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'A Casa do Dragão' ainda busca sua voz mas deve saciar órfãos de 'GoT'
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"Game of Thrones" sempre foi um novelão. Ao longo de oito temporadas, a série inspirada em "As Crônicas de Gelo em Fogo", de George R.R. Martin, trouxe intrigas palacianas, dramas familiares, traições, casamentos, nascimentos e morte. Tudo embalado em uma fantasia medieval de sexo, violência e dragões.
Não é surpresa, portanto, que "A Casa do Dragão" traga em seu ponto de partida os mesmos elementos familiares que fizeram de "GoT" um fenômeno global. A diferença é que, desta vez, seus criadores trabalham sob os ombros de uma marca de sucesso comprovado. O que pode deixar a tarefa mais fácil, mas também aguça o olhar em cada movimento da nova série.
A vantagem de caminhar em terreno já explorado é que "A Casa do Dragão" perde o mínimo de tempo possível para explicar o mundo de Westeros. A ação, inspirada no livro "Fogo & Sangue", ocorre cerca de dois séculos antes dos eventos retratados em "Game of Thrones", narrando a história do clã Targaryen, soberanos dos Sete Reinos e mestres de dragões.
O ponto de partida é a sucessão do Trono de Ferro, estremecido após a posse do Rei Viserys Targaryen (Paddy Considine). Apresentado como um homem justo e decente, fica dolorosamente óbvio que ele não é a pessoa certa para portar a coroa.
Sua inadequação dispara, ainda nos bastidores, um conflito familiar envolvendo seu irmão, Daemon (Matt Smith), a princesa Rhaenys (Eve Best), preterida como rainha, e Rhaenyra (Emma D'Arcy), jovem filha de Viserys e, obviamente, alvo primário da admiração e da inveja palaciana.
As maquinações políticas e o tempero de sexo e violência estão em seu devido lugar desde o começo de "A Casa do Dragão". A confiança da HBO na marca facilitou a abertura dos cofres, o que fica evidente com a produção elegante e sofisticada. Existe um certo brilho nos corredores, salões e aposentos, sugerindo a opulência que anmtecedeu a queda retratada em "Game of Thrones".
O que se sobressai em estilo, porém, ainda precisa ser lapidado em seus personagens. Ao contrário da série anterior, ainda falta em "A Casa do Dragão" protagonistas com os quais podemos nos identificar, seja em admiração, seja em ódio.
Existe o calculismo e a selvageria em Daemon, amplificada pela boa performance de Matt Smith. É possível também enxergar o potencial de Rhaeryna, tanto adolescente nos primeiros episódios (então interpretada por Milly Alcock) quanto depois, preparando-se para assumir seu trono de direito. Em comum, todos tem perucas horríveis!
São personagens ainda monocromáticos, sem a diversidade que caracterizava a imprevisibilidade em "Game of Thrones". O foco nos Targaryen impede que a série, ao menos neste ponto de partida, explore os cantos mais interessantes e surpreendentes do mundo imaginado por George R.R. Martin.
Por outro lado, esse hermetismo em "A Casa do Dragão" permite explorar a casa real herdada séculos depois por Daenerys Targaryen com maior profundidade. Não é uma opção a ser subestimada e pode ser definitiva para distinguir a nova série de sua antecessora.
Existe potencial em "A Casa do Dragão", acompanhado de uma expectativa gigantesca para, se não superar, ao menos repetir a febre mundial que se tornou "Game of Thrones". A concorrência desta vez é pesada e concomitante: em duas semanas estreia "O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder", que promete abocanhar um naco da atenção dos Targaryen.
Do lado de cá, porém, ninguém pode reclamar. Raramente a cultura pop foi brindada simultaneamente com dois produtos de fantasia com tamanha sofisticação. Ainda assim, a leve vantagem de "A Casa do Dragão" é evidente: belíssimos, perigosos e fascinantes, é difícil competir com uma série que traz dragões. Os elfos que se cuidem!
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