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Keanu Reeves volta em 'John Wick 4': 'Fizemos um filme totalmente maluco!'
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Poucos astros de cinema são tão entusiasmados com seu ofício como Keanu Reeves. Claro que sua primeira atitude seria refutar o rótulo de "astro". Aos 58 anos, o ator volta ao cinema de ação com o explosivo "John Wick 4 - Baba Yaga", que o coloca mais uma vez na pele do assassino em busca de vingança e redenção.
Para fazer a nova aventura, Reeves se reuniu mais uma vez com o diretor Chad Stahelski com a missão de ir além dos limites do gênero. Na prática, a equipe do filme trabalhou em sequencias de ação que, se por vezes desafiam a lógica, também garantem o espetáculo. Nas palavras de seu protagonista, "Um filme pirado pra caramba!".
Reeves sempre foi um astro de ação (ele reclamaria de novo) incomum. Lapidado no cinema independente, vez por outra ele atendia ao chamado de Hollywood e humanizava um espetáculo de tiros e explosões. Foi assim em "Caçadores de Emoção" (1991), em "Velocidade Máxima" (1994) e, finalmente, no clássico moderno que pavimentou o caminho para o cinema do novo século: "Matrix" (1999).
John Wick, o assassino relutante, entrou em sua filmografia quase que por acaso, um roteiro aparentemente convencional que o colocaria mais uma vez na arena hollywoodiana. Batizado no Brasil "De Volta ao Jogo", o filme foi lançado em 2014 e logo tomou seu lugar no zeitgeist.
De alguma forma, a história de um matador temido até no submundo, obrigado a reassumir seu trabalho em uma missão de vingança, foi abraçada pelo público. Reeves enxergou as entrelinhas e mergulhou na expansão do mundo do personagem em mais dois filmes, cada um mais grandioso que o anterior: "John Wick - Um Novo Dia Para Matar" (2017) e "John Wick 3 - Parabellum" (2019).
O papo com Keanu Reeves sempre é informal. Eu o conheci quando o megaestrelato mordia seus calcanhares, no lançamento de "Matrix Reloaded" em 2003, e ele parecia bem mais relaxado na engrenagem hollywoodiana quando nos reencontramos dois anos depois, quando ele lançou "Constantine".
Se "Matrix Resurrections" foi uma conversa no meio da loucura da pandemia, foi um Keanu Reeves bem-humorado, curioso e absolutamente apaixonado por cinema que encontrei para falar sobre "John Wick 4 - Baba Yaga". Uma conversa divertida e nada convencional, ao estilo de seus próprios filmes, como você acompanha a seguir.
Roberto Sadovski - Filmes de ação podem seguir diversos caminhos. Eles podem tanto se concentrar na ação eletrizante quanto em temas mais elaborados. Em que ponto no processo do primeiro "John Wick" você percebeu que ele se tornaria algo maior?
Keanu Reeves - A ambição em "John Wick" sempre foi ser as duas coisas. Trazer temas mais profundos e também ter o espetáculo da ação. Isso já saltava na premissa do roteiro. O sujeito que parece comum, perde sua esposa... E as coisas mudam. O cachorro está morto!
Matar o cachorro é golpe baixo...
Yeah! Nesse ponto o filme se revela uma história sobre o pesar, que foi evoluindo em torno da ideia de liberdade, de alguém recuperando sua própria vida. O espetáculo e a ação não deixam de estar no centro, de trazer um senso de urgência, de originalidade. O diretor Chad Stahelski enxergou "John Wick 4" como uma experiência de cinema... Ele e nosso fotógrafo, Dan Laustsen, quiseram criar (gesticula com os braços) uma experiência para ver na tela grande!
Quando você fala sobre cinema, sua empolgação é quase palpável!
(risos) Yeah!
Eu sei que a produção de um filme exige planejamento, tempo, e muito tempo de espera. Como você faz para manter esse entusiasmo e traduzi-lo na sala de cinema?
Somos apaixonados! (mais risos) Quando a gente faz algo que a gente ama, fica fácil sair de casa para trabalhar. Tentamos inventar coisas não só que queremos fazer, mas também que queremos ver, na esperança que a plateia também goste. O diretor é sempre muito focado em traduzir aquilo que ele enxerga em sua mente, e cabe a ele unir uma equipe igualmente apaixonada, da direção de arte ao figurino ao elenco, para criar esse mundo. No fim, essa ética de trabalho se torna até divertida. É como fazer comida caseira... (risos) Não é nada sofisticado, o resultado ainda é um frango assado! Só que, brother, é o melhor frango assado que você já comeu na vida! (mais risos)
Eu queria voltar à jornada de "John Wick". Ela começou como uma história de vingança, John queria consertar as coisas. Então o escopo se expandiu consideravelmente, e descobrimos que ele fazia parte de um submundo invisível, uma mitologia com famílias e tradições. Agora, como você colocou, é uma trama sobre liberdade.
Exato.
Você consegue prever um fim para essa história?
(hesitando) Bom, um dos temas que se tornou bastante acentuado com a progressão da trama é "consequências". Regras e consequências. Parece que a única forma para John conquistar sua liberdade é se tornar John Wick, que calha de ser um assassino e, convenhamos, não toma sempre as melhores decisões. (risos) Tudo que ele consegue é deixar John mais encrencado com a Cúpula... Eu sei, você quer saber sobre o fim...
Desculpa pela pegadinha...
(risos) Bom, temos um monte de ideias, mas... Eu não sei. Não sei! Veremos, veremos depois de "John Wick 4", veremos se a plateia vai curtir o filme. A gente nunca sabe, não há certezas aqui! O que eu sei é que fizemos um filme totalmente maluco. Pirado pra caramba! Personagens novos, um mundo novo... (ele pausa e respira fundo)
Vamos lá. Eu penso numa escalada. Certo? O primeiro foi um filme mais modesto, o escopo foi expandido no segundo, e então vocês chutaram o balde no terceiro. A resposta da plateia foi cada vez melhor. E as regras...
Não temos mais regras! (risos)
Já vimos filmes de ação antes, vimos "Matrix"! Mas existe algo em "John Wick", uma energia diferente, que eu não sei exatamente definir...
(sussurrando) Sim... Sim!
Deixa eu colocar assim. Eu não vejo você como alguém que olha para a própria carreira pensando que esse trabalho vai fazer muito dinheiro, esse outro vai se tornar uma série. Suas escolhas são espertas, diferentes e, honestamente, às vezes bem esquisitas.
(risos) Bom, obrigado por isso!
Quando você escolheu "John Wick", havia desde o começo a ideia de que o personagem poderia ganhar essa dimensão toda?
Eu sabia pelo personagem e eu sabia pelo diretor. E eu continuei a aprender sobre ele por causa de Chad Stahelski. Ele foi coordenador de dublês, depois se tornou diretor de segunda unidade em filmes hollywoodianos gigantes, como "Jogos Vorazes" e "Capitão América: Guerra Civil". Ele sabe contar uma história com ação.
Tudo que vemos em cena já estava antes no papel?
É uma combinação. No terceiro filme, por exemplo, eu disse que queria cavalgar. Logo nas primeiras cenas John precisa sair do Central Park, e o que você faz? Arruma um cavalo, certo? (risos) Chad então traz um monte de ideias. Para essa sequencia ele se inspirou em um filme chamado "A Vilã"...
O filme coreano?
Esse mesmo! A coisa então escalou para um duelo de espadas enquanto pilotamos motocicletas. Daí ele pensou em uma luta de facas como se fosse uma briga com bolas de neve. Chad vem com esses conceitos, eles têm de ser escritos no roteiro, depois passados ao coreógrafos das cenas de ação. Ele tem essas ideias malucas - tá, não são malucas, são criativas! As cenas de ação em "John Wick" são criativas, elas misturam a ambientação com a narrativa e a ação, e sua visão e ambição para "John Wick 4" são... (gesticula freneticamente) Bom, me deixa segurar alguns segredos de "John Wick 4".
Sem problemas. Vamos então voltar no tempo. "Matrix" já tem mais de duas décadas, e você sempre se virou bem em cenas de ação. Seu corpo alguma vez te fez pisar no freio? Como foi rodar um filme tão intenso como "John Wick 4"?
Eu faço o máximo de cenas de ação que eu posso. Eu não sou atropelado, eu não salto de prédios, a equipe de dublês é excelente. Jackson Spidell foi meu dublê nos três primeiros filmes, Vincent Bouillon trabalhou comigo em "John Wick 4". (pausa) É, a gente... sim... (hesita) Não! (risos) O que eu puder fazer, eu faço!
Você criou sua primeira série em quadrinhos, "BRZRKR", o design do protagonista foi criado por um artista brasileiro, Rafael Grampá. É um conceito incrível, de um imortal lapidado pela violência ao longo da história do mundo, que aborda vida, longevidade, legado, e...
(interrompendo) E amor, e morte, e tecnologia... A coisa vai muito fundo!
Minha pergunta é, esse personagem vai sair das páginas dos quadrinhos? Veremos Keanu Reeves na cadeira do diretor mais uma vez?
Você é muito gentil em perguntar. Eu honestamente não sei se vou dirigir, mas espero que possamos transformar "BRZRKR" em filme. Temos um acordo com a Netflix e também o primeiro roteiro, escrito por Mattson Tomlin. Então eu espero poder interpretar o Berzerker. E faremos de tudo para que seja incrível!
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