Ricky Hiraoka

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Opinião

Max manda bem em 'Beleza Fatal' e pode salvar dramaturgia da TV aberta

Desde que a Globo mudou sua política de contratação, a partir de 2020, e dispensou grandes nomes da teledramaturgia, nunca houve tantos profissionais qualificados no mercado que dominam a arte de produzir novela. Paradoxalmente, porém, os canais abertos nunca se mostraram tão pouco interessados em investir em ficção. SBT e Record insistem em um único estilo de produção, que já dá sinais de desgaste, e não dão sinais de que pretendem mudar essa estratégia.

Nesse cenário de oferta farta, a plataforma de streaming Max foi inteligente e soube aproveitar a mão de obra disponível para fazer sua estreia em novelas. "Beleza Fatal", primeira produção do gênero da Max, teve os primeiros capítulos disponibilizados na última segunda-feira (27), e entregou um folhetim com vários ingredientes amplamente usados na teledramaturgia num universo um tanto inédito: os bastidores do mundo da estética.

A premissa de "Beleza Fatal" gira em torno de Sofia (Camila Queiroz), que quer se vingar da extravagante Lola (Camila Pitanga), responsável pela morte de sua mãe. Nessa jornada, a jovem conta com a ajuda de Elvira (Giovanna Antonelli no melhor papel de sua carreira desde "A Regra do Jogo"), que perdeu a filha por conta de complicações em uma cirurgia plástica feita por Benjamin (Caio Blat), atual marido de Lola, e Rog (Marcelo Serrado). Juntas, Sofia e Elvira bolam um plano para acabar com aqueles que elas julgam ser responsáveis pelos infortúnios que viveram no passado.

O resultado dessa primeira investida da Max em novelas é uma obra feita sob medida para quem ama esse gênero e busca um entretenimento que não exija tanto do cérebro, o que não é necessariamente ruim. Com um elenco formado por rostos conhecidos do público, a Max marcou um golaço ao produzir uma novela com jeito de novela e ritmo de novela.

O texto de Raphael Montes é ágil na medida certa, a história tem tempo de se desenvolver e os diálogos vêm recheados de expressões, como "Capirota" e "My love", que Camila Pitanga fala recorrentemente, que parecem ter sido criadas para viralizar nas redes sociais e se tornarem memes.

A novela, aliás, parece ter sido feita sob medida para Camila Pitanga brilhar. Apesar de, em muitos momentos, "Beleza Fatal" carregar nas tintas, a vilã Lola não é aquela figura maquiavélica estereotipada. Camila traz não apenas humor para a personagem, mas também um certo nível de humanidade. Apesar de suas atitudes questionáveis, a ambição de Lola é identificável e nutrimos certa empatia por ela.

Quem também está muito bem em "Beleza Fatal" é Giovanna Antonelli, que ganhou a chance de explorar uma faceta de seu talento que a Globo não privilegiava tanto: o humor. Vivendo uma suburbana trambiqueira, ela tem o seu melhor papel desde "A Regro do Jogo" (2015) e rouba as cenas ao lado do sempre eficiente Augusto Madeira, um profissional que deveria aparecer com mais frequência nas produções da TV e do streaming.

"Beleza Fatal" tem cara de Globo e possui qualidade de produção e uma história envolvente que SBT e Record não conseguem apresentar há tempos. Se seguir investindo no gênero e acertar como fez em "Beleza Fatal", as obras da Max podem ser a solução para revitalizar a teledramaturgia diária de canais abertos.

A Band já se adiantou e comprou os direitos de exibição de "Beleza Fatal". Nada impede que, a curto prazo, a plataforma estabeleça uma parceria para produzir novelas que tenham como segunda janela a TV aberta. Essa "sociedade" seria um "ganha ganha". A Max teria um reforço financeiro e a TV aberta receberia um produto para competir em pé de igualdade com os folhetins da Globo. É aguardar e ver os desdobramentos que "Beleza Fatal" terá em nossa dramaturgia.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

3 comentários

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Márcio Henrique de Oliveira Lopes

Boa sorte a Max, nessa empreitada. 

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Cesar Baldon

Assisti e gostei, mesmo com cara de Globo.

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Lukas Colabone

40 capítulos não é novela, é minissérie 

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