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'Desaparecida' prova que um raio pode, sim, cair duas vezes no mesmo lugar
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A contribuição da Internet para o cinema parecia ter estacionado nas redes sociais em que fãs de cultura pop trocam gentilezas e afagos e nos vídeos em que nerds reagem fervorosamente (e artificialmente) a novos trailers.
Esgueirando-se por entre a densa selva do mundo virtual, porém, está um estilo que, embora pareça coisa de estudante de cinema armado com um smartphone, vez por outra surja em produções mais classudas: a arte de contar uma história mostrando os eventos em uma tela de computador, um tablet ou um celular.
É justamente o formato adotado neste "Desaparecida", continuação espiritual - e corporativa, já que divide parte dos produtores e roteiristas - de "Buscando...", thriller cibernético bem decente que em 2018 se tornou um sucesso global de modestos US$ 75 milhões. Onde existe dinheiro, por óbvio existe um estúdio ávido para fazer um troco.
Assim como seu predecessor, "Desaparecida" é um cyberthriller narrado inteiramente em todo tipo de tela por meio de dúzias de programas - noticiários, web séries, facetime, whatsapp e até aplicativos de namoro. A diferença é que aqui a técnica parece mais refinada, a narrativa flui melhor e a montagem, que passeia por este mundo virtual, é mais esperta.
A adolescente June (a ótima Storm Reid) vive um relacionamento complicado com sua mãe, Grace (Nia Long), desde a morte de seu pai mais de uma década antes. Uma viagem para a Colômbia de Grace com seu novo namorado, Kevin (Ken Leung), é a desculpa para a jovem passar uma semana na farra.
A coisa complica quando o casal não aparece no aeroporto na data marcada para o retorno. O que parece uma escapada romântica logo toma proporções mais sérias, envolvendo o FBI, um colombiano boa praça (Joaquim de Almeida) e um mistério que parece envolver o passado de Grace. Resta a June, vendo as mãos das autoridades atadas, desbaratar esse nó.
Contar uma história por meio de dispositivos eletrônicos, quem diria, tem nome. O termo screenlife foi cunhado pelo cineasta russo Timur Bekmambetov, que em 2014 produziu o terror "Amizade Desfeita", levando a experimentação do formato narrativo em telas de diversos aparelhos para o mainstream.
Bekmambetov, conhecido por seu trabalho em "Guardiões da Noite", "O Procurado" e "Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros", tomou gosta pela brincadeira e dirigiu o thriller "Profile" neste formato em 2018, além de produzir tanto "Buscando..." quanto "Desaparecida".
Se a experiência pode soar cansativa, "Desaparecida" dribla o tédio trazendo o equilibrio certo ao contar uma história convencional usando de forma esperta as firulas visuais. Pode parecer difícil acreditar em uma trama inteira narrada em uma infinidade de telas, câmeras e apps, mas o filme traz reviravoltas e surpresas o suficiente para manter a ação fluindo - e as unhas roídas.
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