Topo

Thiago Stivaletti

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

'Pantanal' termina esta semana; relembre os pontos altos e baixos da novela

Tenório (Murilo Benício) morreu pela zagaia de Alcides (Juliano Cazarré) e depois foi levado pela sucuri - Reprodução/Globo
Tenório (Murilo Benício) morreu pela zagaia de Alcides (Juliano Cazarré) e depois foi levado pela sucuri Imagem: Reprodução/Globo

Colunista do UOL

05/10/2022 11h37

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

E eis que seis meses se passaram, e "Pantanal" vai acabar. A novela que uniu jovens de 20 anos e pessoas com mais de 40 nostálgicas da versão original vai deixar saudades. Dificilmente uma outra novela terá a mesma audiência ou ocupará o imaginário do Brasil nos próximos anos como o remake de Benedito Ruy Barbosa conseguiu.

Em sua reta final, "Pantanal" tem superado os 33 pontos de média, apesar de alguns capítulos em que nada acontece. Depois de uma enrolação básica no capítulo de segunda, ontem o público pôde vibrar com a merecida morte do vilão Tenório (Murilo Benício) - primeiro pela zagaia de Alcides (Juliano Cazarré) e depois pelo Velho do Rio transformado em sucuri. Teve suspense, violência e visual impactante na medida certa - e compensou a frustrante cena da violência de Tenório com Alcides alguns dias atrás.

Quem viu a versão original talvez se lembre que, por conta do sucesso, a TV Manchete esticou a novela a não mais poder - foram 216 capítulos, contra 167 da nova adaptação de Bruno Luperi, neto de Benedito. Um enxugamento que só fez bem à história.

Me arrisco a dizer que, neste momento, a Globo deve estar doidinha prospectando quais os próximos remakes que devem ocupar o horário das nove, já que o público mostrou o quanto sente falta dos grandes novelões dos anos 80 e 90. E "Pantanal" acertou no principal: a escalação do elenco foi toda redonda, com atores sob medida pra cada personagem.

A seguir, cinco coisas que floparam e outras cinco que brilharam nesta versão 2022 do clássico:

"Quero ir pra casa" - Nenhuma frase foi tão repetida ao longo de "Pantanal" quanto o bordão de Juma (Alanis Guillen). Dezenas de capítulos foram gastos com ela querendo ficar em casa, enquanto Jove (Jesuíta Barbosa) a queria levar pra fazenda do pai, e nada se decidia. E como rezavam os memes, no fim a tapera dela tinha um entra-e-sai de gente maior do que muito apartamento na capital.

Irma encapetada - Verdade seja dita: Camila Morgado mandou bem como a fragilizada Irma, que ao longo da novela se encanta por três homens diferentes: o cunhado Zé Leôncio (Marcos Pameira), seu filho Zé Lucas (Irandhir Santos) e o amigo do diabo Trindade (Gabriel Sater). Mas, ao ficar grávida, ela recebia mensagens do Cramulhão em seu ouvido. O resultado foi mesmo tenebroso: Irma parecia o Robocop, ou a mensagem de boas-vindas de uma caixa postal de celular.

Personagens temporários - Alguns personagens entraram para botar aquela água no feijão que toda novela precisa pra durar seis meses. Os mais insossos foram Erika (Marcela Fetter), jornalista que chega ao Pantanal e se apaixona por Zé Lucas, e seu pai, o deputado Ibraim (Dan Stulbach). A história do golpe da barriga é das mais antigas em novelas, e podia ter caído fora.

A velha do Rio - Dona Mariana (Selma Egrei) resmungou do início ao fim da novela - da jogatina do marido no início à truculência dos peões do Pantanal. Zé Leôncio merecia um lugar no céu por aceitar em casa uma sogra tão rabugenta.

O excesso de "merchans" - Na TV, não tem jeito. Se uma novela ou qualquer outro programa faz muito sucesso, os anunciantes vêm em peso. Mas nem todos se encaixavam bem numa história passada no meio do mato. Em dado momento, a primeira namorada de Jove, uma influenciadora digital, voltou pra trama apenas pra fazer propaganda de um kit de produtos para tratamento dos cabelos. Assim como voltou, desapareceu do nada.

Agora, os pontos altos da novela:

A volta por cima de Bruaca - Maria Bruaca (Isabel Teixeira) reinou absoluta do começo ao fim da novela. De personagem mais cômica na primeira fase, foi ficando cada vez mais dramática, fazendo rir e chorar. Conseguiu a duras penas a emancipação do "bruaco" Tenório - e na sexta deve ter seu merecido final feliz ao lado de Alcides.

O Velho do rio - Osmar Prado brilhou como o misterioso pai de Zé Leôncio que vive no meio do mato e vira sucuri quando lhe dá na cabeça. Suas frases enigmáticas foram minutos de sabedoria que encantaram o público. E pensar que o papel quase foi de Antônio Fagundes.

A passagem de fase - Uma das grandes forças de "Pantanal" em suas duas versões é a força da primeira fase da novela, que tem como foco a paixão avassaladora de Zé Leôncio (Renato Góes) por Madeleine (Bruna Linzmeyer). Numa participação relativamente curta, Karine Telles deu uma continuidade impressionante ao trabalho de Bruna. Juliana Paes também brilhou como a mãe de Juma, Maria Marruá. Letícia Salles (a primeira Filó) também mostrou que tem futuro.

A fotografia - Nesse quesito, a nova versão deu um baile na original. Cada cena externa de "Pantanal" foi um colírio para os olhos, e não só por conta das paisagens. Algumas cenas ficaram na memória, como a morte de Madeleine num acidente de avião, a morte de Tenório e a vez em que Maria Marruá virou onça pra atacar seu assassino.

A família Sater - Uma das maiores bolas dentro da escalação foi chamar o filho de Almir Sater, Gabriel, para reviver o papel do pai na versão original, o violeiro Trindade, que tem pacto com o Cramulhão. De quebra, Almir agora viveu Eugênio, o dono da chalana que levava e trazia os personagens e tinha conversas privilegiadas com todos eles. As modas de viola em que Almir e Gabriel tocaram juntos músicas de autoria do pai foram emocionantes.