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'Agente das Sombras': Liam Neeson quer monopólio de filmes de ação ruins
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A essa altura, o "filme de ação com o velho Liam" é praticamente uma instituição do lado B de Hollywood. Um sub gênero hoje habitado por figuras do quilate de Bruce Willis, John Travolta, Mel Gibson e Nicolas Cage, que emprestam uma lasca de sua presença magnética em filmes que, francamente, muitas vezes não valem uma paçoca.
Claro que a coisa ganha outro peso quando é o próprio Liam Neeson enfeitando o poster. O trabalho de encabeçar mais uma peça genérica tem por único propósito deixar alguns boletos pagos e ocupar o tempo do astro enquanto um papel suculento de verdade não aparece. Nesse bolo, alguns filmes são bons. Outros, nem tanto.
O novo "Agente das Sombras", lamento informar, abriga-se completamente na segunda categoria. Dirigido por Mark Williams, que assina outro "filme de ação com o velho Liam", "Legado Explosivo", é um produto tão genérico que me espanta sua exibição nos cinemas e não em uma farmácia. É um amontoado de cacoetes, explosões, diálogos e temas canibalizados, sem a menor cerimônia, de outras produções que nem sempre são tão melhores.
A trama até arrisca uns lampejos de coerência, mas no fim não faz o menor sentido. Neeson é Travis Block, um agente do FBI (ainda não é ex, mas veja só) que trabalha diretamente com o diretor da agência para resgatar colegas instáveis ou em situação de risco. Ele quer se aposentar, o chefe não deixa, "Não é uma opção, Travis", o papo de sempre.
Sua nova missão é capturar outro agente que aparentemente está envolvido com atos de traição. O sujeito, porém, tem informações sobre um projeto secreto em que o próprio FBI elimina alvos civis - o motivo, "para proteger a democracia", não passa dessa frase. Neeson descobre a verdade, passa a ser perseguido, preciso proteger a filha e a neta, metralha uma dúzia de capangas, envolve-se em uma (ou várias) perseguição de carro, whiskas sachê.
"Agente das Sombras" é uma bobagem que não consegue sequer uma posição favorável entre os "filmes de ação com o velho Liam" - eu mesmo escrevi um ranking que você pode ler AQUI. A verdade é que a fórmula está saturada. Não há mais a novidade de um "Busca Implacável", não há uma produção esmerada como em "Sem Escalas", não há o humor ácido de "Vingança a Sangue Frio".
O que temos é Liam Neeson mal se esforçando para compensar o cheque, movimentando-se com a agilidade de um panda em uma trama emocionante como colorir um desenho com números. Claro que, a essa altura, o astro não está nem aí. Ele parece confortável em seu próprio nicho, já que tem desovado filmes com a mesma fórmula em progressão geométrica.
De janeiro do ano passado, quando listei seus filmes de ação, até agora, ele já lançou dois outros filmes ("Na Mira do Perigo" e "Missão Resgate"). Mais um, "Memory", está na agulha para chegar aos cinemas ianques em abril. Esse ao menos tem pedigree, mesmo seguindo a mesma linha, com direção de Martin Campbell ("Cassino Royale") e elenco com Monica Bellucci e Guy Pearce.
No futuro imediato de Liam Neeson, só "Marlowe", de Neil Jordan, parece fugir ao padrão "filme de ação do velho Liam". O sinal para ele segue amarelo. Se bater no nível de Bruce Willis, que só em 2021 desovou oito produções classe Z nos streamings da vida, o alerta vai soar. Por enquanto Neeson segue na vantagem: seus filmes ainda são lançados primeiro no cinema.
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