Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
'Homem-Aranha': Trailer de novo filme não traz as respostas que o fã queria
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Depois que o primeiro trailer de "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" vazou para a internet (suspeito que cabeças rolaram em alguma empresa de efeitos especiais), era questão de tempo até que uma versão oficial da prévia fosse entregue ao mundo.
Tanto melhor. Em vez de perder tempo especulando sobre um vídeo com imagem borrada e efeitos especiais incompletos, o fã "raiz" vai gastar as próximas semanas especulando sobre um com imagens tinindo de novas. É esse, afinal, o esporte favorito do entusiasta moderno: teorizar sobre o nada.
Até porque a função de um trailer nunca foi entregar respostas. Como peça de marketing, entretanto, é uma beleza. A ideia é começar o burburinho em torno de mais uma peça do tabuleiro do universo cinematográfico Marvel. Deixar a turma coçando a cabeça. Só quem pode "explicar" o que transcorre em três minutos é quem tem o roteiro embaixo do braço. Qualquer tentativa além disso é click bait.
Desde "Vingadores: Ultimato", que teve em "Homem-Aranha: Longe de Casa" seu epílogo, a Marvel já anda mexendo as engrenagens para apresentar a próxima grande ameaça aos heróis. Não importa se a história acontece no cinema ou no streaming, ela segue conectada.
"WandaVision" abriu uma fresta, escancarada com "Loki": o universo Marvel é agora um emaranhado de linhas do tempo conflitantes e variantes em realidades alternativas tecendo sua própria história. Para bagunçar mais ainda esse multiverso, a nova aventura do Aranha joga um belo martelo no mecanismo.
Ao fim de "Longe de Casa", a identidade secreta do Homem-Aranha foi revelada ao mundo, o que causa mais um caminhão de problemas a Peter Parker. Em vez de encarar o problema, ele busca uma solução alternativa: pedir que o Doutor Estranho, o Mago Supremo, conjure um feitiço que faça todo o mundo esquecer quem ele é.
Claro que mexer com a estabilidade do espaço-tempo traz consequências devastadoras, supostamente abrindo caminhos para realidades paralelas se misturarem com a nossa. O trailer, contudo, não perde tempo com esse tipo de especulação (não é aqui que se busca respostas, lembra?).
Ele revela, porém, que algo está errado ao encerrar com a volta do Doutor Octopus, mais uma vez com Alfred Molina no papel. Para quem não lembra - e já são dezessete anos! -, ele foi o vilão de "Homem-Aranha 2", de Sam Raimi. Outro universo, outro Homem-Aranha. A turma mais emocionada quer porque quer que Tobey Maguire e Andrew Garfield estejam no novo filme. Seria uma ideia estúpida, mas vai saber.
É possível chutar que a trama do novo filme, mais uma vez sob direção de Jon Watts, vai seguir esse ou aquele caminho? Não. Teorizar em cima de 3 minutos de um trailer é um exercício em futilidade. O estúdio, por outro lado, agradece: o fã pode ficar triste pela total ausência de respostas, mas os "reacts" e os vídeos com explicações garantem publicidade gratuita pelos próximos meses, até o lançamento de mais uma prévia às vésperas da estreia. Quando o filme sai, toda essa turma abraça o silêncio ao perceber que estava errada. Como sempre acontece.
Do ponto de vista mais, digamos, nerd, essa trama em que o mundo esquece a identidade secreta do Homem-Aranha sequer é nova. Nos quadrinhos, depois de remover sua máscara e mostrar ao mundo que era Peter Parker durante a saga "Guerra Civil", o Aranha viu a perseguição a seus entes queridos disparar, terminando com sua tia May baleada por um assassino a mando do Rei do Crime.
Na sequência, Peter e Mary Jane fizeram um pacto com o demônio, que na Marvel é personificado pelo vilão Mefisto. O mundo esqueceria sua identidade, e as consequências de sua revelação seriam revertidas. Em troca, o diabo queria para si o dia mais importante da vida do herói, o dia de seu casamento com Mary Jane, que então jamais acontecera. Como diria Trump, "sad".
A história foi criticada pelos fãs mais ferrenhos, já que parecia uma decisão corporativa para "rejuvenescer" Peter Parker, que como um sujeito casado não tinha mais identificação com os leitores mais novos. Até hoje é um gibi que reverbera nos quadrinhos do Aranha, mesmo com muitos de seus efeitos sendo revertidos ao longo dos anos.
"Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" não deve seguir esse caminho metafísico. Por outro lado, "Loki" abriu a porta do multiverso, explorada agora na série animada "What If...?" e que deve ser o centro de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". Mefisto pode estar por trás de tudo, claro. Que os jogos comecem!
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