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Este conteúdo é uma produção do UOL Content_Lab para HBO Max e não faz parte do conteúdo jornalístico do UOL. Publicado em Julho de 2022

Daniella Perez: a verdade

HBO Max estreia série documental que reconstitui, com detalhes inéditos, o crime que chocou o Brasil em 1992

oferecido por Selo Publieditorial

28 de dezembro de 1992. Por volta das 21h, a atriz e bailarina Daniella Perez, 22 anos, e Guilherme de Pádua, 23 anos, encerram mais um dia de gravação da novela De Corpo e Alma (Rede Globo). Após tirarem fotos ao lado de fãs, ele pega o carro e, com a esposa, Paula Thomaz, 19 anos, escondida no banco de trás, espera no acostamento de uma das vias de saída do estúdio. Ali, aguarda o automóvel de Daniella passar e a segue. Ao vê-la parar em um posto de gasolina para abastecer, posiciona seu veículo de forma a bloquear o dela. Quando sai para entender o que está havendo, Daniella leva um soco e desmaia. Guilherme e Paula a levam, então, para um terreno baldio na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio de Janeiro. E lá a matam com 18 perfurações no coração, pescoço e pulmão.

Prestes a completar 30 anos, o assassinato de Daniella segue tão chocante quanto se houvesse acontecido hoje. Apesar de abordado à exaustão pela mídia - e, talvez, justamente por isso - o caso ainda gera narrativas controversas. "As versões são muitas; a verdade é uma só", diz a autora e produtora Gloria Perez, mãe de Daniella, no trailer de Pacto Brutal: o assassinato de Daniella Perez.

Com direção de Tatiana Issa e Guto Barra (também responsável pelo roteiro), a série documental de cinco episódios que a HBO Max lança no próximo dia 21 reconstitui, com detalhes inéditos, as investigações e o julgamento deste homicídio duplamente qualificado - por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima.

Por quê?

Os nomes dos assassinos surgiram na investigação quando um advogado, estranhando ver os carros de Daniella e Guilherme parados em local ermo, anotou as placas e acionou a polícia. O corpo logo foi encontrado e, em pouco tempo, descobriu-se que o carro visto com o de Daniella pertencia a Guilherme (que chegou a adulterar uma letra da placa do automóvel, em claro sinal de premeditação).

No dia seguinte ao assassinato, Guilherme compareceu ao funeral de Daniella. Lá, consolou a mãe, o viúvo da vítima e demais amigos presentes. Àquela altura, Gloria já estava ciente de que ele tinha algo a ver com o assassinato de sua filha. Porém, precisou manter a calma para que ele não escapasse do flagrante e da consequente prisão.

Pouco após o velório, Guilherme foi levado à delegacia. Inicialmente, negou o crime. No entanto, diante das provas e do andamento do processo, acabou por confessar. Algum tempo depois, a polícia apurou o envolvimento de Paula e, no dia 31 de dezembro, foi decretada a prisão do casal.

O crime teve duas motivações: o medo que Guilherme sentia de estar perdendo espaço na trama por causa de Daniella e o ciúme de Paula pelas cenas românticas do marido com a atriz.

Apesar da pressão da mídia e dos familiares da vítima, o julgamento só ocorreu 5 anos depois, em 1997, com a condenação de Guilherme a 19 anos de prisão e de Paula a 18 anos e seis meses. Ambos saíram da cadeia mais cedo, em liberdade condicional, em 1999.

Em maio de 1993, Paula (que estava grávida de 4 meses na noite do assassinato) deu à luz seu filho com Guilherme. Pouco tempo depois, o casal se separou.

Após deixar a prisão, Paula se formou em Direito e se casou com um advogado. Já Guilherme se casou mais duas vezes e começou a trabalhar na igreja evangélica Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, sua cidade natal. Atualmente, ele é pastor no mesmo local. No final do ano passado, ao saber da produção do documentário, ele excluiu das redes sociais a conta que tinha com 40 mil seguidores.

Tatiana Issa declarou que PACTO BRUTAL: O ASSASSINATO DE DANIELLA PEREZ "é uma declaração de amor à Gloria Perez, uma mulher guerreira, uma mãe que nunca desistiu de lutar pela justiça da filha assassinada de forma tão brutal".

Graças à tamanha garra, Glória conseguiu, a partir da recolha, em 1994, de 1,3 milhão de assinaturas, incluir o homicídio qualificado na Lei dos Crimes Hediondos. Com isso, homicídios praticados por motivo torpe ou fútil ou cometidos com crueldade passaram a ser inafiançáveis e sem direito à progressão de regime para semiaberto (por bom comportamento, trabalho, etc). Porém, após 23 de fevereiro de 2006, foi devolvido o direito de progressão de regime a todos os condenados por crimes hediondos - pois o STF decidiu que a pena deve ser individualizada, não sendo possível aplicar a mesma intensidade de penalização para todos os crimes catalogados.

Em 2016, Gloria e Raul Gazolla, viúvo de Daniella, também ganharam um processo por danos morais contra Guilherme e Paula, sendo indenizados em cerca de R$ 480 mil. Além disso, o ex-casal foi obrigado a arcar com as despesas do sepultamento e funeral de Daniella, no valor de cinco salários mínimos, além das custas processuais e honorários dos advogados.

Depoimentos emocionantes

PACTO BRUTAL: O ASSASSINATO DE DANIELLA PEREZ reúne relatos inéditos de familiares e amigos próximos de Daniella, além de vídeos/imagens de arquivo pessoal. Fábio Assunção, Claudia Raia, Roberto Carlos, Maurício Mattar, Eri Jonhson e muitos outros relembram a artista, oferecendo suas perspectivas e memórias sobre a tragédia. Daniella surge na tela não como mais uma vítima, mas sim como mulher, atriz, filha, esposa. A produção também aborda pontos importantes, como culpabilização da vítima - destaque para a impactante fala de Marieta Severo sobre isso.

Vida abreviada

Daniella Ferrante Perez Gazolla nasceu em 11 de agosto de 1970, no Rio de Janeiro. Amante das artes, formou-se bailarina e atriz. Na TV, atuou em Kananga do Japão (1989), Barriga de Aluguel (1990), O Dono do Mundo (1991), De Corpo e Alma (1992). Em Kananga do Japão conheceu Raul Gazolla, com que se casou em 1990 - é dele um dos depoimentos mais emocionantes do documentário.

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