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Jamie Lee Curtis em 'Halloween Kills': 40 anos explorando a essência do mal
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"Halloween Kills" sequer devia existir. Mas essa é a natureza do cinema pop - e dos filmes de terror em particular. A demanda vem quando menos se espera. O filme rodado sem pretensões por John Carpenter em 1978 tornou-se uma série de sucesso. A retomada veio em 2018. Com ela, claro, suas continuações.
O elemento que conecta "Halloween", velhos e novos, é a atriz Jamie Lee Curtis. Ela tinha 19 anos quando mergulhou no primeiro filme como a babá Laurie Strode, e manteve-se presente em quase todas as encarnações por mais de quatro décadas. A sequência de 2018, planejada para ser o ponto final nessa jornada, mostrou-se por fim um recomeço.
"Eu fiz 'Halloween: H20' em 1998, e aquele era um filme sobre fugir", lembra Jamie Lee Curtis, que garantiu o papel no filme original quando o produtor descobriu que ela era filha de Janet Leigh, estrela de "Psicose". "Aquela ideia partiu de mim, porque achei adequado retomar Laurie vinte anos depois e mostrar que ela, mesmo levando uma vida normal, estava fugindo do trauma."
Lançado no auge da retomada do slasher com "Pânico" e "Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado", "H20" rendeu uma continuação que tratou de eliminar Laurie Strode de cara, concentrando-se na figura fantasmagórica do assassino Michael Myers. Seria um final truncado, ainda que satisfatório, para a jornada de Jamie Lee como a personagem. Mas não era para ser.
"No filme que fizemos em 2018, Laurie está totalmente imersa no trauma", continua a atriz. "Ela está isolada, distante de sua filha e neta... Uma bola de pinball batendo pelos cantos até ser engolida pela valeta." A possibilidade de encarar o trauma - e Michael Myers - deixou a atriz empolgada para mais um retorno.
Mas, calma lá, e o papo de Laurie Strode ter sido morta e já ter, em algum ponto, enfrentado o assassino?
Entra em cena a nova (bom, nem tanto assim) maneira de Hollywood regurgitar suas propriedades intelectuais. "O título estava disponível e os produtores me chamaram para ver o que podíamos fazer com esse terreno em nossas mãos", lembra o diretor e roteirista David Gordon Green, responsável pela produção de 2018 e também por "Halloween Kills".
"Eu assisti a todos os 'Halloween', e enxergo coisas bacanas em todos", continua. "Mas quando eu e (o co-roteirista) Danny McBride pensamos em tudo que a obra-prima de John Carpenter nos inspirou, vimos que os elementos narrativos que expandiram a série ao longo dos anos também a tornaram confusa e complicada."
OFERTA E DEMANDA
A solução foi passar uma borracha e fazer de "Halloween", versão 2018, uma continuação direta do filme original de 1978. Um filme com começo, meio e fim, retomando a jornada de Laurie Strode e encerrando sua luta com Michael Myers, deixado para arder em chamas ao ser finalmente trancado em um porão. Uma história completa. Fim.
"Halloween", porém, foi um sucesso global de US$ 256 milhões. E essa é a natureza do cinema pop - e dos filmes de terror em particular. "Não havia planos para uma continuação, mas admito que boa parte de nossas ideias não entrou no primeiro filme", ressalta Gordon Green. "Mas havia a oportunidade, total apoio de John Carpenter e os fãs pareciam querer mais." O resultado é "Halloween Kills" e, ano que vem, "Halloween Ends".
Elenco e equipe abraçaram essa empolgação, mesmo quem sequer era nascida quando Michael Myers iniciou sua matança. "Em minha defesa, eu estava ciente de 'Halloween' muito antes de assistir ao original", brinca Andi Matichak, que interpreta Allyson, neta de Laurie Strode. "Quando eu era criança, todo Halloween um sujeito mascarado ficava em pé em nosso quintal, indo de casa em casa. Acho que ele parou quando minha mãe chamou a polícia."
Entrar no mundo de "Halloween" foi seu passaporte para entrar na comunidade dos fãs de filmes de terror. "Quando eu finalmente vi o original de John Carpenter cobrindo os olhos e jurando nunca mais trabalhar como babysitter", brinca. "A máscara branca é praticamente uma tela vazia onde podemos projetar qualquer coisa que nos assuste - é nosso maior medo concretizado."
HISTÓRIA CLÁSSICA DO BEM CONTRA O MAL
Jamie Lee Curtis, por sua vez, empresta a definição de Donald Pleasance, ator que em 1978 interpretou o psiquiatra Dr. Loomis. "Michael Myers é a essência do mal, em choque com algo tão comum quanto uma babá em uma cidadezinha do meio oeste", ressalta, pensativa.
"Laurie Strode, por sua vez, representa o bem nessa história clássica", conclui. "E eu sigo do seu lado porque, sejamos honestos, desenvolver uma personagem por 43 anos? No cinema? Como atriz essa oportunidade me deixa muito feliz."
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