Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Martin Scorsese tem razão: Cinema não é, e nunca foi, 'conteúdo'
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Em um artigo sobre o gênio Federico Fellini para a "Harper´s Magazine", o cineasta Martin Scorsese refletiu sobre o estado atual do cinema e da arte. Ele faz um alerta: quando tudo que produzimos como audiovisual, de grandes filmes a vídeos em canais do YouTube, são reduzidos a "conteúdo", parte da essência da arte se perde.
É uma visão que fazemos bem em prestar atenção. Conteúdo implica em produção de produtos, e quando tudo é nivelado nos mesmos parâmetros, quando tudo é igual, o valor se perde. Passamos de humanos apreciando arte a consumidores regidos por algoritmos que decidem, com base em nosso histórico, o que é melhor para cada um de nós.
A solução proposta por Martin é elegante: a curadoria. Longe de ser uma prática elitista, ele sugere que uma boa curadoria seja um gesto de generosidade, de alguém que tem conhecimento em uma área passando essa bagagem para quem o busca. É o trabalho da crítica cinematográfica, e é assim que algumas plataformas de streaming, como o MUBI, já operam.
Vivemos em um mundo acelerado, e é confortável deixar algumas decisões acerca de nosso entretenimento para a frieza das máquinas e dos números. Mas algo se perde no processo, que é a emoção compartilhada de alguém que experimentou uma forma de arte e se dispõe a abrir seu conhecimento. O mundo anda muito frio, e qualquer iniciativa que traga um pouco de calor é louvável.
Martin Scorsese não é apenas um dos maiores cineastas de todos os tempos. É também um apaixonado por cinema em todas as suas formas, e um defensor da arte como elemento transformador da sociedade. Não significa que a gente deva parar de mergulhar na cultura pop com nossos super-heróis e comédias românticas e animações fofinhas. Mas é importante, como entusiastas, perceber que o mundo é vasto. E, quando um gênio como Scorsese fala, o melhor a fazer é prestar atenção.
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