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Por que só Andrew Garfield pode salvar o universo do Homem-Aranha no cinema
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"Morbius", um desastre em forma de filme, acentuou um problema corporativo que, inevitavelmente, tornou-se uma complicação criativa. A solução para consertar a bagunça está na cara: Andrew Garfield de volta como o Homem-Aranha.
Ah, antes de mais nada, o texto a seguir está coalhado de SPOILERS de "Morbius" e de outros filmes da Marvel. Siga por sua conta e risco!
Ainda aqui? Beleza, vamos lá.
Tirando a brilhante animação "Homem-Aranha no Aranhaverso", o Homem-Aranha teve três encarnações no cinema até hoje (engole o choro, fãs de Nicholas Hammond!).
Tobey Maguire fez três filmes com Sam Raimi. Andrew Garfield encabeçou mais dois com Marc Webb. Quando a Marvel assumiu a produção, Tom Holland entrou em cena.
Fãs satisfeitos, filmes bacanas, rios de dinheiro nas bilheterias. A Sony, ainda dona dos direitos cinematográficos do universo do herói, percebeu então um loop para faturar uns trocados com seus? vilões!
Daí a coisa começou a complicar. "Venom" trouxe Tom Hardy como o simbionte alienígena em um filme que, a princípio, foi assumido como parte do universo cinematográfico Marvel.
O segundo filme, "Tempo de Carnificina", jogou essa noção pela janela ao trazer uma cena pós-créditos que mostrava Venom saltando para outro universo e vendo, pela primeira vez, o Homem-Aranha - pela TV, a versão de Tom Holland.
"Morbius" entornou o caldo. O texto deixa claro que a aventura com Jared Leto se passa no mesmo mundo habitado por Venom. Ou seja, um mundo sem Homem-Aranha.
A cena pós-créditos, porém, traz para este mundo, via "fenda cósmica no céu", o Abutre - ou melhor, Adrian Toomes, interpretado por Michael Keaton em "Homem-Aranha: De Volta ao Lar".
Para complicar, uma segunda cena pós (sim, é moeda corrente) mostra Toomes se encontrando com Morbius, ventilando o nome do Homem-Aranha e sugerindo que eles fizessem uma equipe.
Nada disso faz sentido por mil motivos, o principal deles sendo narrativo. Não há nenhuma razão para Toomes procurar Morbius, muito menos sugerir uma aliança. Eles não têm, afinal, absolutamente nada em comum.
Isso é facilmente corrigível graças a "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa". A terceira aventura de Tom Holland como o herói também resgatou o Cabeça de Teia de outras realidades, colocando Tobey Maguire e Andrew Garfield na mistura.
Por conta da pseudo ciência da fantasia, a coisa funcionou. Descobrimos, por exemplo, que o Aranha versão Maguire acertou os ponteiros com sua Mary Jane. Descobrimos também que o Aranha versão Garfield atravessou um período sombrio depois da morte de Gwen Stacy.
"O Espetacular Homem-Aranha", lançado em 2012, foi a tentativa da Sony em reacender o interesse no herói e, seguindo o exemplo da Marvel, alimentar um universo próprio.
Andrew Garfield é, talvez, o melhor ator a interpretar Peter Parker e seu alter ego. Ele ficou preso, porém, em dois filmes muito preocupados em sugerir uma história maior, um universo, do que resolver suas próprias tramas.
Quando "O Espetacular Homem-Aranha 2" foi lançado em 2014, ninguém estava clamando por produções paralelas com personagens do entorno do herói. A Marvel entrou em cena, Tom Holland foi brincar com os Vingadores e Andrew Garfield ficou a ver navios.
"Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" mudou o jogo mais uma vez. A tal "fenda cósmica no céu" surgia no clímax do filme, devolvendo heróis e vilões desgarrados para seus respectivos mundos.
Mas e se algo deu errado no processo? E se um dos Aranhas terminasse em um novo mundo, um lugar que também agregasse outros desgarrados, como Adrian Toomes?
Essa conexão entre os vilões, de Morbius a Venom ao Abutre, passando inclusive por filmes ainda não lançados pela Sony como "Kraven" e "Madame Teia", precisa ser um Homem-Aranha. E esse Aranha precisa ser Andrew Garfield.
De todos os pontos de vista, corporativo e criativo, seria a solução perfeita. O conceito de multiverso foi plantado no público que nunca abriu um gibi na vida, e o sucesso de "Sem Volta Para Casa" espalhou a palavra.
A concorrência, por sua vez, mostrou ser perfeitamente possível produzir um novo "Batman" sem apagar suas versões anteriores - o filme com Robert Pattinson convive numa boa com o retorno de Michael Keaton como o Homem-Morcego em "The Flash".
Por mais que a memória afetiva com Tobey Maguire seja imensa, seus filmes tiveram um arco dramático completo, uma história com começo, meio e fim ao longo de três aventuras.
Andrew Garfield, por sua vez, teve sua carreira como escalador de paredes cortada no meio, sem nenhuma resolução, com mil pontas soltas.
Ao trazer este Homem-Aranha em uma mistura que inclui Venom, Morbius e tantos outros vilões que nunca deram as caras no cinema, o estúdio pode amarrar sua cronologia e estabelecer uma linha de filmes paralela ao universo da Marvel. Ao mesmo tempo traz um motivo narrativo para que os cars malvados se unam. Traz um inimigo em comum.
A Sony ganha, assim, seu "Sexteto Sinistro" com um conceito sólido. Filmes aleatórios como "Venom" e "Morbius" ganham novo significado. E Andrew Garfield, que nunca esteve tão em alta em sua carreira, ganha a chance de redimir sua versão do herói. "O Espetacular Homem-Aranha 3". Soa bem: façam acontecer!
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