Topo

Roberto Sadovski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Marvel se firma como melhor plano de aposentadoria em Hollywood

"Thunderbolts", nova equipe de super heróis da Marvel, chega aos cinemas em 2024 - Marvel
"Thunderbolts", nova equipe de super heróis da Marvel, chega aos cinemas em 2024 Imagem: Marvel

Colunista do UOL

12/09/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A piada há alguns anos era, se você trabalha em Hollywood, cedo ou tarde terá Steven Spielberg como patrão. A equação agora é outra: dificilmente alguém passa pela indústria do cinema neste século sem ter a carteira de trabalho carimbada pela Marvel.

A apresentação do estúdio este fim de semana no D23, mega evento de marketing para os produtos Disney, trouxe ainda outra certeza inabalável. Se você trabalhou para a Marvel em algum ponto de sua carreira, seu telefone certamente vai voltar a tocar.

Que o diga o ator Tim Blake Nelson. Coadjuvante em "O Incrível Hulk", em que Edward Norton defendeu o papel do golias esmeralda num já longínquo 2008, Nelson volta ao universo cinematográfico da editora em "Capitão América: Nova Ordem Mundial", agendado para 2024.

marvel23 tim - Universal - Universal
Tim Blake Nelson, de 'O Incrível Hulk', volta à Marvel em 'Capitão América: Nova Ordem Mundial'
Imagem: Universal

Tim Blake Nelson teve de esperar quatorze anos para voltar à Marvel no cinema, garantindo assim uma aposentadoria bacana. O elenco de "Thunderbolts", super equipe que também chega aos cinemas em 2024, não precisou de um intervalo tão grande para manter o contracheque,

Originalmente um grupo de super-heróis formado por vilões disfarçados, a versão para o cinema dos Thunderbolts traz no elenco salpicado de outros filmes do estúdio alguns criminosos reformados, supostamente para agir nas sombras do universo Marvel. O conceito é mais ou menos como o de "Esquadrão Suicida" e... Bom, é meio que igual a "Esquadrão Suicida"!

O maior nome é Florence Pugh, a nova Viúva Negra, mostrando o faro imbatível do produtor Kevin Feige para escolher seus elencos. Ela foi apresentada justamente em "Viúva Negra" ao lado de Scarlett Johansson e depois reapareceu na série "Gavião Arqueiro". Do seu lado, Sebastian Stan crava seu sétimo trabalho como Bucky Barnes/Soldado Invernal.

Completando o time temos o Fantasma (Hannah John-Kamen, de "Homem-Formiga e a Vespa"), Treinador (Olga Kurylenko, de "Viúva Negra"), Guardião Vermelho (David Harbour, também de "Viúva Negra") e o Agente Americano (Wyatt Russell, da série "Falcão e o Soldado Invernal"). À frente do time, Julia Louis-Dreyfuss retorna como a Valentina Allegra de la Fontaine, que deve ter seu papel ampliado na Marvel.

A segurança profissional não é, obviamente, o fator determinante para a Marvel atrair tanta gente de talento para seu manto. Mas é inegável o apelo e a segurança em saber que dificilmente vá faltar trabalho em um filme ou uma série.

Ben Kingsley interpretou o ator Trevor Slattery, que finge ser o criminoso Mandarim, em "Homem de Ferro 3". Ficou em banho maria até ser resgatado em "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis", e deve voltar à Marvel na série "Wonder Man", que sequer tem data para estrear. Don Cheadle substituiu Terrence Howard em "Homem de Ferro 2" e não saiu mais do batente como James Rhodes/Máquina de Combate. Já está escalado para as séries "Invasão Secreta" e "Guerra das Armadoras", esta como protagonista.

Não é difícil, portanto, entender como atores premiados buscam seu espaço no universo Marvel. Como Gael García Bernal, que está à frente do especial de Halloween "Lobisomem na Noite" e provavelmente será reaproveitado em "Blade". Ou Olivia Colman e Emilia Clarke, ambas ao lado de Samuel L. Jackson e Ben Mendelsohn em "Invasão Secreta".

A volta de Tim Blake Nelson, porém, é emblemática. Seu retorno amarra uma das muitas pontas soltas no emaranhado que a Marvel teceu em mais de uma década. Em "O Incrível Hulk", que teve direção de Louis Leterrier, Tim Blake Nelson fazia Samuel Sterns, pesquisador fascinado com a condição de Bruce Banner que, à distância, o ajuda a entender sua transformação no monstro verde.

Ao fim da aventura, Sterns é ferido na cabeça, acidentalmente misturando o sangue do Hulk ao seu. Nos quadrinhos, o personagem se torna o vilão Líder: em vez dos músculos, é sua mente que ganha força, expandindo infinitamente sua inteligência.

"O Incrível Hulk" foi, por anos, o patinho feio entre os filmes da Marvel. A segunda produção do estúdio, lançada poucos meses depois de "Homem de Ferro", era deixada de lado por trazer um outro ator como protagonista. Quando Edward Norton não reprisou o papel de Bruce Banner em "Os Vingadores", sendo substituído por Mark Ruffalo, os eventos do filme passaram a ser mencionados superficialmente.

Aos poucos a Marvel fez as pazes com "O Incrível Hulk". William Hurt retornou como o general "Thunderbolt" Ross em "Capitão América: Guerra Civil", agora como secretário de defesa. Tim Roth também voltou ao jogo como Emil Blonski, o vilão Abominável: primeiro em uma ponta em "Shang-Chi", depois como parte integral do elenco da série "Mulher-Hulk" na Disney+. Liv Tyler e, vá lá, Ty Burrell, não devem desgrudar do telefone.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL