Não tem pra ninguém: 'Rivais' consagra Zendaya como maior estrela do cinema
Em "Rivais", thriller romântico dirigido com agilidade e paixão por Luca Guadagnino, cada movimento é guiado pelo desejo. Se no tênis esse impulso é estimulado pela vitória, fora das quadras ele se traduz em jogo de tensão psicológica e sexual, com um trio de protagonistas definidos por suas imperfeições.
Um dos vértices desse triângulo é Art (Mike Faist), campeão de tênis que vê sua carreira estagnada após uma série de derrotas. Ele planeja um retorno competindo em campeonatos modestos, o que culmina numa partida final com Patrick (Josh O'Connor), seu ex-melhor amigo que nunca teve foco para se tornar um grande jogador.
Na terceira ponta está Tashi (Zendaya), prodígio do esporte forçada a se aposentar depois de se machucar na quadra, casada com Art e ex-amante de Patrick.
Mais do que examinar as convenções do "drama esportivo", Guadagnino se mostra entusiasmado em usar o tênis como pano de fundo para uma exploração brutal das relações humanas.
Em um trabalho sexy e sofisticado, ele embaralha a linha do tempo e nos alimenta com nacos narrativos que, aos poucos, desenham a conexão complexa de seus protagonistas. É uma dinâmica vibrante que faz de "Rivais" uma experiência saborosa.
Até porque Guadagnino deixa claro desde o primeiro frame que sua função ali é estimular os centros de prazer — de seus personagens e da plateia. Sem a menor pressa em estabelecer o que de fato está em jogo na partida que emoldura o filme, o diretor se diverte ao aumentar a temperatura.
Uma atitude cafajeste aqui, uma brincadeira a três ali. Conformismo e traição, amor e sexo. Músculos trabalhados e curvas esculpidas. O tênis é o motor que impulsiona a paixão, mas a disputa aqui claramente é outra.
A maior habilidade de Luca Guadagnino, contudo, é o olhar apuradíssimo para escolher seu elenco. Assim como fez o mundo prestar atenção em Timothée Chalamet em "Me Chame Pelo Seu Nome", "Rivais" coloca o holofote em três jovens atores que representam, de várias formas, o futuro de Hollywood.
O britânico Josh O'Connor flexionou seus músculos dramáticos em séries como "Peaky Blinders" e "Ripper Street" para depois assumir o papel do príncipe Charles em duas temporadas de "The Crown". Já o americano Mike Faist ganhou destaque nos palcos com o musical "Dear Evan Hansen" antes de mostrar um trabalho espetacular na versão de Steven Spielberg para "Amor, Sublime Amor".
Em "Rivais", porém, ambos orbitam o poderoso centro gravitacional do planeta Zendaya. Não tem para ninguém. Aos 27 anos, ela se coloca como a artista mais completa de sua geração. Não só como atriz, mas também como personalidade, ativista, fashionista, empresária e influenciadora. Não importa o palco, é impossível desviar os olhos dela. É impossível não prestar atenção no que ela tem a dizer.
Revelada como estrela em programas Disney, Zendaya estreou no cinema em "Homem-Aranha - De Volta ao Lar" e tomou as rédeas de sua carreira na TV com a série "Euphoria". Seu magnetismo, intenso tanto em produções independentes ("Malcolm & Marie") como em blockbusters ("Duna"), ganha em "Rivais" seu palco mais vibrante.
Até porque Tashi, jogadora que teve o futuro nas quadras interrompido por uma lesão, sua determinação realinhada como treinadora de seu marido, é uma personagem que se recusa a ser colocada em caixas. Ela pode ser manipuladora e doce, ela estabelece limites e não tem pudor em rompê-los. Suas decisões são absolutamente questionáveis, e ainda assim cá estamos, totalmente entregues.
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Quero receberÉ um trabalho complexo que Zendaya desenlaça com desenvoltura. Sua interpretação é a âncora de um filme que se recusa a tomar lados, a escolher favoritos. Gadagnino, contudo, é esperto. Ele sabe para onde pende a balança no segundo em que sua estrela preenche a tela como um oceano de talento e carisma.
Se "Rivais" é de fato guiado pelo desejo, com Zendaya ele ganha outro predicado: absolutamente irresistível.
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