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'Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa': Trailer bacana, fãs insuportáveis
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O novo trailer de "Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa" traz mais algumas pistas sobre a trama do filme que estreia em dezembro. Temos o Doutor Estranho tentando ser engraçado (não funciona), vilões de encarnações passadas do herói no cinema (a ver) e a versão Tom Holland do Cabeça de Teia finalmente zanzando por entre os edifícios em Manhattan.
Tudo muito decente, empolgante na medida certa, um pedaço redondinho de marketing para o cinemão do novo século. Teve até a evento em Los Angeles para "revelação" do trailer e Holland derrubando lágrimas, mostrando que ele é gente como a gente, emocionado com a nova aventura do super-herói mais sensacional dos quadrinhos.
Uma turma, porém, segue fazendo bico. Reclamam que o trailer "não teve" cena tal ou personagem xis ou reviravoltas mil. Não entendem a) o conceito de um trailer e b) que um filme não é o que existe unicamente em sua cabecinha. São os fãs. Radicais, barulhentos, chatos e insuportáveis. E fã, como sabemos, precisa acabar.
Não me entenda mal! Fãs são parte indispensável na engrenagem da cultura pop! Sua paixão alimenta o artista, que em troca entrega uma conexão emocional traduzida em filmes, música, palavras, imagens. É uma simbiose bacana que remove a vida da zona cinzenta e joga um pouco de cor na mistura.
O assunto em questão é o outro lado dessa moeda. Uma banda tóxica que diminui toda a experiência em curtir coisas banais como o novo trailer do próximo filme do Aranha. Uma prévia, afinal, não serve para dar respostas, mas aguçar o apetite. O prato principal só é servido quando as luzes do cinema se apagam e o projetor joga luz e som na tela.
Para esse tipo de "fã", a coisa não funciona assim. Ele é parte de uma cadeia maior de equívocos, de uma geração imediatista que acredita ser obrigação de produtores dar a eles exatamente o que eles querem, na hora que eles querem. Não atender a essas expectativas é atrair as chamas da perdição.
No caso de "Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa", a má vontade começou com a indústria de boatos muitas vezes absurdos que alimenta uma rede de plataformas dispostas a espalhar desinformação para caçar cliques.
Desde que o estúdio revelou a trama ambientada em um "multiverso", e que atores de outros filmes do herói entraram no jogo - como Alfred Molina e Jamie Foxx -, esses "fãs" (sim, sempre com aspas) buscam incansavelmente evidências que Tobey Maguire e Andrew Garfield dividirão a máscara e as teias com Tom Holland.
O que era um boato virou uma obsessão. São fotos (algumas forjadas) com atores no set que "vazam" para a internet. São pôsteres (muitos forjados) que entregam "pistas". Personagens que os "fãs" juram que foram apagados digitalmente no novo trailer. Fontes "confiáveis" que garantem que Charlie Cox também está no filme, recuperando o Demolidor da série da Netflix.
O estúdio, obviamente, adora a atenção extra. "Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa" volta a ser notícia mesmo quando não existe nada novo. Daí o novo trailer não "revela" nem Maguire, nem Garfield, nem Cox - e a gritaria online impera.
Exercícios em futurologia são tão divertidos quanto fúteis. Quando a coisa foge do controle, porém, é preciso dar um passo para trás e respirar fundo. Se a memória me serve bem, uns 90 por cento de todos os boatos levantados em cima de filme da Marvel, ou do universo Star Wars, ou de qualquer outra propriedade intelectual com uma base de fãs inflamada, terminam sendo falsos.
O novo filme lida com realidades paralelas. Lá está Alfred Molina como o Doutor Octopus, nem que seja para nos lembrar que poucos filmes baseados em heróis dos gibis são melhores que "Homem-Aranha 2", de 2004. Lá está também Jamie Foxx, como um Electro repaginado depois do borrão azul em "O Espetacular Homem-Aranha 2", de 2014.
Por mais improvável que seja uma volta de Tobey Maguire e Andrew Garfield - sem falar que seria narrativamente pobre -, uma ponta não é impossível. Mesmo que eles sigam negando qualquer participação no filme. Mesmo que Maguire esteja praticamente aposentado como ator.
No fim das contas, nada disso importa. O chororô dos "fâs" tóxicos Dúzias de "análises" que escarafuncham cada fotograma de um trailer. Os revoltados que exigem que um filme seja exatamente como eles imaginam em sua cabecinha.
É triste porque essa turma, ao devotar tempo e neurônios (modo de dizer) para provar o que eles acham que é real, deixa de saborear a única coisa que é de verdade: a antecipação por um filme que a esmagadora maioria dos fãs (esses sem aspas mesmo) só quer mesmo curtir no cinema.
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