Musa da franquia 'Alien', Sigourney Weaver derruba etarismo em novo filme
Precisamos falar de Sigourney Weaver. O ano era 1979 e a Fox lançava nos cinemas uma mistura inusitada de terror e ficção científica que era uma aposta arriscada de bilheteria. "Alien", de Ridley Scott, superou todas as expectativas: custou só US$ 11 milhões, faturou US$ 184 milhões, entrou para as listas de melhores filmes de todos os tempos e inaugurou uma das melhores franquias da história do cinema.
Se hoje Hollywood investe em meninas de vinte e poucos anos como protagonistas de seus blockbusters, Sigourney já tinha 30 quando combateu seu primeiro alienígena no espaço. Sua tenente Ripley é a única que perdurou nos quatro filmes.
Começou ali uma carreira cheia de filmes pop que se tornaram cult ("Os Caça-Fantasmas", "Uma Secretária de Futuro", "Heróis Fora de Órbita") e poucos papéis realmente à sua altura —entre os poucos, "Nas Montanhas dos Gorilas", "A Morte e a Donzela" e "A Vila", de Shyamalan.
A verdade é que, depois do último "Alien", sua carreira entrou num certo ponto morto, com filmes sem repercussão. Foi reaparecer numa bela participação no primeiro "Avatar" (2009). Agora, prestes a completar 75 anos, ela dá um soco na cara do etarismo e ressurge com um belo personagem num filme pequeno, mas que merece sua atenção.
Em "Jardim dos Desejos", que estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas, ela é Norma Haverhill, dona de uma propriedade que cultiva com carinho as melhores flores da região. Seu jardineiro, Narvel (Joel Edgerton), é um homem hoje pacífico, mas dono de um passado misterioso e muito violento.
Eles já tiveram um caso no passado, mas Norma segue cultivando ciúmes de Narvel tanto quanto as orquídeas e begônias do jardim. Até que ela decide abrigar Maya, uma sobrinha-neta que anda envolvida com drogas e precisa de um rumo na vida. Ela pede a Narvel que assuma a moça como aprendiz.
O problema é que Narvel e Maya têm mais em comum do que parece à primeira vista, e isso começa a enfurecer Norma. Sigourney tem poucas cenas, mas cria um personagem marcante, sempre no limite da ironia.
O filme é dirigido por Paul Schrader, cineasta que vai ser para sempre lembrado como o roteirista do clássico "Taxi Driver" (1976), de Scorsese. Além de exímio roteirista, ele sempre dirigiu seus próprios projetos, e nos últimos 15 anos tornou-se um dos diretores "underground" mais interessantes do cinema americano.
"Jardim dos Desejos" completa a sua trilogia de homens atormentados, que começou com "Fé Corrompida" (2017), em que Ethan Hawke vive um padre atormentado pelas desgraças do mundo; e "O Contador de Cartas" (2021), em que Oscar Isaac é um jogador profissional às voltas com traumas de quando era soldado na Guerra do Iraque. "Fé Corrompida" e "O Contador de Cartas" estão disponíveis para aluguel no Prime Video (a R$ 6,90 e R$ 9,90, respectivamente).
No novo filme, Schrader trabalha sobre o mito do paraíso perdido de Adão e Eva. Haverá redenção para aqueles expulsos do Éden, ou é possível se regenerar e reconquistar a felicidade? Como todo bom cineasta, Schrader nos oferece mais perguntas que respostas. Talvez por isso, ao contrário de 95% do que vemos hoje, seus filmes fiquem um bom tempo martelando em nossa cabeça.
"Jardim dos Desejos", 2024
Estreia 30/5
Direção Paul Schrader
Elenco Joel Edgerton, Sigourney Weaver, Quintessa Swindell
Classificação 14 anos
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