem sei se daria conta de fazer uma novela, que é uma pauleira. São 30 cenas por dia. Não sei se tenho essa capacidade.
Dos tempos em que você foi garoto propaganda da Bombril, qual história de bastidores que foi mais marcante?
Amei trabalhar com Ivete Sangalo e Reinaldo Gianecchini, mas o que mais me marcou foi gravar com Pelé. As filmagens dos comerciais sempre tiveram uma equipe superenxuta. Nunca precisou ter gente da agência ou da Bombril para acompanhar nosso trabalho. Éramos basicamente eu e diretor no estúdio. Quando o Pelé foi gravar, apareceu todo mundo da agência e da marca. Parecia final de Copa no Maracanã. Todas as pessoas que foram no estúdio, levaram sacolas de camisetas e ele assinou tudo. Pelé atendeu todo mundo com a maior simpatia e simplicidade. Teve um lançamento desse comercial. A Bombril patrocinava uma sala de cinema, fizeram um evento lá, chamaram a imprensa e resolveram dar uma bola de brinde para os convidados. Pelé teve que assinar 300 bolas.
Paulo Vieira comentou nas redes sociais que vocês são primos, mas que vocês não se conhecem. Já rolou um encontro pessoal entre vocês?
Foi uma grande surpresa descobrir que sou primo de Paulo Vieira. Não sei de onde a gente é primo. Mas eu adoraria conhecê-lo. Quero que ele me diga de onde vem nosso parentesco (risos).
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