Roberto Sadovski

Roberto Sadovski

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Como fui parar no elenco da série 'Notícias Populares'

"Seleção aberta de elenco para série de TV." O título me chamou atenção quando, ainda em 2021, eu batia os olhos por alguma rede social da vida. Eram testes para compor o time de "Notícias Populares", projeto encabeçado pelo diretor Marcelo Caetano e por meu amigo, o jornalista André Barcinski. "Pode render um texto bacana para a coluna", pensei com meus botões. Afinal, o que poderia dar errado?

O resultado, quase dois anos depois, é tão estranho quanto sensacional. "Notícias Populares", comédia que dramatiza os bastidores do jornal mais fora da casinha que já existiu no Brasil, terminou como uma oportunidade para eu colocar os pés na grama do outro lado da cerca. Em duas breves cenas, dei vida a um personagem e descobri que atuar, quem diria, é um grande barato!

Tudo começou quando eu mandei um email para a tal seleção de elenco. Como resposta veio um formulário, levemente autobiográfico, em que eu descrevia meus interesses, minha disponibilidade e se eu tinha alguma experiência prévia em atuação — acho que teatro infantil e curta de amigos não contam.

A partir daí passei para um papo virtual, em que improvisei uma história que poderia sair na capa do NP. Foi divertido, já que ao longo de meus anos como jornalista o que não faltam são histórias bizarras. Joguei um perfume para dourar a coisa e me despedi, acreditando que minha participação no projeto terminaria ali. Eu estava enganado.

Siga o Splash no

Para minha surpresa, a equipe da série me escreveu novamente, desta vez agendando um teste presencial. Recebi algumas páginas do roteiro e a descrição do personagem que interpretaria. Algumas semanas depois, com o texto devidamente decorado, fui até a produtora para minha audition. Terminei improvisando além do roteiro, seguindo as deixas Marcelo Caetano, que assina o projeto como diretor. Foi divertido. Ao final da tarde, ouvi o padrão "a gente te liga".

Pois bem, eles ligaram. Eu havia sido oficialmente escolhido para compor o elenco de "Notícias Populares". Um papel pequeno, claro, mas que me daria oportunidade de contracenar com parte do elenco. Foi um processo curioso ainda na pré-produção, já que tive de enviar minhas medidas para a turma do figurino, além de ensaiar uma de minhas cenas, com diretor e (parte do) elenco, para lapidar melhor o texto.

Finalmente chegou o dia da gravação. Eu tinha duas cenas, uma com Ana Flavia Cavalcanti (que havia lido comigo no ensaio), a outra com Luiz Bertazzo e Luciana Paes, que interpreta Paloma, a protagonista da série. Por um segundo achei que seria visto como estranho no ninho, como jornalista metido se intrometendo em um trabalho profissional.

Nada poderia estar mais longe da verdade. A turma me recebeu de braços abertos e todo o processo foi suave. De tão absorto, eu nem sequer percebi a equipe do Canal Brasil fazendo uma reportagem sobre a série, no set, naquele mesmo dia. Queria inventar uma desculpa bacana, que estava "imerso no personagem", mas a verdade é que estava mesmo era fascinado por experimentar a vida do outro lado. Ouvir "ação", dizer minhas falas, acertar a marcação, respirar no "corta" e não fazer bobagem.

Continua após a publicidade

Favor ser gentil com o jornalista!

Foram longos meses entre as filmagens e o lançamento de "Notícias Populares". O trabalho de pós-produção foi intenso, com Caetano e cia. montando o quebra-cabeça que culminaria nos sete episódios da série. Esse processo por vezes é demorado — Marcelo rodou um filme nesse intervalo —, e confesso que a ansiedade em ver o produto final foi maior do que poderia antecipar.

Até que semana passada a assessoria do Canal Brasil me enviou a série completa para que, eventualmente, eu pudesse escrever uma resenha aqui na coluna. Bom, isso não vai acontecer, já que não existe nenhum distanciamento entre a obra e eu.

O que eu posso dizer é que "Notícias Populares", disponível desde semana passada no Canal Brasil e na plataforma Globoplay, recupera em uma trama bastante divertida algumas das histórias mais emblemáticas de seu "jornalismo quase verdade", como as reportagens sobre a Loira do Banheiro e o Bebê Diabo.

Lá estou eu, em dois episódios, me esforçando para acompanhar os profissionais. Não darei spoilers, mas se você calhar de assistir, não deixe de comentar aqui mesmo na coluna — seja gentil com sua crítica! Ver como funciona esse outro lado foi uma experiência curiosa, mesmo que, até o momento, tenha sido única. Até, quem sabe, a série ganhar uma segunda temporada.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes