Roberto Sadovski

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Opinião

'Ruim pra Cachorro', como o título já entrega, é puro constrangimento

"Ruim pra Cachorro" é uma piada de quinta série materializada em forma de filme. Uma bobagem sobre um cachorro abandonado pelo dono execrável que, ao juntar um grupo de vira-latas, faz uma jornada de volta para casa em busca de vingança. O humor aqui é frequentemente grosseiro, eventualmente divertido. Mas nunca, em nenhum momento, engraçado.

A essa altura, claro, a percepção depende inteiramente do gosto do freguês. Bem realizado por Joss Greenbaum (do subestimado "Duas Tias Loucas de Férias"), e produzido por Chris Miller e Phil Lord ("Aranhaverso"), o filme tem efeitos decentes que combinam a cachorrada com muitos retoques digitais em um texto que mira ser ousado e subversivo, mas por fim só é bobo.

A experiência só não é completamente deplorável porque, como que por milagre, "Ruim pra Cachorro" encontra um rascunho de centro emocional para encaixar a trama. Reggie é um border terrier constantemente enxovalhado por seu dono, Doug (Will Forte), que só mantém o bicho para provocar a ex-namorada. As tentativas posteriores de abandonar Reggie são frustradas quando o cachorro sempre encontra seu caminho para casa, como se tudo fosse um jogo.

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A coisa fica séria quando Reggie é despejado por Doug em uma cidade centenas de quilômetros longe de casa. É quando ele conhece Bug, um vira-lata que lhe ensina como sobreviver na rua. É quando Reggie finalmente percebe que seu dono não o ama e, acompanhado por Bug outros dois cachorros, Maggie e Hunter, decide voltar para casa determinado a.. bom... a arrancar o pênis de Doug a dentadas.

Filmes com senso de humor grosseiro nunca foram novidade. De clássicos ("Banzé no Oeste") a romances ("Quem Vai Ficar com Mary?"), passando por bobagens adolescentes ("Eurotrip") e fenômenos pop ("Borat"), é possível encontrar a boa comédia nas histórias mais toscas e ofensivas. Não existe, afinal, um conceito ruim - só filmes mal executados.

A novidade em "Ruim pra Cachorro", com doguitos disparando uma metralhadora de palavrões, tem vida curta. Não demora para o senso de humor ser esticado e, como sempre, perder a graça. Existe uma sugestão de trama sobre abandono e maus-tratos, e também sobre a transformação de pets em objetos. Mas não cola. O que sobra são piadas intermináveis sobre pintos, alucinógenos (ok, essa é uma boa sacada), cocô de cachorro e um sofá chamado Dolores. Não pergunte...

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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