Primeiro grande vilão do BBB, doutor Rogério diz que ainda é tietado na rua
Há 20 anos, o Brasil conheceu o primeiro grande vilão do BBB: o médico Rogério Padovan. Nos primeiros dias de confinamento, Rogério, que ficou conhecido como Doutor Gê, já mostrou a que veio. Com carisma e muita lábia, arregimentou parcela considerável dos participantes em torno dele para combinarem votos. O primeiro escolhido pelo grupo para ser eliminado foi o professor baiano, Jean Wyllis, que permaneceu no programa e se tornou campeão da quinta edição do programa.
Era a primeira vez que alguém tentava jogar tão claramente no reality mais visto do Brasil, e Doutor Gê e seus aliados sentiram o efeito dessa estratégia na pele. Numa época em que redes sociais eram praticamente inexistentes e os fandoms não dominavam as votações dos paredões, Doutor Gê foi eliminado com 92% de rejeição. Esse índice só não foi maior que o de Aline, que fazia parte da turma do médico, e foi eliminada com 95% dos votos, um recorde que foi mantido até a saída de Karol Conká do BBB 21.
Aos 47 anos, Doutor Gê está casado, é pai de duas crianças, Rogerinho, 6, e Ryan, 3, e possui duas clínicas em São Paulo. Ele conversou com a coluna sobre os 20 anos do BBB 5, o de maior audiência de todos os tempos.
Como você foi parar no BBB? Olheiro ou inscrição?
Na minha época, não tinha tanto olheiro. Sabe aquele moleque que tinha o sonho da fama? Eu era assim. Não pensava no dinheiro. Queria ficar famoso para saber como era. Na época do BBB, estava em Ribeirão Preto [interior de SP], fazendo residência. Uns amigos fizeram o meu vídeo e me inscreveram. Fui chamado e o povo da produção já me amou na primeira entrevista. Não fui político nas minhas respostas. Avisei que iria para jogar e me escolheram.
Como foi sua convivência no confinamento?
Eu sou amigo de todo mundo do meu programa. Não tive inimizade com ninguém nem durante, nem pós-BBB. O que rolou é que eu entrei para jogar e conquistei nove pessoas, que ficaram do meu lado. Sou sincero e transparente. Fui de peito aberto e a galera da casa gostou de mim. Não pensava em como o público iria receber meu estilo de jogo.
Quais suas principais lembranças do programa?
Acho que a minha principal lembrança foi socorrer a Marielza, que, se não me engano, sofreu um AVC isquêmico. Ela estava na banheira com Jean e Natália, e eu estava na esteira. Ela desfaleceu e eles começaram a gritar meu nome. Boninho mandou todo mundo entrar na casa e só fiquei fora realizando os primeiros socorros. Sempre que Marielza me encontra, ela me agradece por ter salvado a vida dela. Outra lembrança são as amizades. Eu sou muito amigo do Paulo André, Tati Rio e Allan. Cheguei a jantar com Jean e ele me disse que só ganhou o BBB por minha causa.
Quando seus primeiros aliados começaram a ser eliminados, você ficou preocupado com sua estratégia de jogo?
Não. Eu descobri que era odiado quando eu ganhei uma dinâmica e, como prêmio, fui saltar de asa deltas. Quando cheguei no local para saltar, tinha muita gente e uma galera falando que não me curtia. Eu não deixei me abater. Quando voltei para a casa do BBB, falei para todo mundo que eu era amado aqui fora pelo Brasil. Logo em seguida, fui eliminado. Mas dei graças a Deus quando saí. Já não estava aguentando mais aquela rotina.
Como foi sair do BBB e lidar com as pessoas te odiando?
Vou te falar uma coisa: não tive uma crítica direta. Sou de uma época em que a internet não era tão forte. As pessoas queriam encostar em mim. As pessoas queriam me ver. Eu andava no shopping com segurança. Eu fiz um cartão com minha assinatura porque não dava conta de dar autógrafo. Em 2005, não tinha cancelamento, eu curti muito tudo que apareceu. Fui convidado para muitos eventos, mas não fui para muita coisa por causa da minha profissão, porque já voltei a trabalhar como médico logo que saí do programa. Nos hospitais em que trabalhava, havia filas de pacientes que queriam ser atendidos por mim. Até hoje as pessoas me reconhecem. Não tem um dia que eu não tire foto com alguém que viu o BBB 5.
Há uma torcida nas redes sociais para que o SBT lance um formato chamado Casa dos Vilões, que reuniria participantes de outros reality shows que ganharam fama de vilões. Você toparia outro confinamento?
Não. Quando eu saí do BBB 5, fui chamado para participar do Quinta das Celebridades, em Portugal. Não topei. Em 2010, a Globo me sondou para voltar para o BBB, mas não quis. Estava em outro momento da minha vida. Hoje, estou muito consolidado profissionalmente. Tenho duas clínicas em São Paulo. Entre meus pacientes constam nomes como Fernanda Souza, Denílson, Thiaguinho, Cassio Reis, Fernandinha Vasconcellos, José Roberto Guimarães. Sou feliz com a medicina e sendo casado com a Priscila e pai do Ryan e do Rogerinho.
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