'Oppenheimer' fora da lista: os 7 melhores filmes internacionais de 2023
O ano está terminando e chegou a hora daquela listinha dos melhores filmes do ano. A greve dos roteiristas e dos atores em Hollywood atrapalhou alguns lançamentos - mas, pro pessoal que acompanha cinema do mundo todo, foi fácil compensar com outros filmes.
Antes de começar, já peço desculpas aos fãs de "Oppenheimer" por não incluí-lo na lista. É um belo retrato do pai da bomba atômica que encena muito bem a perseguição política a ele, e deve receber uma chuva de indicações ao Oscar - mas Christopher Nolan tem filmes melhores no currículo, entre eles "A Origem" (Inception) e o "Batman: O Cavaleiro das Trevas", com Heath Ledger.
A seguir, minha lista com os melhores de 2023:
7. BARBIE - O filme mais aguardado, visto e comentado do ano não foi de super-herói (até porque a Marvel está numa crise de fazer gosto), mas a história da boneca mais popular do mundo. As sessões no cinema pareciam Carnaval fora de época, com fãs vestidos de rosa da cabeça aos pés e fantasias da Barbie. Greta Gerwig conseguiu fazer uma comédia espertamente feminista, com direito a Ken em crise de masculinidade - difícil alguém tirar o Oscar dela no ano que vem. E acima de tudo, é a história de uma boneca em crise de identidade; não é nenhum "2001", mas tenho pra mim que Stanley Kubrick não teria achado o pior filme do mundo. A partir do dia 15 na HBO Max;
6. A NOITE DO DIA 12 - Na França, a jovem Clara Royer é barbaramente assassinada por um incendiário. Yohan, um investigador de polícia, tenta solucionar o crime, mas quanto mais investiga, mais se afunda nele. Este suspense policial francês mostra como o machismo está entranhado na sociedade, e uma mulher é julgada mesmo quando é a vítima evidente. Em uma das cenas, uma frase que ecoa: "Neste mundo, existe uma guerra surda travada entre os homens e as mulheres";
5. UMA NOITE EM HAIFA - Arquiteto de formação, o israelense Amos Gitai é há mais de 20 anos um dos maiores cineastas do mundo em atividade. Num momento em que a guerra Israel-Hamas não sai do noticiário, este filme ajuda a mostrar como é o convívio entre judeus e árabes de uma classe social mais alta numa mistura de bar e galeria de arte em Haifa, a terceira maior cidade de Israel. Sem falar de guerra, o filme mostra em que medida a convivência é possível, e em quais pontos ela dificilmente encontra solução. Gratuito na plataforma Sesc Digital;
4. OS BANSHEES DE INISHERIN - "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" saiu consagrado do Oscar em março, mas este filme irlandês foi de longe o mais complexo e interessante da safra - ainda que o título não ajude muito a se encantar por ele. Em 1923, dois amigos de longa data rompem porque o mais velho simplesmente decide nunca mais falar com o outro; enquanto isso, a Guerra Civil Irlandesa joga sua sombra sobre a pequena Inisherin. Atuações gigantes como a de Colin Farrel e um final pra lá se surpreendente fazem deste um filme pra se ver muitas vezes, e sempre descobrir coisas novas nele. Na Star+;
3. BEAU TEM MEDO - O diretor Ari Aster ganhou fama com "Hereditário", um dos filmes de terror mais sinistros dos últimos tempos. Desta vez, ele fez o filme mais absurdo do ano, uma mistura de comédia e drama surrealista com três horas de duração que foi massacrado pela crítica americana. Joaquin Phoenix brilha mais do que em "Napoleão" como Beau, um homem inseguro e cheio de manias que um dia fica trancado pra fora de casa depois de tentar comprar água no mercadinho da esquina. A partir daí, o filme embarca em uma louca viagem que exige um cheque em branco do espectador. Virginianos devem passar longe - só embarca na viagem quem deixa a lógica de lado. No Prime Video;
2. ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES - É quase impossível deixar Martin Scorsese de fora da lista de melhores do ano. Ainda mais agora, que ele se renovou transportando o seu tradicional filme de gângster para o extermínio lento e gradual da nação indígena Osage nos anos 1920. Aos 80, Robert De Niro cumpre tabela e paga as contas com qualquer outro diretor, mas com Scorsese ele brilha como se ainda estivesse nos tempos de "Taxi Driver". Leonardo DiCaprio e Lily Gladstone dão mais força a este conto de como a ganância do homem branco exterminou outros povos. Vem aí uma chuva de indicações ao Oscar. Para aluguel nas plataformas de streaming, em breve na Apple TV+;
1. MONSTER - Nos últimos anos, o japonês Hirokazu Kore-Eda esteve mais concentrado em melodramas familiares. O drama continua lá, mas esta história de dois meninos amigos de escola e um episódio de bullying envolvendo um professor tem o melhor roteiro do ano (com três versões diferentes da mesma história) e as melhores atuações infantis. A premissa lembra um pouco a do belga "Close", que fez sucesso no ano passado, mas o desenvolvimento é bem superior. Ainda em cartaz nos cinemas; corre que dá tempo.
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