Hugh Jackman e Ryan Reynolds revelam segredos de 'Deadpool e Wolverine'
"E foi bem ali onde enterramos o corpo, embaixo do nariz deles." Ryan Reynolds não deixa a peteca cair nem quando a luz apaga bem no meio de nosso papo. No espírito de seu personagem assinatura, em meio ao mini caos, a piada vem. "Foi a Disney quem cortou a energia", emenda rapidinho Hugh Jackman. Esse é o espírito!
"Leveza", por sinal, é a palavra-chave em tudo que parece envolver "Deadpool & Wolverine", aventura que reune os dois heróis do universo mutante da Marvel. Mais do que isso, é o filme que coloca os dois amigos dividindo mais uma vez o mesmo espaço, o que não acontecia desde que Hugh e Ryan forjaram umas das amizades mais duradouras de Hollywood nas filmagens de "X-Men Origens: Wolverine".
Para este repórter, o papo é um reencontro de décadas. Hugh me cumprimenta com um "há quanto tempo" - 24 anos para ser preciso. A primeira vez que conversamos foi no começo de 2000, no set de "X-Men" em Toronto, quando absolutamente ninguém imaginava que uma aventura baseada no gibi da Marvel sairia do chão - especialmente com um desconhecido como protagonista, um ator australiano que fazia ali seu primeiro papel no cinema.
"Eles disseram que não daria certo", lembra Jackman, que ao longo de duas décadas ajudou a definir o personagem para o século 21. Para o mundo - e para ele - sua última jornada como Wolverine foi "Logan", aventura de 2017 que encerrou de forma brilhante sua associação com o herói mutante.
"Então eu assisti ao primeiro 'Deadpool' e vi a direção poderosa que Ryan tomou com o personagem", continua Jackman. "Eu nunca havia feito nada parecido, adorei aquela dinâmica. Mas, na época, pensei que havia perdido a oportunidade: se eu disse que era o fim, então para mim era o fim."
O fim, como vemos, não foi assim tão definitivo, já que ideia ficou martelando seus pensamentos. "Foi quando eu me dei conta que realmente queria fazer esse filme", ressalta. "É um aspecto totalmente diferente do Wolverine, me senti revigorado." Quando pergunto se "Deadpool & Wolverine" é mesmo o fim da linha, o ator é enigmático: "Vamos focar no dia 25 de julho e depois vemos o que acontece".
Para Ryan Reynolds, a entrada de Hugh Jackman dissipou as dúvidas sobre qual direção ele poderia seguir não só com Deadpool, mas também dentro de um universo Marvel mais amplo. A preocupação em alinhavar com uma dúzia de filmes, contudo, estava longe de ser prioridade.
"Super-heróis ajudaram a lapidar o panorama cultural, ao menos da forma em que pensamos hoje em filmes e personagens", explica Reynolds. "Quando escrevo, eu penso primeiro em um público mais amplo, mas também escrevo para mim mesmo. E às vezes a gente escreve para um grupo de pessoas que vão entender as minúcias do que estamos querendo dizer."
"O Santo Graal é quando o material funciona para todo mundo", continua. "E não apenas se você é fluente na linguagem dos quadrinhos ou mesmo da Marvel no cinema." Reynolds, que também assina "Deadpool & Wolverine" como produtor e co-roteirista, minimizou as conexões para que ninguém precisasse se preocupar com tudo o que veio antes. "Em nosso caso, não fica a impressão de que fizemos um comercial para outros projetos", enfatiza. "É um filme completo."
A mudança da Fox para a Disney também não alterou o tom adotado para as aventuras cinematográficas do Deadpool. "A indicação do filme para maiores não é explorada no sentido de abusar dos extremos", explica. "Tudo precisa estar a serviço da história, e ela é escrita em primeiro lugar, para que depois a gente possa olhar para as partes sob o prisma da comédia ou da ação."
Ryan espera as luzes voltarem e conclui. "No fim, 'Deadpool & Wolverine' foi construído como uma aventura de dois heróis, de dois amigos, em uma base de muita alegria e muita satisfação", diz, olhando para Hugh Jackman. "A gente quer que todo mundo saia do cinema sabendo que tiveram o melhor momento de sua vida."
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