Por onde andam os participantes mais icônicos do BBB 10?
Há 15 anos, estreava uma das edições mais memoráveis do BBB. Pela primeira vez, o reality show dividiu os participantes em tribos ("Sarados", "Cabeças", "Belos", "Ligados" e "Coloridos") e promoveu o retorno de ex-BBBs à competição.
Vencido por Marcelo Dourado, que já havia participado da quarta temporada do programa, o BBB 10 teve um elenco recheado de participantes marcantes e de muita personalidade, que até hoje mantêm contato através de um grupo no Instagram.
A coluna conversou com quatro figuras que movimentaram a décima temporada do reality show mais visto do país.
Serginho Orgastic: "Senhoras me dizem que aceitaram a sexualidade do filho por minha causa"
Eu sempre falo uma coisa: eu não ganhei o Big Brother, mas eu ganhei o carinho das pessoas. É uma sensação única de você andar na rua e ver senhoras que aceitaram o filho por sua causa. Vai fazer 15 anos que participei do BBB e ouço isso até hoje. É muito bom ter essa representatividade por apenas ser eu.
Muitas transexuais que antes da transição chegavam a mim e falavam: 'Serginho, antes da minha transação, quando eu era um menininho gay, eu me espelhava em você. Hoje, eu sou uma mulher trans e te amo e agradeço'. Aí eu me pergunto, por quê? O que que eu fiz? Eu acho que por ser eu, mostrar essa autenticidade, mostrar alegria, mostrar que independente do nosso visual, orientação e sexual, todos nós somos iguais e somos felizes. Então, eu sou muito grato de ter construído essa história, de ter construído essa parte tão icônica na nossa bandeira. Isso para mim já é o prêmio.
Participar do BBB mudou muito e de forma muito positiva. Em relação ao financeiro, não dependo mais dos meus pais, eu digo isso porque eu sempre dependi deles. Eu nunca trabalhei como todo mundo, nunca fui CLT. Então, sempre os meus pais estavam lá, fazendo tudo por mim. Eu vim de família com grana, mas eu sempre quis ter a minha independência e ter a minha grana. E foi a partir de 2010 que eu tive isso. Hoje, tenho um hotel fazenda junto com o meu pai e meu irmão, fica em Guararema, chama Hotel Vale do Encantado. Também trabalho na parte artística como influenciador digital, então faço bastante publicidade para grandes marcas.
Lia Khey: "O BBB me deu a oportunidade de me curar"
Eu fiquei dez anos sem conseguir assistir minha participação no BBB. E quando eu me assisti foi por eu ter virado meme. Em 2020, uma pessoa montou um perfil no Twitter chamado Acervo Lia Khey e começou a fazer recortes da minha participação no BBB. Isso estourou em 2021 e até fui chamada para comentar os memes no programa da Fátima Bernardes. Quando eu sentei para assistir [minha participação no BBB], eu me apaixonei por mim. Eu fui maravilhosa mesmo com meus erros. Era tudo muito verdadeiro.
O BBB serviu de estudo antropológico para mim mesma e foi uma oportunidade de me ver e me curar através disso. Quando eu falo me curar, é sobre me entender mulher de pele parda, mas que tem origem negra. Passei um longo período da minha vida não gostando de mim. O BBB mudou minha vida, pois ele me deu oportunidade de me enxergar. Eu carreguei durante muito tempo traumas e, quando eu me vi no BBB, percebi que eu estava no programa porque buscava ser amada.
Eu hoje sou uma artista visual, eu sou atriz. Tive a oportunidade de ser protagonista de uma campanha da Chevrolet que passava no intervalo do BBB. Já fiz série e, hoje, meu carro-chefe é a arte visual, eu sou escultora têxtil. Fiz o palco da Daniela Mercury. Minhas esculturas fizeram parte da cenografia do show dela com o filho. Eu assino uma coleção para uma grande rede de decoração de parede. Também tenho um trabalho social que ajuda mulheres em situação de vulnerabilidade social e violência doméstica. Eu já sofri violência doméstica e acredito que temos que usar o que aprendemos para ajudar pessoas que se assemelham a nós.
Dicesar: "As pessoas erram o meu nome, mas sabem que eu sou ex-BBB"
Antes do Big Brother, eu morei de aluguel por 18 anos. Ralava que nem um louco, com mochila nas costas, fazendo show pra cima e pra baixo. Depois do Big Brother, eu conheci o Brasil e o mundo. Conheci Espanha, Portugal, Dubai. Trabalhei com a Eliana por 4 anos. Em 6 meses, eu não comprei uma meia, mas eu terminei de pagar meu apartamento e comprei uma casa no Paraná. O Big Brother para o mundo. Tem que ter juízo, senão a gente quer comprar tudo de shopping e não rola. Tem que ter o pé no chão.
Atualmente, dei uma parada nos shows como drag queen. Há cinco anos trabalho como maquiador de teatro e faço standup também. Já criei três espetáculo de standup. Tem o 'Sou Uma Diva', que eu escrevi, o 'Eu Sou Ela, Eu Sou Ele', que eu conto minha trajetória até entrar no Big Brother, e tem o 'Ela São Loucas', que junta eu e mais três comediantes.
As pessoas até hoje me reconhecem. Às vezes, me chamam de Eliéser, de Serginho e até de Daniel, mas, mesmo assim, eu respondo. Hoje em dia os desavisados de plantão me dão tchau no meio da rua e me chamam de David Brasil. As pessoas erram o meu nome, mas sabem que eu sou ex-BBB.
Anamara: da polícia militar para o mundo da beleza
O BBB10 foi uma edição marcada pela adversidade e personalidades incríveis. Era um BBB raiz, onde todos estavam 100% entregues, sem receio do que viria depois. Eu era policial militar e saí do BBB sem ter um plano B. Não fazia ideia de como seria minha vida. Voltei ao BBB em 2013, aproveitei ao máximo os trabalhos com imagem e passei um tempo meio perdida. Não queria dar entrevistas, não me considerava famosa, mas também não era mais anônima. Me encontrei no mercado da beleza e estética —e empreendi.
Tenho uma clínica de estética, Anita Beauty Clinic, em homenagem a minha mãe Anita. Estou terminando a faculdade de biomedicina, logo também poderei fazer atendimentos em minha empresa. Quero continuar evoluindo como biomédica e empreendedora, unindo ciência, inovação e paixão para transformar vidas. Quero expandir minha atuação na estética, oferecer os melhores tratamentos e inspirar outras pessoas a acreditarem no poder do autocuidado e do empreendedorismo.
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