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Criadores do novo 'Homem-Aranha' falam sobre a expansão do 'Aranhaverso'
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Aconteceu em 2017. Uma amiga que trabalhava na Sony me ligou com uma missão: acompanhar a dupla Phil Lord e Chris Miller para comprar algumas histórias em quadrinhos brasileiras. "Eles já estão na loja te esperando", disse, colocando asas em meus pés.
Ao longo da hora seguinte, selecionei uma pá de títulos para os criadores do recém-anunciado "Homem-Aranha no Aranhaverso", filme em animação que apresentaria Miles Morales, a versão do Cabeça de Teia de um universo alternativo.
Enquanto eles me falavam sobre o trabalho em bolar uma história bacana dentro de um multiverso, eu colocava na sacola gibis de aventura, fantasia e ficção científica "made in Brazil". Ao fim do papo e do garimpo, a pilha de HQs estava alta, assim como a conta. Phil, por sua vez, estava radiante com as novas aquisições.
"Homem-Aranha no Aranhaverso" chegou aos cinemas em 2018 e foi um arraso. Com uma trama emocionante, executada como uma animação ousada, criativa e exuberante, o filme logo se tornou uma das peças narrativas e visuais mais influentes do cinema moderno. Foram elogios incondicionais de seus pares no mundo artístico e a consagração com o Oscar de melhor animação.
Corta para 2023, e "Homem-Aranha Através do Aranhaverso" amplifica todos os predicados de seu antecessor como um dos filmes mais espetaculares do ano. Os diretores Joaquim dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson (assumindo a tarefa que fora de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman no primeiro longa) suaram a camisa para executar a visão da dupla Phil Lord e Chris Miller, mais uma vez os roteiristas e produtores do longa.
Foi justamente com Phil e Chris que eu bati um papo sobre essa nova incursão no "Aranhaverso", uma conversa sobre a jornada de um jovem que se torna adulto, o atrativo do conceito do multiverso e o que é que faz do Homem-Aranha um personagem tão especial. Ah, e eu também queria saber se eles deram conta daquela pilha de gibis de quase seis anos atrás.
Roberto Sadovski: Quando vocês escreveram "Homem-Aranha no Aranhaverso", a história já estava mapeada para a expansão daquele universo?
Phil Lord: Eu diria que não... Mas seria uma mão na roda! (risos) Tudo que a gente esperava era pelo menos chegarmos vivos ao fim do primeiro filme.
Chris Miller: Quando começamos a trabalhar no novo filme, a ideia foi mais ou menos assim. Já contamos a história de como Miles deixa de ser uma criança para se tornar um adolescente. Agora vamos ver o que acontece quando ele passa de adolescente à maturidade, e de que forma a gente poderia lhe dar a experiência de deixar o ninho, ver todos esses mundos diferentes e voltar para casa como adulto. Esse foi nosso ponto de partida, e a partir daí a história teve muitas e muitas versões diferentes.
Phil: Mas a ideia emocional sempre foi a mesma. É uma história de um jovem e também de adultos. Miles precisa crescer, mas seus pais também, e Peter (Parker, o Homem-Aranha que conhecemos), e Gwen (Stacy, a Mulher-Aranha). Todos estão encontrando seu caminho para uma versão mais madura deles mesmos.
Tendo convivido com ele por tantos anos, o que vocês acham que faz de Miles Morales um personagem tão envolvente quanto Peter Parker? E qual a maior diferença entre eles?
Chris: Bom, uma diferença enorme entre Miles e Peter Parker é que os dois pais de Miles estão vivos. É algo que a gente queria colocar à prova, ressaltar que isso faz de Miles diferente de todos os outros Homens-Aranha.
Phil: E o público adora ver a família junta, é algo que deixa todo mundo empolgado!
Chris: Eles se amam abertamente e não existe conflito na família, e sim todo esse amor. Isso faz de Miles alguém muito especial. Além disso, queríamos contar o próximo capítulo de Peter Parker como um homem de meia idade, ele sendo pai e todos as atribulações que isso traz.
Phil: Peter também pensa em como ele vai conduzir sua filha para o futuro, como ele vai representar sua melhor versão e ensinar a ela os valores que são importantes para ele. Peter comete alguns erros, coloca sua jornada em dúvida e ela o lembra sempre em que ele realmente acredita.
Multiverso é a palavra da moda, seja no MCU, nas conexões que a DC tenta construir e obviamente no trabalho de vocês. A Sony também está expandindo seu próprio "aranhaverso", com filmes em live action que exploram outros personagens. Vocês estão envolvidos em alguma dessas expansões ou seu trabalho é fazer o melhor desse cantinho que vocês construíram?
Phil: O que eu posso dizer é que nossas mãos estão bastante ocupadas. (risos)
Chris: Estamos fazendo algumas séries de TV em live action bem divertidas, como "Homem-Aranha Noir" e "Teia de Seda". Só que agora tivemos de pisar no freio por conta da greve de roteiristas. Assim que isso for resolvido voltaremos à labuta. Mas em termos gerais o "Aranhaverso" já deixa nosso prato cheio.
Por que esse conceito das realidades paralelas funciona tão bem com o Homem-Aranha?
Phil: Acho que o poder por trás dessa ideia é que qualquer um de nós poderia atender ao chamado e se tornar um herói. Somos todos capazes e isso também nos deixa apavorados! Mas, de alguma forma, todos somos fortes. Isso atesta a longevidade do Homem-Aranha e todas as suas versões. Estamos muito empolgados para o mundo ver a direção que tomamos em nosso cantinho do Aranhaverso.
Eu espero que um dia a gente possa ver alguma versão desse multiverso (nesse momento eu levanto uma cópia da HQ clássica que trouxe o primeiro encontro do Superman com o Homem-Aranha, que marcou uma colaboração da DC com a Marvel).
Chris: (empolgado) Uau, isso seria seria espetacular! Um crossover como um grande evento!
Phil: Olha só, quando todas essas empresas forem compradas...
Chris: Conglomeradas em um mega clube!
Phil: .... Isso, pela General Motors, vai saber. Então talvez esse encontro possa acontecer!
Para terminar, Phil, você conseguiu ler todos aqueles quadrinhos que comprou aqui?
Chris: (risos) Vai vendo...
Phil: Demorou um pouco... Eu estava no avião quando me dei conta que todos eram em português. (gargalhadas)
Chris: Mas os desenhos eram muito bonitos!
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