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Roberto Sadovski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Por que Bruna Marquezine vai se tornar nossa maior estrela

Bruna Marquezine estreia "Besouro Azul" ano que vem - AgNews
Bruna Marquezine estreia 'Besouro Azul' ano que vem Imagem: AgNews

Colunista do UOL

03/07/2022 04h00Atualizada em 03/07/2022 12h55

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Bruna Marquezine é um doce. Foi a impressão que ficou depois de uma entrevista, que fiz pouco antes da pandemia isolar o planeta, quando ela lançava o drama "Vou Nadar Até Você".

O filme era qualquer nota, e a personagem da atriz não tinha muita carne nos ossos para que ela pudesse explorá-la mais a fundo. Ainda assim, Bruna parecia curiosa, interessada e extremamente esforçada para dar mais camadas a seu trabalho.

O papo, então, foi ao ar (você pode conferir clicando aqui), e eu já estava pensando na coluna seguinte. Foi quando decidi dar uma espiada nos comentários dos leitores que seguiam a entrevista. Preferia não ter visto.

Eu já trabalho com cinema há tempo o bastante para entender que a turma pode se exaltar com uma opinião, uma interpretação, um trabalho público. Poucas vezes, porém, me deparei com uma demonstração tão gratuita e descabida de puro ódio.

Os posts, a maioria de homens (protegidos pelo anonimato da internet), buscavam desqualificar o trabalho de Bruna. Tentavam atrelar sua carreira e seu sucesso ao relacionamento que ela teve com um jogador de futebol. Era misoginia em cima de ignorância.

Pensei em publicar uma reposta, mas seria algo inútil. Os trolls, os haters que se arvoram da coragem atrás dos teclados não agem com razão ou com empatia. O que os move é mesmo o despeito, a inveja e a ignorância. O tempo, pensei, traria a melhor resposta.

Bruna, por sua vez, seguia sua carreira, alheia o máximo possível a toda essa negatividade. Ao longo dos anos ela concedeu entrevistas em que confessa quase ter cedido ao peso do julgamento por ela ser uma pessoa pública, que em um breve recorte de sua vida se relacionou com outra pessoa pública.

Sua resposta, porém, veio com o foco no trabalho. Confesso não ser fã do formato narrativo de uma novela, não acho que uma história que navega com o critério da audiência consiga manter sua integridade criativa por meses a fio. Na conversa comigo em março de 2020, Bruna Marquezine compartilhou esse mesmo cansaço.

De lá para cá, ela tratou de agir. Cortou as amarras de exclusividade com a Globo, fez uma série para a Netflix e foi exercitar seus músculos dramáticos em um mercado mais complicado e extremamente mais competitivo: Hollywood.

Deixar a zona de conforto de ser uma estrela em casa é uma atitude corajosa. Especialmente sabendo que a rotina de um ator na capital do cinemão ianque é fazer testes, ler roteiros, tentar conseguir papéis disputados de forma acirrada. Bruna mergulhou nesse oceano sem medo.

O vídeo em que ela recebe a notícia de ter sido escalada para a adaptação do personagem da DC "Besouro Azul" é genuinamente emocionante. Ela não esconde as lágrimas e compartilha sua emoção com o mundo. É um barato!

Os tais haters, claro, seguem em sua cruzada medíocre para tentar desqualificar seu trabalho. De nada adianta. Bruna filmou com Susan Sarandon em uma produção que vai rodar o mundo. No momento em que escrevo essas palavras, a atriz segue com sua jornada. De esforço pessoal e brilho próprio.

Nos últimos quatro anos, a imagem do Brasil para o resto do mundo foi castigada à exaustão. Perdemos nosso brilho de nação conciliadora, de país cordial e hospitaleiro. Só não digo que é uma batalha perdida porque a arte teima de resistir ao ódio.

Anitta tem conquistado cada vez mais espaço no mercado musical internacional ao combater trevas com graça, ao atrelar mais uma vez música e humor ao nome do país. No cinema, Alice Braga, Wagner Moura e Rodrigo Santoro são os exemplos mais proeminentes da arte com cara de Brasil consolidando seu lugar no mundo.

Bruna Marquezine tem uma história longa como atriz. Começou criança, foi criada na Globo entre novelas e séries, mas acreditou que era a hora de alçar voos mais ambiciosos, confiante em seu talento - e, acredite, sem talento ninguém passa da porta na máquina do cinemão.

Demorei mais de dois anos para desenhar uma resposta à turma que, provavelmente descontente com seu próprio espelho, despeja ódio para quem voa mais alto. Nem precisava. Bruna Marquezine está aí, de cabeça erguida, construindo uma história que ainda vai nos dar muito orgulho. É uma sensação boa.

Ah, e ela é um doce!