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Roberto Sadovski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Filme, atores, animação, tudo: Quem vai, afinal, ganhar o Oscar 2023

Colunista do UOL

11/03/2023 04h00

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Amanhã a Academia revela os vencedores da edição 2023 do Oscar. Prever quem leva a estatueta para casa é questão de temperatura, de entender para onde a balança pendeu nas semanas que antecederam o fim da votação. Não é, contudo, uma ciência exata: muita coisa vem do puro e simples palpite!

Claro que estou mandando essa porque o Oscar 2023 se mostrou particularmente complicado para cravar os chutes. Mesmo com favoritos absolutos como "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo", algumas categorias estão simplesmente no cara ou coroa. Justamente por isso, a festa será animada. Pega o bolão e vem comigo!

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'Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo'
Imagem: Diamond

FILME
O melhor entre os dez indicados é, sem a menor sombra de dúvida, "TÁR". Uma vitória do excelente "Top Gun: Maverick", por outro lado, marcaria uma celebração bacana da volta do cinemão após a pandemia. Mas estamos no ano do multiverso e da diversidade, então é impossível a estatueta não ir para "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo".

DIRETOR
Por um bom tempo eu tinha certeza que Steven Spielberg levaria sua terceira estatueta, dessa vez pelo autobiográfico "Os Fabelmans". A temperatura, porém, esfriou, com a balança se equilibrando para o lado de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, responsáveis por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo".

ATRIZ
Não existe, em nenhuma categoria, não importa o gênero, atuação mais completa e impactante do que a de Cate Blanchett por "TÁR". Por outro lado, a campanha por Michelle Yeoh por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo" disparou após sua vitória no SAG. Um post malcriado em rede social cutucando a coleguinha, porém, pode ter jogado areia no bolo. Então sigo com Cate Blanchett por "TÁR".

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'A Baleia'
Imagem: California

ATOR
A briga aqui começa a ficar boa. Colin Farrell já ficou à frente por "Os Banshees de Inisherin", e a simpatia absoluta por Austin Butler em "Elvis" subiu, murchou e voltou ao topo. É fácil cravar uma vitória de Butler, mas aqui vou ao instinto para apontar o trabalho excepcional de Brendan Fraser em "A Baleia".

ATRIZ COADJUVANTE
Boa sorte para quem está colocando uma grana no bolão do Oscar, já que essa categoria é o caos e a barbárie. Minha favorita é Kerry Condon, brilhante em "Os Banshees de Inisherin". Existe a torcida para Angela Bassett por "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre", mas acredito que seja mais por toda sua carreira. Se essa for a régua, fico com a simpatia de Jamie Lee Curtis por Tudo em "Todo o Lugar ao Mesmo Tempo".

ATOR COADJUVANTE
Desde o começo da "corrida", todos os indicados parecem estar no banco do passageiro para aplaudir o retorno triunfal de Ke Huy Quan em "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo". Gosto de Barry Keoghan em "Os Banshees de Inisherin", e Judd Hirsch trouxe pulso para "Os Fabelmans". Mas o Oscar é de Ke Huy Kwan por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo".

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'Nada de Novo no Front'
Imagem: Netflix

ROTEIRO ADAPTADO
Existe toda uma rede de apoio para Sarah Polley, que viu seu "Entre Mulheres" desaparecer nos cinemas, sendo pouco visto inclusive por membros da Academia. Ela garfou o prêmio do Sindicato dos Roteiristas, o que parece pavimentar uma vitória aqui. Ainda assim, fico com a adaptação poderosa do clássico de Erick Maria Remarque, "Nada de Novo no Front".

ROTEIRO ORIGINAL
Não sei o que Ruben Östlund está fazendo aqui, já que "Triângulo da Tristeza" não passa de surto coletivo. Todd Field, meu favorito, construiu uma pessoa "real" com o surpreendente "TÁR", e existe uma onda grande de boa vontade com Martin McDonagh e seu "Os Banshees de Inisherin". A bola da vez, contudo, é o texto esperto dos Daniels para "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo".

FILME INTERNACIONAL
Existe charme inegável no burrinho de "EO", e o coração aperta com "Close". "Argentina 1985" é uma lição que o Brasil ainda não aprendeu sobre como lidar com criminosos militares após uma ditadura. Mas a estatueta aqui deve ficar com a força devastadora da guerra em "Nada de Novo no Front".

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'Babilônia'
Imagem: Paramount

FOTOGRAFIA
A fotógrafa Mandy Walker pode fazer história como a primeira mulher a levar o Oscar nessa categoria por seu trabalho dinâmico e complexo em "Elvis". Não seria nada mal, mas ainda aposto na sobriedade e altivez do trabalho de James Friend em "Nada de Novo no Front",

MONTAGEM
O que faz seu coração cinéfilo disparar, uma viagem pelo multiverso ou batalhas aéreas alucinantes? Essa é a pergunta que os membros da Academia precisam responder. O trabalho de Eddie Hamilton em "Top Gun: Maverick" é admirável e enche os olhos. Mas foi a mão de Paul Rogers quem buscou coesão em minha aposta aqui, "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo".

DIREÇÃO DE ARTE
A recriação da trajetória do rei do rock em "Elvis" é de encher os olhos, uma constante no cinema extravagante de Baz Luhrman. O filme ainda tem a vantagem de estar indicado na categoria principal, o que lhe confere certa vantagem. Ainda assim, fico com o trabalho complexo e original para recriar uma Hollywood há muito esquecida no imperfeito "Babilônia".

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'Elvis'
Imagem: Warner

FIGURINO
Ruth Carter continua seu trabalho vencedor em "Pantera Negra" com "Wakanda Para Sempre". "Babilônia" traz uma mistureba vibrante para os habitantes da Hollywood de antigamente. Mas nada aqui supera a recriação da extravagância de uma geração inteira do rock assinada por Catherine Marin em "Elvis".

TRILHA SONORA
Seria um belo gesto da Academia conferir o Oscar a John Williams - seria sua sexta estatueta dentre 53 (!) indicações. Mas algo me diz que essa honra pode surgir ano que vem na esteira de "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" (me deixem sonhar!). Dessa forma, o prêmio deve ir para Volker Bertelmann por seu belíssimo trabalho em "Nada de Novo no Front".

CANÇÃO
Vamos combinar que a música de Rihanna para "Wakanda Para Sempre" é um total desastre, e que nem Lady Gaga, nem Diane Warren trouxeram nada de novo para essa categoria. David Byrne compôs um tema simpático para "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo", só que ninguém lembra. Fico, portanto, com o entusiasmo festeiro de "Naatu Naatu", de "RRR".

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'RRR'
Imagem: Netflix

SOM
O páreo é duro, em especial pelo reconhecimento histórico que a Academia tem por filmes de guerra. Essa seria a vantagem de "Nada de Novo no Front". Ainda assim, vejo aqui a única janela para premiar com um Oscar que seja o colosso que foi "Top Gun: Maverick".

MAQUIAGEM
O dilema aqui é o mesmo na categoria de melhor ator. Austin Butler e Brendan Fraser desaparecem em seus personagens com o trabalho dos maquiadores. Entendo a inclinação com o retrato de um astro real em "Elvis", mas sigo com a teimosia em ver o reconhecimento para a transformação de Fraser em "A Baleia".

EFEITOS VISUAIS
Não existe nenhum concorrente aqui para "Avatar: o Caminho da Água". Segue o jogo.

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'Navalny'
Imagem: HBO Max

DOCUMENTÁRIO
Existe muita simpatia em Hollywood por "All the Beauty and the Bloodshed", que parecia o favorito meses atrás. O Sindicato dos Diretores, por sua vez, abraçou "Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft". Mas o mundo ainda está voltado para a crise na Ucrânia e a guerra com a Rússia, o que coloca no topo o excepcional "Navalny".

DOCUMENTÁRIO CURTA METRAGEM
"Como Cuidar de um Bebê Elefante" está na Netflix. É um filme muito bonito e vai derreter seu coração. Mas fica difícil competir com uma voz tão contundente como a de Malala Yousafzai, que assina como uma das produtoras do poderoso "Stranger at the Gate".

ANIMAÇÃO
Temos aqui uma categoria só com belos filmes. "Red" e "A Fera do Mar" são mais convencionais, e "Gato de Botas 2" é melhor que tudo na série "Shrek". Embora o fofo "Marcel the Sheel With Shows On" possa surpreender, é difícil que o Oscar não vá para Guillermo Del Toro por seu "Pinóquio".

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'Pinóquio'
Imagem: Netflix

ANIMAÇÃO CURTA METRAGEM
Em um ano muito bom para a categoria, encontramos uma pérola como o agridoce "An Ostrich Told Me the World Is Fake and I Think I Believe It" e um título absurdo como "My Year of Dicks". Ainda assim, acredito que o curta realmente visto pela Academia tenha sido minha aposta para levar o ouro, a fábula "O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo".

CURTA METRAGEM
Existe muito amor por "The Irish Goodbye", que ganhou o BAFTA. Ainda assim, ele é atropelado pelo pedigree de Alfonso Cuarón, que produz o simpático "Le Pupille".

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