Roberto Sadovski

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Polêmico, 'Megalópolis' de Francis Coppola ganha data de estreia no Brasil

"Megalópolis", ficção científica distópica de Francis Ford Coppola, chega aos cinemas brasileiros em 31 de outubro, distribuído pela O2 Play, pouco mais de um mês depois de estrear nos Estados Unidos. A confirmação, além de garantir o reencontro com o trabalho do diretor no lugar certo para sua apreciação, é testemunho de sua tenacidade e teimosia para trilhar essa jornada até o fim.

Uma jornada, diga-se, marcada por incertezas e polêmicas. A mais recente aconteceu essa semana, quando o distribuidor ianque do filme divulgou um novo trailer —já devidamente derrubado dos canais oficiais— que abria com citações negativas de críticos renomados para três obras seminais de Coppola: "O Poderoso Chefão", "Apocalypse Now" e "Drácula de Bram Stoker".

A pegadinha é que nenhum dos recortes existia no texto original dos críticos. Embora eu acredite que a estratégia tenha sido de caso pensado, para brincar com a ideia de quem muitos dos trabalhos do cineasta são recebidos com pouco entusiasmo e ganham admiração com o tempo, pegou mal na percepção da indústria. Depois do "foi mal, tava doidão" de praxe, o estúdio já está repensando seu material promocional.

Esse mal-estar, felizmente, não arranha a aura do filme, que começa hoje sua campanha no Brasil. A jornada de "Megalópolis" vem de longa data. Coppola imaginou a saga de uma Nova York futurista, reconstruída sob os moldes do Império Romano, ainda nos anos 1970. Nesse cenário, um arquiteto idealista (Adam Driver) pensa em reconstruir a cidade como uma utopia, mas vê seu sonho barrado pela elite social e política que teme perder o poder.

A escala e a ambição do projeto espelham a trajetória do próprio diretor que, por diversas vezes, teve de se reinventar como artista e também como empresário do cinema, sujeito a forças econômicas na indústria que fogem a seu controle. Quando finalmente ele decidiu que era hora de transformar "Megalópolis" em realidade, optou por financiar sozinho os US$ 120 milhões do orçamento, uma jogada completamente lúcida e absolutamente insana.

Você pode ler sobre essa caminhada solitária de Francis Ford Coppola clicando aqui!

Agora "Megalópolis" se aproxima do momento de deixar de ser o sonho febril de um mestre para finalmente ser compartilhado com o mundo. A exibição do épico em Cannes foi, para dizer o mínimo, divisiva. De todo modo, é revigorante ver um diretor dessa estatura entrar mais uma vez no jogo do cinemão em seus termos. Do lado de cá, já fico feliz em saber que vou ao cinema assistir a um novo trabalho de Francis Ford Coppola. Quem diria!

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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