Ricky Hiraoka

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Opinião

Ano da virada? 2024 é marcado pelo protagonismo negro na TV e no streaming

No futuro, quando formos estudar a história da TV, 2024 será lembrado como o primeiro ano em que as três novelas da principal emissora do Brasil, a Globo, tiveram protagonistas negros: Gabz em "Mania de Você", Jessica Ellen e Fabrício Boliveira em "Volta Por Cima" e Duda Santos em "Garota do Momento". Essa é uma conquista e tanto se pensarmos que foram necessários 39 anos para um folhetim da Globo ser estrelado por uma atriz preta. Os responsáveis por esse feito foram o autor João Emanuel Carneiro que, logo em sua primeira novela, "Da Cor do Pecado", em 2004, conseguiu ter Taís Araujo em um papel principal.

Em 2024 ainda tivemos Ramille como uma das protagonistas de "Família é Tudo" e Juan Paiva na pele de João Pedro no remake de "Renascer". A política de uma escalação mais diversa permitiu que atores negros também brilhassem em papéis coadjuvantes. Belize Pombal e Edvana Carvalho se consagram em "Renascer" e já estão até escaladas para o remake de "Vale Tudo". Atualmente, Carla Cristina Cardoso, Tatiana Tiburcio (que tinha roubado a cena em 2023 na série "Spider"), Caio Cabral e Mariana Sena se destacam em "Garota do Momento". Já em "Volta Por Cima", a novata Bia Santana tem roubado a cena enquanto os veteranos Ailton Graça, Juliana Alves e Valdineia Soriano mostram todo o talento que possuem.

No streaming também vimos atores negros liderarem elencos de séries muito bem realizadas, como são os casos de Humberto Morais em "Sutura" (Prime Video), Jonathan Azevedo, Babu Santana, Raphael Logan, Bukassa Kabengele e Samuel Melo em "O Jogo que Mudou a História" (Globoplay), Alexandre Rodrigues e Roberta Rodrigues em "Cidade de Deus: A Luta Não Para" (Max) e Andrei Marques, Patrick Congo, Wendy Queiroz e Samuel Silva em "Os Quatro da Candelária" (Netflix).

A representatividade na teledramaturgia tem avançado bastante nos últimos tempos, mas sabemos que muito ainda precisa ser feito para que o povo brasileiro se reconheça na tela. Um dos desafios da televisão e do streaming é que a representatividade que vemos na tela também se reflita nos bastidores. Somente quando houver mais mulheres, negros e LGBTQIPNA+ ocupando cargos de chefia é que a diversidade vai acontecer de forma natural.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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