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Banido do Oscar por 10 anos: O tapa de Will Smith custou caro ao astro
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Uma década. É o tempo que Will Smith não poderá participar de nenhum evento promovido pela Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood (nome e sobrenome), o que inclui a entrega do Oscar.
Uma década. O tapa custou caro.
Nas próximas semanas pode esperar uma leva de opiniões fervorosas contra e a favor do astro. Que a punição foi desproporcional. Ou que foi até leve, levando-se em conta que ele agrediu uma pessoa.
O fato é que ações têm consequências. A Academia, em carta aberta, desculpou-se a seus membros e também ao público por sua inação durante a cerimônia, que premiou Smith com o Oscar de melhor ator 40 minutos depois do ocorrido.
O comitê que rege a Academia de fato ficou sem reagir ao tapa que Smith deu em Chris Rock, depois de o comediante, que entregava o prêmio de melhor documentário, fazer uma piada com Jada Pinkett Smith, mulher do ator, que raspou a cabeça por sofrer de alopecia.
Podiam ter removido Smith imediatamente do Dolby Theater. Podiam ter respondido ao público momentos depois, sem deixar o ar de estupefação ficar pesado. Podiam pedir para o próprio ator se pronunciar de alguma forma. Nada foi feito. O show tinha de continuar.
Agora, as consequências. Will Smith não estará na festa do ano que vem para entregar, como reza a tradição, o Oscar de melhor atriz. Ele pode ser indicado por seus próximos trabalhos, mas provavelmente não estará na cerimônia para receber um prêmio eventual.
Seu Oscar, conquistado por sua atuação em "King Richard", também não pode ser tomado, como muitos alardearam. Seria ilegal para a Academia retroceder com o prêmio.
Outros ex-membros da Academia como Harvey Weinstein ou Roman Polanski, estes expulsos para sempre da organização, continuam cm suas estatuetas douradas enfeitando alguma estante no banheiro.
Dificilmente a carreira de Will Smith sofrerá algum revés. Ele é uma figura muito querida em Hollywood, generoso com seus pares e, o mais importante nessa indústria, seu trabalho ainda gera lucro absurdo.
Mas não ouviremos falar dele por um bom tempo. Seus projetos em andamento foram para a geladeira. O próprio Smith anunciou que vai dar um tempo da vida pública, buscando o isolamento para "curar suas feridas". Sobre a decisão da Academia, ele respondeu com um breve "Eu acato e respeito".
Não cabe a mim, ou a ninguém fora dos meandros da Academia, medir se a decisão foi ou não exagerada. Hollywood tem um histórico esquisito com sua fauna, isolando alguns talentos mais instáveis e passando pano para outros com histórico igualmente desabonador.
É uma dualidade bizarra. Mel Gibson, que já foi um dos maiores astros do planeta, foi para a geladeira quando sua vida pessoal bagunçada ficou pública demais. Ele segue no limbo dos filmes B, mesmo que tenha sido agraciado há não muito tempo com várias indicações ao Oscar, inclusive a de melhor diretor, por seu "Até o Último Homem".
Will Smith, por sua vez, pecou por ser destemperado demais e público demais em sua explosão. Aplausos a Chris Rock por ter mantido absoluta calma durante o incidente, e por não aproveitar para faturar em cima do embalo em sua atual turnê nos palcos como comediante de stand up.
Curiosamente, muitos também queriam a cabeça de Rock, que a Academia "tomasse alguma atitude". Não faz sentido. Ele é um comediante e fez o que um comediante faz: contou uma piada. Uma piada ruim, de mau gosto, fora de tom e de script. Ainda assim, uma piada.
Agora, e pelo menos por enquanto, esse capítulo incomum da história de Hollywood está encerrado. O tapa de Will Smith teve consequências, e cabe ao astro olhar para o futuro e decidir como agir desse ponto em diante. Fica valendo, como tudo mais no mundo, a regra de mãe: bateu no coleguinha, perdeu a razão.
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