Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Violento e virtuoso, 'Jujutsu Kaisen 0' é anime perfeito para ver no cinema
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Não tem jeito. Existe um dinamismo no anime que os melhores desenhos produzidos do lado de cá do mundo sequer conseguem arranhar.
"Jujutsu Kaisen 0" é o melhor exemplo de como os estúdios japoneses estão anos-luz à frente em conceito, desenvolvimento e execução.
Tudo aqui é superlativo, do design de criaturas saídas de um pesadelo às cenas de luta, mostradas como um balé supersônico e mortal. É, ao mesmo tempo, horripilante e irresistível.
O que levanta uma pergunta honesta: por que não temos mais animes exibidos nos cinemas brasileiros? No Japão os desenhos animados são, além de parte forte de sua cultura, combustível para grandes bilheterias.
É tudo questão de planejamento, de enxergar cada expressão artística também como produto. "Jujutsu Kaisen" começou como mangá, uma série em quadrinhos publicada desde o começo de 2018.
O mangá é uma instituição sagrada no Japão, com tramas acordando todos os assuntos - e acredite quando eu digo TODOS os assuntos -, para um público vasto e diverso, crianças e adultos, sem pudor ao abordar sexualidade, esportes, dramas adolescentes e terror casca grossa.
"Jujutso Kaisen 0" serve como prólogo para a série em animação que adaptou o mangá em 24 episódios, exibidos entre 2020 e 2021 (uma segunda temporada está prometida para o ano que vem). Como produto, a criação de Gege Akutami é um sucesso.
Como esforço artístico, entende-se o motivo de "Jujutsu Kaisen" ter conquistado tantos fãs em tão pouco tempo. É uma salada de referências e influências.
A trama segue uma escola em que adolescentes dotados de poderes mágicos - aqui chamados "maldições" - precisam aprender a lidar com seu dom e, claro, combater os magos do mal.
O protagonista do filme é Yuta Okkotsu, um jovem retraído que carrega o poder de uma amiga/paixão de infância, que depois de morta tornou-se um demônio que o acompanha e esfarela quem o desafia.
Essa maldição o coloca em um nível de poder muito acima de seus colegas, e também desperta a cobiça do malvado Suguro Geto, ex estudante da escola Jujutso, banido após massacrar uma centena de inocentes - pessoas não mágicas para ele são animais.
Yuta é, então, trinado pelo habilidoso Satoru Goju para controlar o espírito superprotetor atrelado a ele, e aos poucos ganha a confiança de seus colegas, Maki Zenin, Toge Inumaki e Panda, cada um com habilidades distintas, como os mutantes em X-Men.
Não existe nenhuma grande novidade na trama de "Jujutsu Kaisen 0", mas o modo como o diretor Sung-hoo Park monta sua narrativa faz toda a diferença. A Terra passa a ser atacada por maldições convocadas por Geto, que parecem as criações plácidas de Hayao Miyazaki acometidas de fúria assassina.
Cada nova cena é uma festa para os olhos, cada batalha precisa depois ser vista em câmera lenta para admirar a habilidade técnica em coreografar combates absurdamente violentos, extremamente velozes mas que nunca atrapalham o fluxo da ação.
De resto, é o estilo japonês de fazer animação em ação com anabolizantes. Os diálogos são recitados como se fosse uma peça de teatro infantil, as emoções se descortinam em um crescendo quase cômico, existe uma atmosfera de exagero que provoca uma mistura de risos com empolgação.
Quando um anime é bem executado, ele se torna uma força da natureza. É uma pena que "Jujutso Kaisen 0" ainda seja uma exceção, e não a regra, para a exibição de desenhos japoneses aqui na terrinha. Estamos de olho!
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.