Ricky Hiraoka

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Reportagem

Jayme Monjardim: 'Quando saímos da fórmula da novela, o público estranha'

Responsável por novelas antológicas, como "Pantanal" (1990) e "O Clone" (2001), e por sucessos de audiência, como "Terra Nostra" (1999) e "Páginas da Vida" (2006), o diretor Jayme Monjardim encara um novo desafio: implantar um núcleo de novelas na Band, que não investe no formato desde 2008, quando produziu "Água na Boca".

Desde que saiu da Globo, Monjardim está em tratativas com a emissora da família Saad para que eles produzam "Romaria", uma ideia que o diretor desenvolve há quatro anos com a escritora Letícia Wierzchowski, autora do livro "A Casa das Sete Mulheres", que deu origem à minissérie que ele dirigiu na Globo. "Ofereci o projeto ['Romaria'] para Band, que ficou super interessada. Estamos conversando, adiantando negociações", revela. "Novela não é um processo simples, tem um orçamento muito grande, estamos vendo parcerias, sendo que uma delas provavelmente possa ser a (plataforma de streaming) Max."

Monjardim define "Romaria" como uma história puramente brasileira cujo grande tema é a fé. Pensada para ter 80 capítulos, a novela narra o drama de um homem que, por conta da pobreza extrema que vivia, doou os sete filhos para diferentes famílias e essas crianças foram parar em diversas partes do Brasil. No leito de morte da mãe, o filho mais velho dessa família promete que vai encontrar os irmãos e, após muita luta, ele consegue marcar o encontro de todos em Aparecida [no interior paulista]."

"'Romaria' lida com o universo das emoções mais simples do dia a dia, e não perder aquilo que foi marca registrada nas novelas que fiz: ações sociais. Em 'Romaria', falamos de câncer de mama, de alcoolismo", adianta. "Essa conversa com a Band não é só fazer 'Romaria', é implantar um núcleo de novelas e, em seguida, pensar no núcleo de shows."

Sobre a atual crise das novelas, Monjardim acredita que, para trazer o público novamente para a frente da TV, é preciso investir em produções grandiosas. "Acho que as nossas histórias não podem deixar de ter aquela coisa épica, que só a TV aberta pode fazer. O canal fechado consegue fazer obras mais herméticas e intelectuais, mas TV aberta tem que fazer obras mais humanas", avalia. "Novela tem uma fórmula antiga e ela funciona. A gente pode mudar o elenco, a forma de captação, mas tem uma mecânica de dramaturgia que é sagrada para novela. Quando saímos da fórmula da novela, o público estranha."

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