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'Órfã 2: A Origem' não faz o menor sentido mas é um barato!
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"A Órfã", lançado em 2009, é um slasher, filme de terror com um assassino que passa a faca geral, bem redondinho. A premissa era absurda: garotinha estranha adotada por casal amoroso se revela uma mulher adulta com um distúrbio que emperrou seu crescimento.
O papel da protagonista, Esther, coube a Isabelle Furhman, então com 12 anos, que basicamente interpretou uma mulher de 31 fingindo ter 9. Ok, segue o baile. "A Órfã" segue a contento a cartilha do gênero, com mortes sangrentas, não raro criativas, culminando com a heroína do filme, a mãe bacana interpretada por Vera Farmiga, despachando sua algoz.
Seria o fim da história, mais um entre centenas de filmes de terror que fazem barulho, ganham um séquito de fãs e alimentam maratonas do gênero para quem não se importa em se distrair com a pipoca. A vilã, afinal, não sobrevive. Mas sabemos que isso nunca impediu produtores espertos de voltar à cena do crime.
O que nos leva a "Órfã 2: A Origem". Como o título já revela, a ideia é explorar um recorte da vida de Esther antes de seu golpe derradeiro. A primeira providência foi convocar mais uma vez Isabelle Fuhrman, agora com 25 anos, para o papel da psicopata que finge ser uma garotinha. Não tem lógica, mas isso nunca impediu a criação de um filme de terror, certo?
O desafio do diretor William Brent Bell (o responsável pelo original, Jaume Collet-Serra, devia estar ocupado trabalhando com Dwayne Johnson em "Adão Negro") era desenhar uma história que mantivesse nosso interesse, mesmo sabendo que a) aqui Esther não pode morrer, e b) ela precisa de um antagonista ainda mais perverso, para que entre no jogo com nossa simpatia.
Para surpresa geral, "Órfã 2" emerge triunfante nos dois quesitos. Vou além: sem a habilidade de Colet-Serra para concatenar uma narrativa mais fluida, Bell tomou a decisão de abraçar o absurdo. Como resultado, o novo filme, dentro de sua lógica torta, termina um passatempo ainda mais divertido que seu antecessor.
É mais ou menos assim. Esther (ou melhor, Leena, seu nome russo) escapa da instituição mental que a mantém presa na Estônia e, depois de uma pesquisa rápida na internet, assume o papel de uma garotinha americana desaparecida quatro anos antes. A família - papai Allen (Rossif Sutherland), irmão Gunnar (Matthew Finlan) e mamãe Tricia (a incrível Julia Stiles) - logo a traz para sua abastada mansão em Connecticut.
A partir daí, a coisa toda parece telegrafada. Uma psicóloga e um detetive da polícia têm lá suas dúvidas sobre a verdadeira identidade da "criança", o que sugere um banho de sangue vindouro. "Órfã 2", porém, não quer ninguém confortável, e o roteirista David Coggeshall tira um coelho tamanho jumbo da cartola com uma reviravolta que arrancou meu "uau".
Quanto menos você souber, acredite, melhor. "Órfã 2" é uma pérola do cinema trash que resiste de forma belíssima à revisão - no momento em que eu traço essas linhas, já assisti ao filme duas vezes. É divertido, engraçado e traz em Isabelle Furhman a anti heroína que a gente sequer sabia que queria reencontrar.
A atriz, por sinal, é quem mais se diverte no filme. Sem nenhuma trucagem digital, ela retoma o papel de Esther/Leena com facilidade desconcertante. Funciona? Claro que não! A vontade de gritar "turma, essa moça parece TUDO menos uma criança de 9 anos!" é forte. Faz parte do charme de "Órfã 2". Seus criadores agora que se virem para trazer Isabelle Furhman de volta em um terceiro round. De preferência, jogando mais uma vez a lógica pela janela.
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