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"Thor: Amor e Trovão" foge dos riscos para manter a roda da Marvel girando
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Todo leitor de quadrinhos conhece o conceito do "gibi da semana". É a história que mantém a engrenagem girando. Uma aventura divertida e honesta, mesmo que não traga novidades e não empolgue ninguém. "Thor: Amor e Trovão" é um gibi da semana.
O filme de Taika Waititi, voltando ao batente da Marvel depois de "Thor: Ragnarok", leva uma grande vantagem sobre boa parte das outras produções do estúdio. Apesar de colocar um ou outro ladrilho no tal universo cinematográfico, é uma história que funciona mais ou menos sozinha.
O "mais ou menos" vem por conta não só das conexões imediatas, como os Guardiões da Galáxia partindo da Terra com o Deus do Trovão a bordo ao final de "Vingadores: Ultimato", como também por uma ou outra sugestão de coisas que estão por vir. A necessidade de uma bula, entretanto, é mínima.
O vilão da aventura é Gorr (Christian Bale), o assassino de deuses que empilha cadáveres de divindades ao longo de sua jornada, desde que perdeu a filha ao não ter as próprias preces respondidas. Como manda a cartilha, é um malvadão que não é exatamente maligno, sendo somente um sujeito injustiçado que vai ao extremo.
Para combatê-lo, Thor (Chris Hemsworth, cravando aqui onze anos de Marvel) reúne uma equipe que conta com Korg (voz do próprio Waititi), Valkíria (Tessa Thompson) e de Jane Foster (Natalie Portman), agora ela mesma uma Deusa do Trovão com os poderes de Thor.
Parece a fórmula de nove entre dez filmes de super-heróis: juntar um pequeno exército para combater uma ameaça muito poderosa para um único indivíduo. Nesses tempos modernos parece que só o Batman continua sendo um cavaleiro solitário.
Apreciar "Thor: Amor e Trovão" depende unicamente da admiração pelo estilo anárquico de Taika Waititi. Se "Ragnarok" lampejos de sua personalidade ainda brotavam nas estrelinhas de um (ótimo) produto Marvel, aqui o show é inteiro do diretor.
Na prática, significa que essa aventura do Deus do Trovão é assumidamente uma comédia. Pouco restou, para o bem e para o mal, do personagem apresentado ao cinema em 2011. Não é uma escolha ruim, já que super-heróis dos quadrinhos quase sempre funcionam melhor no cinema com uma boa dose de humor.
Ainda assim, algumas sequências trazem piadas tão fora do eixo que nos arrancam do filme. Como o resumo do relacionamento de Thor e Jane Foster, executado como uma montagem que parece um episódio torto de "Mad About You". Os atores estão se divertindo horrores! Do lado de cá, aguardo risadas amarelas.
Dos seis Vingadores originais, somente a metade encontra-se em atividade. Com o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) e o Hulk (Mark Ruffalo) enfeitando a Disney+, restou a Chris Hemsworth a tarefa de manter a chama acesa no cinema. Entende-se, portanto, que ele queira chacoalhar o status quo do personagem.
"Thor: Amor e Trovão" se encarrega justamente dessa tarefa. Mesmo sem correr riscos, o filme amarra um arco dramático decente e chega ao fim com um Thor diferente. Diferente dos gibis, diferente dos outros filmes, mas pronto para encarar o futuro.
A Marvel é hoje uma máquina bem azeitada, e esse conforto é também sua maldição. Entregar seus brinquedos a um autor como Taika Waititi é uma maneira de manter as coisas interessantes - pelo menos até a próxima grande saga ser arquitetada. Enquanto isso, "Thor: Amor e Trovão" é diversão sem compromisso. Não tem brilho mas não ofende. É um bom gibi da semana. Você vai entender.
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