15 filmes que copiaram 'Star Wars' na cara de pau (e fracassaram)
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"Guerra nas Estrelas" foi um fenômeno que o cinema jamais havia experimentado. Eu escolhi usar esse título, e não "Star Wars", porque que assim que o filme de George Lucas estreou no Brasil, antes de ser fenômeno de marketing e propriedade intelectual valiosa.
No final nos anos 70, o termo "fantasia espacial" não existia no cinema, e a ficção científica ou era cerebral - de "2001" a "THX-1138", do próprio Lucas - ou estava relegada aos filmes B, raramente espalhando-se por cinemas ao redor do mundo.
Tudo mudou depois de "Guerra nas Estrelas". Imediatamente, dúzias de produtores passaram a procurar uma história espacial para chamar de sua. Muitas vezes, a coisa era bem parecida com "Guerra nas Estrelas". Outra, era cópia na cara de pau mesmo.
E não estamos falando aqui de filmes influenciados pela história de Luke Skywalker. Não é o caso de "Independence Day", que em 1996 trouxe atmosfera de aventura similar. Nem de Christopher Nolan, que espelhou sua trilogia "O Cavaleiro das Trevas" na estrutura dos três primeiros filmes da saga espacial. Muito menos paródias diretas como "Spaceballs", que Mel Brooks fez em 1987. E acho que nem preciso mencionar "Guardiões da Galáxia"...
A treta aqui é com filmes não raro picaretas, que copiaram "Guerra nas Estrelas" para fazer a festa do exército de advogados da LucasFilm. Curiosamente, nenhuma das produções a seguir terminou em litígio. No mínimo - e esse é um chute assumido! - essas belezas ajudaram a aumentar os holofotes em cima de "Guerra nas Estrelas" e sua influência. É uma maratona de respeito!
STAR CRASH
(1978)
Nessa aventura espacial do italiano Luigi Cozzi (assinando aqui Lewis Coates), um herói ingênuo com poderes místicos empunha uma espada laser para enfrentar o maligno conde Zarth Arn, criador de uma arma para devastação cósmica. Sim, temos uma princesa. Sim, temos um robô amigo. Sim, temos David Hasselhoff fazendo sua melhor interpretação de Han Solo. Uma pérola.
MENSAGEM DO ESPAÇO
(Message From Space, 1978)
Em uma constante nessa lista, você vai perceber que todo país tentou fazer seu próprio "Star Wars". O Japão contribui com essa beleza assinada por Kinji Fukusaku (que depois faria o clássico moderno "Battle Royale").
A trama traz oito escolhidos que defendem o planeta Jillucia dos malignos Gavanas - cujo líder recebe ordens de sua mãe, a imperatriz, interpretada por um ator em drag. Nem que a gente queira conseguimos inventar algo assim...
GALACTICA: ASTRONAVE DE COMBATE
(Battlestar Galactica, 1978)
A versão mais recente de "Galactica" aborda com brilho política e militarismo em meio a uma guerra civil espacial. Já a série original é a tentativa do mega produtor Glen A. Larson em transportar a grandiosidade do filme de Lucas para a TV.
A mesma mistureba de fantasia e ficção científica é traduzida aqui em uma cápsula do tempo dos anos 70, que para ser completa só precisava de uma pista colorida e de John Travolta. Não temos isso, mas temos batalhas espaciais, robôs bonitinhos e, olha só, uma legião de fãs!
OS TRAPALHÕES NA GUERRA DOS PLANETAS
(1978)
A fábrica de filmes comandada por Renato Aragão não demorou para fazer sua versão de "Star Wars". A turma aqui nem se deu o trabalho de pensar em algo original, copiando na caruda o design e ideias de "Star Wars" (inclusive versões "rua 25 de março" de Luke Skywalker e Darth Vader). No meio, o humor circense do quarteto e efeitos especiais nível especial musical da Globo. Mas, veja só, eu assisti no cinema e foi divertido às pampas!
O HUMANÓIDE
(The Humanoid, 1979)
Ah, o cinema italiano de ficção científica dos anos 70. Às vezes seus autores até tentavam esconder o plágio a "Star Wars". No caso de Aldo Lado, ele nem tentou - a começar pelo pseudônimo com o qual esse assina essa pérola: George Lewis.
Golob (Richard Kiel, o Dentes de Aço que perseguiu James Bond em dois filmes da série) é um supersoldado criado pelo ditador Lord Graal (um Darth Vader desavergonhado) para conquistar o planeta Metrópolis. O filme começa com um texto projetado no espaço. Barbara Bach também está no elenco. A trilha é de Enio Morricone. Viva com isso.
O ABISMO NEGRO
(The Black Hole, 1979)
Demorou dois anos para que a Disney entrasse no bonde espacial pilotado por "Star Wars". Para a coisa não ficar explícita, o diretor Gary Nelson trocou o senso de aventura por um blablablá pseudo científico e colocou um elenco mais estelar, encabeçado por Robert Forster, Anthony Perkins e Maximillian Schell.
A trama, que também canibaliza "2001" e "20.000 Léguas Submarinas" coloca a equipe de pesquisadores encontrando uma espaçonave perdida, comandada por um lunático, à beira de um buraco negro. Como a Disney agora é dona da LucasFilm, espero ansioso pelo encontreo de C-3PO e R2-D2 com seus clones pobres, V.I.N.CENT e B.O.B..
MERCENÁRIOS DAS GALÁXIAS
(Battle Beyond the Stars, 1980)
O über produtor Roger Corman criou incontáveis cópias carbono de "Star Wars", mas nenhuma teve a elegância de "Mercenários das Galáxias". Talvez por ele ter colocado o plot de "Sete Homens e Um Destino" na mesma sopa, talvez pela ousadia de chamar Robert Vaughn (astro de... "Sete Homens e Um Destino"!) para a empreitada. A coisa, porém, funciona.
A história você já sabe: combatentes espaciais de diversas raças são contratados para proteger um povo de um tirano. De resto, o diretor Jimmy Murakami arrasta o ritmo, compensado pelos efeitos decentes (uma nave tem seios!). "Mercenários das Galáxias" também foi uma espécie de TCC de gente talentosa, como James Horner, que assina a trilha, e James Cameron como diretor de arte.
O FALCÃO JUSTICEIRO
(Hawk the Slayer, 1980)
Jack Palance é o astro dessa aventura de espada e feitiçaria que, ok, não tem nada de espacial - mas tem tudo a ver com o clima do cinema pop pós-"Star Wars". Hawk (John Terry) é o herói que apropria-se de uma espada mágica para derrotar o vilão, Voltan (Palance).
A partir daí, tudo parece mirar no público recém-educado por George Lucas, do poster picareta que só precisa de um "há muito tempo" para ser uma cópia completa, ao vilão e seu capacete "meio Darth Vader", que é prateado no filme, mas surge escurecido no poster.
O HOMEM QUE SALVOU O MUNDO
(Dünyayi Kurtaran Adam/The Man Who Saved the World, 1982)
Existe inspiração, existe plágio, e existe isso. Vendido como "Star Wars Turco", essa maravilha é o resultado de produtores e diretores que não estão mais nem aí e roubam filmes alheios na cara de pau. Essa pérola tem sequências inteiras canibalizadas de "Uma Nova Esperança", mesmo que a trama não tenha uma linha de "Star Wars".
É uma aventura absurda sobre um mago malvado que coloca seus prisioneiros para combater em uma arena, misturando monstros, ninjas, kung-fu e poderes mentais. Achou pouco? Além de "Star Wars", dá para pincelar cenas roubadas de "Star Trek" e "Galactica", além da trilha afanada de "Caçadores da Arca Perdida", "Ben-Hur" e "Planeta dos Macacos". Coragem!
KRULL
(1983)
"Krull", cometido pelo mesmo Peter Yates de "Bullitt", foi uma tentativa honesta de recriar o clima de matinê de "Star Wars", maquiando sua influência para ao menos parecer original. Não colou. O jovem herói tem um velho sábio como mentor e precisa enfrentar um vilão nefasto. Traz elementos místicos e uma arma poderosa.
Talvez o glaice não seja elegante como um sabre de luz, mas ao menos era diferente. O mesmo não pode ser dito do resto do filme, um fracasso recheado de atores britânicos que muita gente da geração millennial tenta revisitar como clássico cult. Não é. É só um filme ruim.
SPACEHUNTER: AVENTURAS NA ZONA PROIBIDA
(Spacehunter: Adventures in the Fobidden Zone, 1983)
Por décadas, Peter Strauss tem sido um astro... da TV. Depois de dúzias de filmes e séries na telinha, ele embarcou na onda de "Star Wars" com uma pitada de "Mad Max": um pirata espacial e sua parceira adolescente (uma Molly Ringwald pré-John Hughes) partem ao resgate de três mulheres que fizeram um pouso forçado em um planeta controlado por um ditador.
Os produtores de "Spacehunter" tinham um plano "perfeito": estrear nos cinemas cinco dias antes de "O Retorno de Jedi" para aproveitar o hype. Não colou. Mas com seus monstros, robôs e Ernie Hudson tentando (e fracassando) não imitar Lando Calrissian, fez barulho no mercado nascente do VHS. É divertido. E em 3D.
O ÚLTIMO GUERREIRO DAS ESTRELAS
(The Last Starfighter, 1984)
A coisa estava ficando séria. Depois de "O Retorno de Jedi", e com a fantasia espacial devidamente enraizada na cultura cinematográfica dos anos 80, era o momento de arriscar a sério com um sucessor da saga de George Lucas. "O Último Guerreiro das Estrelas", ao menos, foi honesto em sua tentativa.
Claro, rechear o filme com batalhas espaciais e alienígenas estranhos já era praxe. Mas a trama aqui partiu da Terra, abusando da cultura dos fliperamas para trazer alguma conexão. O herói é um jovem que bate recordes em um arcade espacial, e logo se vê recrutado para uma batalha nas estrelas bem real. A trama é ok, o design é decente e os efeitos, que usaram CGI rudimentar mas eficiente, funcionam.
STARCHASER: A LENDA DE ORIN
(Starchaser: The Legend of Orin, 1985)
Um jovem com uma espada laser precisa resgatar uma princesa e combater um ditador maligno... Sério, quase uma década depois de "Guerra nas Estrelas", a turma não conseguia bolar nada mais original? Mas, espera, fica pior!
"Starchaser" foi uma das primeiras animações a combinar desenhos feitos à mão com animações em computador. Mas foi para a rabeta da história com ser um plágio descarado - o único caso da lista em que a LucasFilm quase acionou seus advogados - que copiou designs de espaçonaves e sons da trilogia "Star Wars". Ah, o poster estampava a frase "A busca pela Força terminou"... Ah, moleque!
MESTRES DO UNIVERSO
(Masters of the Universe, 1987)
Um dos grandes mistérios de Hollywood é o fracasso de "Mestres do Universo". Os produtores tinham faca e queijo na mão: os direitos para levar ao cinema um dos desenhos animados de maior sucesso de todos os tempos, uma fantasia infanto-juvenil ambientada em um mundo de feitiçaria e realeza. Em vez disso, apostaram em um clone de "Star Wars".
E um clone mequetrefe! De cara, o nome do protagonista, o herói He-Man, foi limado do título. Quase todos os elementos bacanas do desenho, do mago atrapalhado Gorpo ao poderoso Gato Guerreiro, foram eliminados. Em vez disso, temos Dolph Lundgren e sua peruca combatendo stormtroopers na Terra. Esqueleto, por sua vez, surge à vontade como cosplay do imperador Palpatine. Tem a Monica de "Friends". E foi um fracasso.
ERAGON
(2006)
O escritor Christopher Paolini copiou "Star Wars" sem a menor cerimônia em sua série de romances que começou com "Eragon". O livro segue os mesmos pontos narrativos do filme de George Lucas, trocando a "galáxia muito distante" por uma ambientação medieval. Mas é a mesma coisa.
Na tela grande, claro, tudo fica ainda mais evidente. Em vez de Jedis, são Riders. Eles lutam com espadas. Rebeldes se unem para derrubar um império. O vilão, Galbatorix, é um Rider que sucumbiu ao "lado sombrio". O herói, Eragon (Luke) é treinado por Brom (Obi-Wan), e depois por Oromis (Yoda). Temos a mocinha que traz informações vitais para a queda do império. O anti-herói que por fim ajuda os rebeldes. Ok, "Eragon" tem dragões. Fracassou e não passou do primeiro filme. Bem feito.
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